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Não julgue minhas escolhas sem saber dos meus motivos.

Renato Cardoso. 2013

Hoje fazia cinco anos que minha coroa morreu, mulher que me botou no mundo e me prometia ele. Bala perdida, dos "preto favelado"? Não po, dos heróis da Cidade.

Cinco anos que decidi não morrer de fome, que lutei pra ter vida até onde Deus permitir.

Dezoito anos na cara.

Sou monstro mermo, me orgulho de nada mas também não me arrependo.

Nunca roubei inocente, trabalhador que rala pra ter o de comer todo dia dentro de casa, que sai cedo e chega tarde pra ganhar uma merreca enquanto o governo corrupto come o dinheiro do povo brasileiro. Isso não.

Comecei aos treze trabalhando de entregador/aviãozinho, saia daqui para pista com uniforme de escola chique só para ninguém desconfiar, aos dezesseis comecei a ficar de olheiro na boca, monitorava tudo, quem entrava e quem saia, agora aos dezoito, tenho uma confiança fodona do Carlão, dono disso aqui tudo, cara que me ajudou pra caralho, único aqui que mato e morro, controlo as entregas das drogas e o investimento, sou gerente, tomo conta do dinheiro que entra e que sai daqui, mo dor de cabeça do caralho.

— Ei, Rw — levanto minha cabeça encontrando o novato, Matheus. Um ano mais novo que eu, trabalha na boca de olheiro, assim como eu era. — toque de recolher hoje que horas?

— Ás nove! — ele concorda e sai.

Matheus, mas conhecido pelo teu vulgo, Teco. É o único aqui que eu vou com a cara e da pra tocar um papo dez, os outros mermo tanto em cargo baixo quer meter marra se achando os bonzudo, bando de pau no cu.

×××

Meus bebezinhos.

M.

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