Capítulo 3

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Eu achei esse capítulo um pouco pequeno, mas eu gosto bastante do que tem nele.

Espero que vocês gostem também!

Boa leitura!

Capítulo 3 - Gato?

Atualmente...

Aquele homem está me observando.

Eu sinto isso, a cada momento em que olho para ele, pego seus olhos cravados em mim, como se planejasse minha morte de forma lenta e dolorosa. Houve um momento em que realmente suspeitei que colocaria o plano em prática, quando esbarrei com ele em uma noite de cansaço em que decidi dar uma volta pelo hospital, ele olhou para mim com a mesma intensidade assustadora de sempre, parecendo prestes a me matar e jogar meu corpo na primeira vala disponível, mas, diferente do que pensei, o homem apenas me disse para voltar ao meu quarto para que não tivesse problemas com Queenie.

Havia se passado uma semana desde sua chegada e eu não descobri mais nada sobre ele. O que é bem frustrante, considerando que esse cara vive me olhando de forma estranha. Esse homem está em todas as refeições no refeitório com os pacientes, o que é estranho para um enfermeiro, afinal nenhum deles jamais fica conosco nessas horas.

Eu tenho que descobrir quem ele é, e o porquê de estar sempre me vigiando. Preciso entender como ele consegue chamar minha atenção ao mesmo tempo que minha mente grita para fugir, correr para o lugar mais distante dele.

~♤♡◇♧~

Nesse exato momento estou em meu quarto fazendo um exame de rotina, que ocorre toda semana, pouco depois de acordar. Quem estava me examinando era a médica de sempre, a mulher de cabelo castanho muito bonito, que eu sempre ficava tentada a mexer, mas ela era alguém muito vaidosa, e não gostava que tocassem nele.

— Então, como está sendo sua semana? — Me perguntou, prendendo seus olhos assustadoramente azuis em mim, me olhando de forma carinhosa.

— Normal — Eu menti, estava bem estranha, eu não estava gostando nada da forma que aquele homem olhava para mim, mas eu não diria isso para ela, eu nem sei seu nome.

— Normal, bom ou normal ruim? — Ela sempre fazia isso, parecia tentar entender o que se passava em minha cabeça, acho que para conseguir ter uma relação melhor comigo.

Isso não vai acontecer, mesmo sentindo que ela não me fará nenhum mal, uma voz insistente em minha cabeça repetia várias e várias vezes "não confie em ninguém". E eu não confiaria em ninguém que não fosse eu mesma.

— Normal normal, como sempre — Isso não era completamente mentira, afinal sempre estava normal.

A mulher me olhou intensamente por um momento, antes de pegar seu estetoscópio e escutar meus batimentos. Enquanto fazia seu trabalho, tentava puxar vários assuntos comigo, me fazendo várias perguntas e ganhando respostas de palavras únicas. 

Será que essa mulher não percebeu que eu não queria falar?

Com o tempo eu acho que ela percebeu que eu não queria conversar, então simplesmente me contou sobre como estava sendo seu dia. 

Não havia acontecido muita coisa, pois geralmente acordamos às sete e os enfermeiros às cinco, mas que logo cedo tiveram uma reunião, onde disseram que um novo paciente chegaria em algum tempo e esse exame seria utilizado para checar qual outro paciente tinha uma condição minimamente apropriada para tê-lo como colega de quarto.

Eu não conheço a pessoa, mas eu certamente não vou conseguir dormir em um mesmo quarto com outro alguém, então espero, com todas as minhas forças, que eu não seja apropriada para isso.

Alice E A Carta Do CoringaOnde histórias criam vida. Descubra agora