017.

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Mentiras geram mentiras.

Sábado | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

— É muito bom ver você aqui, Ary. — minha ex sogra me abraça fortemente assim que entro na casa dela. — quando o Pedro me falou que vocês terminaram, me partiu o coração! — sorrio me separando dela.

— Eu senti falta da senhora. — sou sincera. Dona Rita era uma mulher incrível e maravilhosa, não merecia ter o filho que tem. — o Pedro está?

Rw só me deixou uma mensagem hoje cedo, dizendo que era pra mim se aproximar, e qualquer mensagem ou ligação que ele recebe-se que eu ficasse de olho, e que tentasse ao máximo ficar numa boa com o Pedro pra ele não sentir desconfiança da minha parte.

— Ele tá lá em cima, você é de casa, sobe. — concordo meio sem graça por estar aqui contra todos os meus princípios, fazendo coisas que eu jurei á mim mesma, que não faria.

Subo ás escadas respirando fundo e entrando no primeiro quarto do corredor, vendo ele deitado na cama mexendo no celular e com um cigarro na boca, que assim que me vê, faz questão de jogar pela janela e se levantar.

— Porra, achei que não vinha. — me escoro no batente da porta, cruzando os braços e vendo que ainda tinha fotos nossas na parede e umas no espelho. — não tive coragem de jogar fora, tá ligada que sinto falta de tu.

— E por que me traiu? — Encaro no olho dele, fazendo a pergunta que eu me fazia todos os dias quando lembrava de cada humilhação que ele me faz passar.

— Cachaça. — ele coça a nuca e é nesse momento que me dá a maior vontade de virar as costas e ir embora. — Senta, po. — aponta pra cadeira e eu nego, não movendo um músculo de onde eu tava. — é o tempo que pego tuas coisas.

Suspiro contraída e olho pra cama vendo o celular dele com a tela pra cima, engulo seco me sentando na beirada da cama vendo ele entrar no closet do quarto. Pego o celular desbloqueando com a senha mais fácil do mundo e vejo uma notificação.

"Rw e Teco foi se encontrar com os donos da rocinha, Ph. Fudeu"

Não consegui decorar o número, já que era um contato novo, então só bloqueei o celular colocando em cima da cama novamente vendo ele voltar com umas coisas em mãos.

— Tá bem? Tá parecendo nervosa. — quando percebo, meus pés estão batendo impacientes no piso do quarto  e minhas mãos estão suadas.

— Tudo. — respiro fundo me levantando e, foi só eu levantar e o celular dele tocar, olhei rapidamente para a tela e consegui reconhecer o mesmo número da pessoa que havia enviado uma mensagem pra ele. Por sorte, consigo decorar os quatros últimos dígitos, 4892.

Ph soltou um pigarro, me atraindo pra ele e só aí percebi que fiquei tempo de mais olhando para o celular.

— Não vai atender? — alfineto para disfarçar e ele sorri de lado colocando as coisas na cama, pegando o celular e bloqueando.

— Número desconhecido. — mente colocando o celular no bolso. — tuas coisas aí é essa, vou pegar uma sacola pra tu.

Ele sai do quarto e eu solto a respiração que eu nem sabia que tava segurando, peguei uma caneta em cima da cômoda e anotei o final do número, para não esquecer e ver se servia de alguma coisa para o Renato.

Não demorou muito e ele voltou, colocando as coisas em uma sacola e me entregando.

— Obrigada, Pedro. — olho pra ele que tinha o semblante serio. — Tô indo. — me viro pra sair e sinto sua mão segurar meu braço, fazendo minha pele se arrepiar e meu coração querer sair do peito. — me solta.

— Se eu descobrir, que tu tá na maldade comigo, Arielly. Vai moiar pra tu, tô te avisando. — ele me solta e eu engulo seco, saindo dali quase voando.

Passo pela porta agradecendo por não encontrar a mãe dele, ando até a minha casa rezando para esse número e essa mensagem servir de alguma coisa pra mim não ter que fazer mais caralho nenhum pra aquele imbecil.

Assim que abro a porta de casa, vejo a Tia Carla, Dona Cláudia, mãe da Maju e a Dona Fernanda, mãe da Karine. Todas reunidas na sala, provavelmente conversando sobre o aniversário do Guilherme.

— Ja que os baile de sexta foram cancelados, fazemos na sexta mesmo e não no sábado. — Fernanda fala e eu fico confusa.

— Por que cancelou? — chamo a atenção delas e percebo que nem comprimentei ninguém.

— Deixou tua educação lá na rua foi? — minha mãe diz brava e eu sorrio de lado, indo até elas e pedindo bênção pra cada uma das três. — Pronto.

— Respondemdo sua pergunta, Ary. — Fernanda me olha. — Teco colocou no grupo da comunidade hoje cedo, que cancelou os bailes de sexta. — concordo ficando surpresa. — Karine ficou toda brava.

— Mas é até bom, único jeito de segurar esses jovens dentro de casa. — Tia Carla fala e eu dou as costas indo para o meu quarto ainda ouvindo elas conversarem.

Abri a sacola com cuidado, vai lá saber, se aquele doido não colocou uma bomba aqui dentro pra me matar.

Tirei meu moletom, dois croppeds e uma calça leggin de dentro da sacola, vendo mais duas calcinhas minha, me fazendo fazer cara de nojo.

Deixei tudo no canto e peguei meu celular, respondendo algumas mensagens das meninas e escrevendo uma para o Renato.

"Cheguei da casa dele agora, se estiver com tempo, explico o que achei estranho. " Almeidaarielly

Mando e em menos de um minuto, ele já estava digitando de volta.

"Faz assim, de noite vou aí." Cardosorj_

Arregalo os olhos totalmente surpresa, não queria que ele vinse, porque a minha mãe veria ele e já acharia coisa errada. Sem contar, que ele mandou revirar a minha casa, o quão hipócrita eu seria?!

"Não. A gente se encontra em alguma lugar ou eu te explico por aqui mesmo, nem é nada demais!"  Almeidaarielly

Envio tentando achar uma forma de fazer ele se convencer e mudar de ideia.

"A noite tô aí, Ariel." Cardosorj_

Eu achei lindo esse apelido, obviamente. Mas nunca admitiria para ninguém além de mim mesma, Rw não merece saber que algo que ele fez, me agradou.

•••

Vamos fingir que foi o apelido que te agradou, gata.

M.

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