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Se você me pedir pra ficar pra sempre com você.

Segunda-feira | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

Acordei com meu corpo pedindo arrego, todo dolorido, minha intimidade pulsava e eu tava faltando chorar. Fiquei uns dez minutos controlando a respiração e tentando aliviar a dor, quando percebi que passou, levantei da cama devagar sem acordar o donzelo do meu lado, e a roupa que eu tinha colocado pra ir embora, eu vesti novamente.

Amarrei meu cabelo de qualquer jeito e fui para o banheiro, lavei o rosto e taquei pasta de dente na boca. Quando eu estava saindo, ouvi meu celular tocando e corri pegar, tentei atender antes que o Renato acorda-se, mas foi tarde, ele acordou no susto e me encarou com aquela cara de cu dele.

— Duda? — estranhei. Faz tempo que eu tinha falado com ela, e até mesmo visto, depois que o pai foi solto, a menina sumiu do mapa.

— Tá podendo falar, Ary? — a voz calma e delicada, sem gírias ou algum tom de desaforo, completamente mudada.

— Tô sim. — me sentei na cama de costas para o Rw. Senti suas mãos rodarem minha cintura e eu sorri de lado se arrepiando com o toque dele.

— Eu queria muito a sua ajuda, tô atrás de emprego, mas por conta daqueles carai que eu fazia, ninguém quer me aceitar. — prendi o riso pela forma como ela falou. — talvez se você fosse comigo, eu tinha chances.

— Tudo bem. Tô atrás de um pra mim também, mais tarde a gente dá umas voltas, beleza? — os beijos molhados dele na minha pele, fez eu me contorcer e respirar fundo.

— Certo, obrigada.

Desliguei em seguida e me virei enchendo ele de selinho. — Bom dia.

— Bom dia minha gata! — ele me cheirou e se levantou. — escovar os dentes e a gente desce pra rua tomar um café.

— Fica pra próxima. — me levantei e ele me olhou. — Tô com a mesma roupa de ontem, fedendo a bebida e a sexo, sem escovar os dentes e com o cabelo no maior nó, vai rolar não. — dei risada, minha situação estava precária. Ele me olhou de forma estranha, como se estivesse me lendo de certa forma. — o que? — ri sem graça.

— Você é a mulher mais linda desse mundo, Arielly.

Foi ali, naquele exato momento, que eu percebi o quão fudida eu estava, o quão entregue meu coração estava a ele, o quanto apaixonada eu já estava pelo cara que eu odiava.

Eu sentia meu coração acelerado, uma felicidade dominar meu corpo por completo.

— Você me faz muito bem. — fui sincera me aproximando dele. — você me entende de todas as formas possíveis, obrigada por tanto. — Renato beijou minha testa fazendo um carinho no meu cabelo. — agora eu tenho que ir. — choraminguei e ele sorriu, deixei um selinho nos seus lábios e sai do quarto dele.

Se arrependimento matasse, eu já estava á sete palmos do chão.

— Eduarda, você não gosta de nada cara. — parei de andar. — já rodamos esse morro todo.

— So mais um pouco, Ary! Meu pai tá me cobrando demais desde que ele voltou, não tô aguentando mais. — ela suspirou. — ele descobriu as minha vivências, peguei um castigo fudido e ainda apanhei, com dezessete anos nas costas.

— Pra você aprender a virar gente. — falei na lata e ela me olhou indignada. — nem me olha assim, eu não menti.

— Tá, vamos lá na rua de baixo, tem duas lojas. — concordei quase desconcordando.

O sol tava quente, e eu tava pra desidratar. Entramos na rua, e foi a gente passar de frente a uma casa com umas mulheres no portão e as piadas com o meu nome começar.

— Me fala que eu tô escutando coisa, Eduarda, se não eu vou até elas e arranco a língua de cada uma. — falei baixo travando minha mandíbula.

"Nova putinha, segundo macho bandido que arruma"

— Depois eu que tenho que virar gente né? — ela segurou o riso e eu olhei feio pra ela. — ignora, vem. — mudamos o lado da calçada, mas ao ouvir a seguinte frase, eu paralisei na hora.

"E a mãe? Sendo marmita de dono de morro, coisa feia, uma velha ja"

Virei meu corpo todo pra trás, e na hora senti a mão da minha prima no meu ombro. — Elas são cinco cavalonas, e somos duas magricela que só de triscar quebra, bora se fingir de surda.

Ignorei e caminhei até elas. — Boa tarde, gatas. — abri meu maior sorriso, e encarei o rosto de uma em específico. Bianca. — estão com algum problema comigo?

— Nenhum amor. — Uma loira disse.

— Tem certeza? — me aproximei.

— Qual foi, Arielly. Tá se achando a tal porque agora é enteada de bandido? Posso nem falar fiel de outro, porque Rw não assume ninguém. Já já fica pra escanteio. — A Bianca abriu o maior bocão e as outras caíram na risada.

— Meu Deus, Bianca! Tudo isso por conta de uma piroca que qualquer uma senta na hora que quer?

Se o Renato sonhar que eu to falando isso do pau lindo dele, ele me mata.

— Se valoriza mulher, para de querer ficar jogando indireta pra outras por conta de homem. Você quer ele? Vai atrás. — falei séria. Ela ia abrir a boca, mas ficou calada e eu não entendi a cara de medo delas, só entendi quando senti a presença de alguém do meu lado e vi o Carlão. Filho da puta.

— Entra pra dentro de casa, e para de querer caçar confusão na rua! — ele mandou sério e as cinco fizeram exatamente o que ele disse. Olhei pra trás e vi a Eduarda me encarando seria, e lembrei o quão vacilona eu sou, sempre soube que ela era apaixonada no Renato, e nunca fiz questão de priorizar ela.

— Vou indo. — nem pude falar nada, ela me deu as costas e saiu da rua. Mordi o lábio inferior e olhei o Carlão.

— Não precisa me xingar. — ele levantou as mãos em redenção. — não sou teu inimigo e só vim aqui porque a minha casa é aquela. — ele apontou com o dedo e vi que era realmente do lado. — cuidado com essas meninas Arielly, gente invejosa se submete a qualquer coisa.

— Obrigada. — agradeci simples, não adiantava eu tratar ele com ignorância, quando na verdade ele nunca me fez nada, e quem me escondeu ele, foi a minha própria mãe.

— Vem, eu te levo, sua casa tá longe. — ele pediu e eu recusei.

— Não precisa, tenho que passar em um lugar antes. — menti. — Tchau, Carlão.

×××

M.

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