Capítulo VIII - Loucura, Besteira

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"Eu não vou sair."





Foi isso o que Inocêncio disse quando pedi educadamente para que ele saísse do quarto para eu falar com o Hugo.
Achei exagerado, mas não contrariei.





O que ele estava pensando? Porque ciumento ele nunca foi.





Mas também nunca teve motivos.





Até agora.





— Se ele é seu advogado então é alguma coisa da empresa, e eu quero saber o que é. — irredutível.





— E eu que sou a difícil. — Liguei para o Hugo na discagem rápida do celular, e Inocêncio não tirava os olhos de mim.





"Oi" - e sorri.

"Não, não saí à noite, estava em casa, estou em casa, só não ouvi o telefone tocar." - olhei para a tela do telefone para ver se estava no silencioso. - "Acertou, na mosca."

"Verdade, me desculpe. Fiquei ocupada desde que cheguei." - menti. -"Sim, muitos problemas." - olhei para o meu ex marido com os olhos cerrados e ele continuava com a mesma expressão. Sério e com cara de poucos amigos.

"Hugo, me dá um minuto?" - esperei pela resposta. - "Não, tá tudo bem sim, obrigada".





Afastei o celular de perto de minha boca e abafei o alto falante com a mão.





— Inocêncio, você pode sair agora? Não é nada sobre a empresa. Por favor.





— Me desculpe a indiscrição. — Se levantou da poltrona que estava sentado olhando para mim diferente de como olhou antes, debandado.





— Obrigada. — Esperei ele fechar a porta para voltar a falar com o Hugo.






Nos minutos seguintes foram conversas corriqueiras entre dois amigos.
Conversei com ele até pegar no sono.
Na manhã seguinte, desci para tomar café da manhã e todos já estavam à mesa.
E dessa vez, ninguém se levantou para ser cortês.




— Bom dia! — me dirigi a todos ali. E todos responderam.




— Bom dia minha mãe. Olhe, a senhora é sempre linda, é claro, mas hoje tem alguma coisa... Parece até que acabou de sair de um spa. Tá toda relaxada, dormiu nas nuvens? — cantou João, comigo já sentada.





— Desse jeito eu vou ficar metida. — pisquei para o meu menino. — Mas eu dormi bem sim. Descansei. O corpo e a mente.





— Que bom, porque temos muitas coisas para resolver hoje. — Inocêncio falou pela primeira vez no dia, comigo, mas não me olhou.





— Sim senhor. — tomei um gole do meu café quente, enquanto Ritinha me servia alguns pedaços de frutas.





— Obrigada Ritinha. Ah, eu preciso que prepare um quarto de hóspedes para mim, por favor.





— E pra quem? — Inocêncio me encarou, falando diretamente comigo agora,  colocando as duas mãos sobre a mesa.






— Como eu estava dizendo, se você não se importar, é claro... Mas você disse que a casa era minha e que eu tinha total liberdade... — me voltei para Ritinha novamente. — O Hugo, meu advogado, precisa me trazer uns documentos do Espírito Santo. Achei indelicado deixá-lo em um hotel com uma casa desse tamanho.





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