Capítulo XIV - Dona

112 8 28
                                    









•••





Praticamente  um dia inteiro e mais algumas horas sem ver ou falar com Inocêncio.






Eu não deveria me sentir estranha com a distância, levando em conta o fato dos anos que passamos separados. Ter passado o dia anterior e aquela noite pensando em tudo o que nos ocorreu, me fez mudar de opinião em muita coisa.






Na manhã daquele dia eu o vi, muito rapidamente, saindo de casa quando eu estava descendo.
Lindo. Muito lindo.
Devo até ter sorrido, muito convencida. Mas sem que ele visse.





Eis aqui o motivo do meu convencimento.
Na noite anterior, depois que Inácia saiu de meu quarto, ouvi vozes de reclamação de Inocêncio.
Abri a porta devagar sem fazer barulho e ouvi o som de uns tapas vindo do quarto em que ele estava. A curiosidade me agarrou de verdade. Não resisti e ouvi parte da conversa atrás da porta.





A casa é minha, tenho licença poética para a minha arte.





Ouvi o que Inácia falou e o que ele falou. Mas o que ganhou um lugar no meu coração foi o que ele disse...

" ...O que sinto pela Aurora não mudou, desde a primeira vez em que a vi. Na verdade só aumentou, depois de João. E apesar de tudo o que aconteceu depois, eu não tenho nada melhor do que meu filho e ela aqui de novo, mesmo depois disso, os dois juntos, perto de mim, não tem como isso aumentar. Eu me sinto até completo, como se nada me faltasse..."





O dia ontem foi cansativo, mas pusemos um fim em tudo. E depois de ouvir o que ouvi, eu descansei.
Pensar em perdoar Inocêncio me pareceu fácil. E certo. Como a mulher adulta que sou, casada com o mesmo homem há anos, e com um filho dele, não teria outra primazia.
Ele não teve culpa de nada, nem depois.
Errou sim, mas é passivo de desculpas. Quem sabe no lugar dele eu teria feito a mesma coisa. Nunca vamos saber. O que eu sei é que esse homem merece tudo o que eu puder oferecer a ele. E a primeira coisa, é a família de volta.





Eu só tinha que cumprir meus compromissos do dia com o Hugo e deixar claro para ele que o nosso envolvimento tinha acabado. E já tinha acabado há meses, mas eu ainda percebia algum sentimento vindo de lá. Eu também não queria brincar com ele. Me ajudou muito. Mas gosto de deixar as coisas claras.





Almoçamos fora e passamos a tarde fazendo compras, para ele. No jantar, conversamos. Falei tudo, fui sincera. Não falei do meu envolvimento com Inocêncio, mas que queria sim retomar meu casamento.





Ele entendeu. Ficou abismado com toda a história e disse que o desentendimento tinha acabado com tudo, mas que com o tempo tudo voltaria para o lugar, e que me apoiava sim em qualquer decisão que eu tomasse. Que no caso, já tomei.
Ele não deu pulos de alegria, mas eu acredito que tenha ficado feliz por mim.





Quando chegamos em casa, desci do carro e entrei. Não vi movimentação de ninguém, só Hugo que me chamou de volta.
Tinha esquecido meu sobretudo no banco do carro. E quando ia voltar para dentro, Hugo me segurou.





— Aurora, eu vou embora amanhã, e muito cedo. É melhor. — eu assenti, afagando o braço de Hugo, erroneamente.





Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 14 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

TEMPO REIOnde histórias criam vida. Descubra agora