Capítulo XI - Perda

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Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde
É que um dia em teu corpo, de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.





•••





Na manhã seguinte à noite magistral que tive com Inocêncio, acordei muito cedo, primeiro que ele, para me preparar para o dia que teríamos. Algo me dizia que os problemas só iriam aumentar.





Saí do banheiro de roupão e com uma toalha amarrada na cabeça. Me deparei com Inocêncio sentado na poltrona com o livro de sonetos de Vinicius de Moraes na mão.





— Você é tão previsível. — parei na frente dele.





— Bom dia. — com um sorriso genuíno estampado na cara, me puxou pro colo dele, beijando minha boca, meu queixo, meu rosto, meu pescoço, deixando a toalha do cabelo cair.





Correspondi a todo o fascínio, refém.





— Escuta. — recitou, segurando o livro com uma mão e me segurando com a outra, com o óculos torto na cara. Indecente. — Amo-te como um bicho, simplesmente. — fechou o livro.





Sorri de verdade, inclinando a cabeça para trás. — Só isso?





— Oxente, não tá bom não? — sorriu também, segurando firme a minha perna.





— Não. — fiz cara de debochada.





Inocêncio se levantou comigo no colo e me carregou até a cama.
Me apoiei com os cotovelos me movendo até o centro dela, dobrando as pernas em seguida.
Ele veio e se atrelou ali.





— Inocêncio, a gente vai se atrasar. — totalmente errante.





— Você provoca e depois não aguenta? — tirou o óculos e jogou de lado na cama.





Segurei nos braços dele e não disse uma palavra.





— Ainda sem roupa por baixo desse pano todo? — beijando meu pescoço, mordendo meu ombro.




— Descubra.





E aí não precisamos dizer mais nada.







Alguns minutos depois a cama estava impecável.
Tudo arrumado, dobrado, guardado.
Enquanto Inocêncio estava no banho, me arrumei e deixei um bilhete guardado na gaveta dele.





— Mainha!!!!! — João berrou do lado de fora.
Inocêncio estava saindo do banheiro.





— Você dormiu no chão. Entendeu? — cochichei para o pai dele.





— Aurora, João não é criança. — fui até ele.





— Entendeu? — o segurei pelo queixo e dei um beijinho nele. E ele balançou a cabeça. — Isso.
Deixei uma coisinha pra você na gaveta.





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