Capítulo XIX - Templo

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Aliviada.





Foi assim que eu me senti depois de ter contado a Inocêncio, mesmo que de forma despropositada, que estava esperando um filho dele.





Mas existe algo a mais. Já passei por isso antes.





Quando descobrimos que tem uma vida se formando dentro de nós, sentimos algo mágico. Não nego que dessa vez senti medo. Pela idade, por Inocêncio, pelo intervalo de tempo de João e... dele? E principalmente por mim. Mas a alegria de saber que seria mãe novamente me encheu o coração. Imagina você ter um bebezinho nos seus braços, começando tudo de novo, depois de 18 anos? O medo por mim era esse... o de dar conta. O da idade é que realmente uma gravidez aos 45 anos corria uma série de riscos.





Mas quais são as chances?





Para mim, todas. E boas.





A vida estava dando para mim e para Inocêncio literalmente uma vida nova. É como se a chegada de um filho preenchesse o nosso espaço-tempo. Era "O" acontecimento das nossas vidas. Minha e dele.





E depois de sentir esse alívio, agora eu estava mesmo era preocupada. Com Inocêncio.





— Zé — eu olhava para ele rodeada por seus braços como uma contenção, uma proteção, uma fortaleza, cercada, ansiosa por uma resposta, sem ao menos eu ter feito uma pergunta. — Fala alguma coisa. — Peguei no rosto dele e ele estava gelado. — Inocêncio, me ajude. Está passando mal? — dei alguns passos para trás com ele preso à mim até chegarmos na beira da cama.





— Você... — me sentei devagar e o puxei para sentar ao meu lado, com os olhos sutilmente lacrimados, nós dois. Inocêncio olhou para minha barriga e depois para mim.





— Estou. Eu estou. — afirmando com a boca e com a cabeça.





— De verdade? — e eu sorri.





— Sim, meu amor. De verdade. — passei a mão no nariz.





Inocêncio segurou em meus braços e não desgrudava os olhos de mim.





— No que tá pensando, Inocêncio? — segurei em seus braços também, olhando seus olhos, quase a alma.





— É meu? — Som rarefeito.





Ele fechou os olhos e sacudiu a cabeça como quem quer apagar uma coisa e refazê-la.




— Por favor, diga que é meu. — abriu os olhos, e sorriu encabulado.





Nesse momento a minha mente foi de cima a baixo e de uma ponta a outra numa velocidade descomedida. E no estado em que eu estava, foi triplicamente mais intenso, me deixando tonta.





— Aurora... — apertei os braços de Inocêncio com força, perdendo o equilíbrio mesmo sentada.





— Estou enjoada. — Inocêncio me deitou na cama. — Água, me dê água. — levantei um pouco para me recostar na cabeceira, colocando alguns travesseiros nas minhas costas.





Inocêncio pegou um copo d'água e me deu de beber. Bebi tudo. Devagar.





— Inocêncio... — estendi a mão para ele.





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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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