Capítulo III - Problemas

150 16 10
                                    











•••





Campo aberto. Sol rachando.





Inocêncio e eu sentados, cada um em uma espreguiçadeira, em frente a piscina, no fundo da casa. Da nossa casa. Nossa, mais uma vez.
Com uma visão perfeita bem lá no fundo das nossas plantações de café.
Era domingo e tecnicamente o nosso dia de folga.
Senti a mão de Inocêncio pegar na minha e entrelaçar seus dedos nos meus. Suspirei com a sensação.
Uma sensação gostosa cheia de amor e de saudade.






Com os olhos fechados, um sorriso se formava em meus lábios assim que fui sentindo o calor da presença de Inocêncio chegar bem pertinho de mim.





— Acorda... — Fiquei quietinha adorando a súplica daquele homem.





— Mãe, acorda!!!!





Mãe?





Quando abri os olhos, no susto, era João, não seu pai, quem estava na minha frente, de joelhos no chão com o corpo debruçado na cama.





— Mainha, acorde, porque estava sorrindo?





— Meu filho!!! — Sentei na cama, rindo de nervoso, puxando João para mim, agarrando-o num abraço apertado e gostoso. — Meu amor, que susto! Ai, que saudade que eu tava de você, meu bichinho lindo. — Beijei todo o rosto do meu filho.




João sorriu também e me deu um beijo no rosto.
Ele estava diferente desde a última vez que o vi. Com mais cara de homem, mais parecido com o pai.
Isso me apertou o peito.
Parecia que eu estava vendo o Inocêncio de 27 anos atrás bem diante de mim.
Acariciei seu rosto e lhe dei o meu melhor sorriso, cheio de ternura.





— Eu fui no seu quarto mais cedo mas não quis te acordar. — bocejei. — Aliás, que horas são? — disse, me ajeitando na cama e juntando a minha cria nos meus braços.





— Quase 10h. Vim te buscar pra tomarmos café todos juntos.





— Todos juntos quem? — expressei olhando fixamente para o teto, assustada.





— Eu, você, Inácia, Ritinha e Painho.





Estanhei ser tão tarde e ninguém ter tomado café da manhã ainda.  João entendeu e prosseguiu.





— Painho deu ordens pro café ser servido só quando a senhora acordasse, mas a bela adormecida não acordava nunca, aí eu falei pra Inácia preparar tudo que eu vinha aqui lhe buscar. — deu uma pausa. — A senhora tava sonhando com o quê? — abriu um sorriso gasto. — Tava sonhando com o velho?





— Olha o respeito, João. — Fiz um esforço danado para não rir e dar bandeira. Com uma verdadeira postura de mulher séria, desconversei o mais rápido que pude. — Bom, então vamos descer logo, não é? Não quero ser culpada por ninguém morrer de fome. Inocêncio é um exagerado. — meu filho concordou.





Quando entramos na sala de jantar, Inocêncio me avistou e prontamente se levantou indo para o lado da mesa puxando uma cadeira para que eu me sentasse.





Nervosismo era tudo o que eu sabia sentir e um obrigada foi a única coisa que saiu de minha boca.





Inocêncio sentado na ponta da mesa, eu na lateral no lugar que era meu, João na minha frente, e Inácia ao meu lado.
Uma moça linda saiu da cozinha com uma travessa de bolo de milho na mão, o meu preferido.





TEMPO REIOnde histórias criam vida. Descubra agora