Capítulo 10

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Boa leitura! :)

Capítulo 10 - Seguindo não, observando de longe!

2 anos atrás...

Eu sempre temi abelhas. Aqueles pequenos insetos demoníacos que vagam pela vida com uma elegância admirável e completamente suspeita, não parecendo estar prestes a ser capaz de se matar apenas para que possa ter um pequeno momento de dor de um ser com um tamanho trinta vezes maior que o seu.

Lembro-me de uma vez, quando criança, em que eu estava brincando no jardim da minha casa, sozinha, como sempre, quando avistei essa estranha bola de cera, que na época eu não sabia ser uma colmeia de abelhas. Intrigada, pendurada em uma das árvores que cercavam o terreno. Como a criança estúpida e extremamente curiosa que sempre fui, decidi explorar. Que grande erro.

Subi na árvore, no galho onde estava a colmeia, e, com um galho menor, tentei cutucá-la, mas, obviamente, não era longo o suficiente. Com insistência, me inclinei sobre o galho e, quando finalmente consegui cutucar a colmeia, cai do galho, direto no chão, meu joelho e meus braços ficaram ralados, todo o meu corpo doía e eu já estava chorando baixinho de dor, com medo de chamar a atenção de meu pai, mas, quando nada parecia poder ficar pior uma enorme quantidade de abelhas saiu da colmeia e voaram em minha direção, começaram a me picar por toda parte.

A dor do meu corpo pareceu sumir nesse momento, pois logo me levantei e comecei a correr em direção a minha casa e gritar por meu pai, chorando e soluçando, já não me importando com fazer escândalo.

Quando meu pai me encontrou, ele logo veio em minha ajuda, me pegando no colo e me levando para o banho, na época eu realmente não percebi, mas com certeza ele estava se segurando com todas as forças para não soltar sua escandalosa gargalhada.

Abelhas são assustadoras normalmente, prestes a machucar qualquer um que demonstrasse ameaça. Mas elas são centenas de vezes mais assustadoras quando são do tamanho do meu rosto e em vez de um ferrão, uma cerra elétrica.

Eu estou começando a pensar que esse lugar foi estruturado especificamente para acabar com minha vida.

Eu tinha acabado de entrar em uma floresta que aparentava ser normal quando esses bichos apareceram e, por alguma razão, começaram a me perseguir. Em algum momento eu apenas peguei um galho de árvore caído no chão, e comecei a bater com ele no ar, tentando acertar essas feras assassinas.

As únicas coisas que eu escutava era o som das serras ligadas e dos meus gritos, que saem do meu pulmão. Até que, em algum momento, se tornou apenas meus gritos. As serras pararam de fazer barulho.

Quando voltei a abrir meus olhos, vi uma das abelhas caídas no chão com uma flecha em seu tronco, enquanto as outras pareciam ter ganhado uma distância considerável de mim.

— É isso aí — Gritei, soltando o galho — Corram mesmo seus monstros, ou eu vou destruir todas vocês.

Eu fiquei feliz por ter conseguido espantar aquelas abelhas, era a primeira vez em muito tempo que eu sentia que podia fazer algo sozinha, sem a ajuda de ninguém. Será que meu pai ficaria orgulhoso de mim? Provavelmente não, ele provavelmente estaria muito bêbado para entender o que eu fiz, ou onde estive.

Olhando ao redor, com medo de que algum outro bicho aparecesse com a intenção de me matar, continuei andando lentamente na direção em que achava ser a certa, antes de parar, sentindo algo estranho. Olhei para o topo de uma árvore, não sei o porquê, mas eu sentia que tinha algo ali, me chamando.

Pensei em me aproximar da árvore, mas eu tinha quase certeza que aquilo não passava de uma alucinação minha e que na verdade eu acabaria morta, então, lentamente, me virei e continuei a andar, esperando estar indo para o lugar certo.

Alice E A Carta Do CoringaOnde histórias criam vida. Descubra agora