Capítulo 27

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Aviso de gatilhos: esse capítulo contém cenas de assassinato gráfico, sangue, uma cena que parece um pouco com tortura psicológica, mas eu não tenho muita certeza, e ataques de pânico.

No momento é isso que eu consigo me lembrar, mas se alguém vir mais, por favor me avise.

Enfim,

Boa leitura! :)

Capítulo 27 - Velhas desamadas!

Atualmente...

A parede no fundo do refeitório tem exatamente oito manchas que me são visíveis através da cabeça enrugada daquela velha sem noção que pensa que por ter nome de flor todo mundo deveria achar ela maravilhosa. As duas primeiras manchas foram claramente causadas por insetos, resquícios de sua morte lenta e muito dolorosa, com eles sendo arrastados pela parede até que estivesse completamente óbvio que eles morreram, outra três eram algo semelhante a comidas, parece que alguém finalmente tinha se revoltado e jogado aquela coisa que eles insistiam em chamar de mingau de aveia ali – não julgo, faria o mesmo –, as últimas três manchas eram muito parecidas com algum fluido que eu preferi não criar nada em minha mente, porque havia duas opções muito ruins que eu não queria realmente saber se era uma delas.

Essas manchas me fazem pensar quando foi a última vez que lavaram essa cozinha de forma decente, porque comer em um lugar tão sujo e desorganizado não é exatamente o que eu espero de um lugar que supostamente lida com pessoas vivas, mas eu não posso deixar de notá-las quando aquelas duas velhas desamadas estão rindo como duas matracas velhas irritantes e estridentes sem parar de falar sobre alguma coisa que suas vidas inúteis captamo na vida dos outros, porque suas próprias vidas já são tão ruins e sem sentido que já não se interessam mais por ela.

Desde o momento em que me sentei na cadeira tenho as encarado com desgosto explícito, sem ao menos tentar fingir que não. Eu realmente não me importo que elas vejam como eu detesto ouvir qualquer palavra ou som que saem de suas bocas, na verdade eu quero que elas vejam, talvez assim elas entendam que elas não deveriam falar nada e que se ficassem caladas estariam sendo muito mais úteis nessa vida.

Esfrego meu rosto, exasperada, quando escuto suas risadas escandalosas soarem mais uma vez. Não tenho certeza do que elas falaram, mas sei que era sobre mim, provavelmente meu cabelo bagunçado ou até mesmo como eu provavelmente pareço cansada demais para ao menos sobreviver. Essas velhas só sabem falar mal da aparência dos outros porque suas próprias não as agradam.

— Vocês não calam a boca nunca? — Perguntei numa boa altura, para que elas conseguissem escutar em alto e bom som, não sei se na idade delas seus ouvidos ainda funcionam.

Ambas as velhas gralhas me olharam duas vezes, parecendo tentar conferir se era realmente eu que estava falando com elas e quando perceberam que sim, era eu, as duas fizeram expressões semelhantes de exasperação.

A velha morena leva sua mão ao peito, em um drama característico de pessoas de sua idade.

— Como pode falar assim conosco? — Perguntou com sua voz de gralha desafinada.

Respirei fundo e pisquei lentamente, deixando um sorrisinho falsamente educado aparecer no meu rosto.

— Usando minhas cordas vocais, o que vocês duas tem em abundância, ainda mais para gente da sua idade — Falei com normalidade, pegando um pequeno pão de formato estranho, que parece mais um par de chifres.

Ambas arfam de indignação, chamando a atenção dos pacientes de outras mesas.

— Como ousa?

— Quem você pensa que é?

Alice E A Carta Do CoringaOnde histórias criam vida. Descubra agora