Capítulo 18

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Aviso: Nesse capítulo tem uma cena em que ocorre uma (tentativa de) representação de uma ataque de pânico. 

Boa Leitura! :)

Capítulo 18 - Lembranças!

2 anos atrás...

Encaro Sebastian com o cenho franzido, me questionando o porquê de sua pergunta. É algo completamente aleatório, mas não posso deixar de pensar sobre isso. Eu realmente conheço meus pais?

Bom, minha mãe eu tenho certeza que não. Ela está morta desde que me lembro por gente. O único resquício de sua existência que eu tenho é a cicatriz em meu pescoço. Eu não tenho nada dela. Não sei a cor de seus olhos, de seus cabelos, de sua pele. Não sei quão macias são suas mãos, não sei o quão doce é sua voz, não sei se ela cantava músicas ou lia histórias para mim. Eu não sei nada sobre ela.

Mas sobre meu pai eu sei tudo.

Pelo menos eu deveria.

O pai que eu acho eu conheço gosta de preto e verde, mas não gosta dessas cores juntas, porque elas não combinam nem um pouco, – preto combina com dourado e verde combina com vermelho – ele gosta de trabalhar e cuidar da sua família, ele bebe quando está feliz e abraça seus amigos em todas as suas conquistas. O pai que eu conheço gosta de animais de médio porte – galinhas em específico – e de desenhos mal feitos, com as cores saindo pela linha. O pai que eu conheço ama plantar flores coloridas – ele tem um jardim cheio de rosas e violetas – e me ajudar em uma coisa nada útil, mas completamente significativa. O pai que eu conheço me ama.

Talvez seja por isso que eu criei essa pequena versão de um pai para mim mesma em meus sonhos. Um homem imperioso, corajoso e com o maior coração do mundo, que ama cuidar de mim e me dar abraços.

Mas ele não é real.

É só uma criação feita por uma pequena Alice de seis anos que não podia ver a hora de ser vista pelo seu herói e, talvez, com sorte, ser salva pelo seu verdadeiro pai.

Pena que o verdadeiro pai está preso em um looping de sofrimento pela mulher que nunca mais poderia voltar para ele, não sendo capaz de se importar com a sua filha que tem salvação, mas está completamente perdida desde ... sempre, talvez. Perdida não somente para sua realidade, mas para a solidão em que tudo isso a trouxe, a solidão que sentiu ao não ter uma mãe presente e seu pai não se importar o suficiente com essa criança para cuidar dela. A filha desse homem esteve perdida desde o momento em que ele escolheu a esposa.

Então talvez a resposta fosse não.

Eu não conheço meus pais.

— O que meus pais tem haver com isso? — Perguntei, sentindo minha voz sumir em meio a tantos pensamentos que me prendem a mim mesma.

Sebastian, que parece ter desaparecido dentro de si mesmo, pisca algumas vezes, abrindo ainda mais seu sorriso, e finalmente focando em mim.

— Por que? — Perguntou em uma voz realmente confusa.

O olhei entediada, estando cansada de seus pequenos jogos.

— Por que eles são meus pais e você me perguntou deles? — Perguntei em um tom extremamente sarcástico.

Sebastian inclinou a cabeça, franzindo o cenho.

— Perguntei?

O olhei por uns instantes esperando que ele soltasse uma risada ou falasse que era brincadeira, mas não aconteceu, ele apenas ficou lá, me olhando com seu sorriso confuso no rosto. Me aproximei ainda mais dele, segurando seu rosto examinando cada detalhe de seu rosto, tentando ver se havia alguma pequena dica do que estava acontecendo. Encarei seus olhos, que já encaravam os meus com um brilho de admiração, fazendo-os valer mais de milhares de barras de ouro.

Alice E A Carta Do CoringaOnde histórias criam vida. Descubra agora