Capítulo 4

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Boa Leitura! :)

Capítulo 4 - Estranho!

Dois anos antes...

As árvores eram muito altas e muito cintilantes, coloriam o chão em vários tons de diferentes cores, suas flores pareciam desabrochar ao meu olhar, o pólen saindo por entre as pétalas. O sol reluzia as folhas que pareciam estar cheias de glitter de tão brilhantes que eram.

Eu observei como as espécies ali eram diferentes, havia borboletas de asas que imitavam fatias de pão, que acabou sendo engolida por uma das belas flores de uma árvore de folhas roxas, havia um peixe caminhando em direção ao lago, usando terno e segurando uma pasta, parecendo pronto para ir ao trabalho em um escritório super chique, vi um pato com bico de buzina passar por um arbusto, que saiu correndo quando o pato buzinou. 

Haviam tantas coisas ali que não faziam sentido que citar todas demoraria uma vida inteira, a minha única certeza sobre aquilo era que eu estava apavorada. O que é esse lugar?

Sentindo minha garganta se fechar pronta para voltar a chorar, dei alguns pequenos passos para trás, antes de sentir a mão de Dholovir em minhas costas, me impedindo de sair correndo. Olhei para o homem e notei um sorriso extremamente brilhante direcionado para mim enquanto seus olhos castanhos avermelhados me encaravam com carinho e confiança, acreditando que eu iria fazer aquilo.

Olhei para o caminho à nossa frente, segurando ao máximo para não chorar, percebendo duas pessoas paradas ali, no fim da escada. Pareciam dois gêmeos rechonchudos e carecas como uma bola de boliche. Eu não poderia supor suas alturas, pelo simples fato de estarem bem longe, mas ainda assim pareciam um pouco pequenos para o meu gosto.

— O que é aqui? — Perguntei em um sussurro, apenas para Dholovir me escutar, enquanto caminhávamos em direção aos gêmeos que pareciam conversar entre si.

— Aqui é o país das maravilhas — Falou, me oferecendo aquele sorriso reconfortante e calmo — O lugar onde nada é impossível.

Eu acho que percebi essa parte.

Descemos as escadas lentamente, e logo eu pude ouvir a conversa que acontecia entre os gêmeos lá embaixo.

— A gente não vai voltar — Disse o da esquerda.

— Mas e se ela estiver precisando da gente? — O outro retrucou, franzindo seu semblante.

— Ela vai encontrar um jeito de conseguir sobreviver — Ele não parecia disposto a ceder.

— Mas–

— Não. — Interrompeu seu irmão rudemente — Não vamos voltar, e fim de assunto. O Dhov já está chegando.

Como se nada tivesse acontecido, ambos os garotos arrumaram suas posturas parecendo prestes a cumprimentar alguém de cargo maior, que os comandasse.

Minhas mãos estavam nervosas e eu podia jurar que a qualquer momento minha respiração ia parar e eu não conseguiria sobreviver mais nem um minuto. Eu estava com um medo extremo, havia acabado de ser sequestrada, caí em um poço estranho, conversei com uma porta suspeita a abuso sexual e agora estava vendo bichos serem comidos por flores.

Eu quero meu pai.

Dholovir pareceu perceber minha situação, considerando que o homem lentamente acariciou minhas costas e se aproximou de meu ouvido para deixar umas palavras de conforto.

— Você não precisa ficar com medo deles, são apenas crianças.

O ar saído de sua boca bateu em meus ouvidos, fazendo os pelinhos do meu pescoço ficarem arrepiados. Olhei para seus olhos, que brilhavam de forma encorajadora para mim. Desviei meu olhar, sentindo as lágrimas começarem a nascer em meus olhos, eu não confio muito no que ele diz.

Alice E A Carta Do CoringaOnde histórias criam vida. Descubra agora