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Te amo, sinto muito.

Segunda-feira | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

Não dormi a noite, não preguei o olho pensando em tudo que me vem acontecendo. Eu sentia uma puta falta dele, e ignorar as mensagens e ligações só me remuia por dentro.

"Boa tarde, podemos conversar hoje?"

Digitei e mordi o lábio inferior pensando se mandaria ou não, deixei o orgulho de lado e coloquei as palavras das meninas na minha mente, e enviei, respirando fundo.

Um minuto, foi o tempo que ele demorou pra me responder.

"Na tua casa ou na minha?"

Aqui seria uma conversa horrível, a minha mãe ia aparecer e se meter no meio, lá, só estaremos nós dois.

"Na sua."

"Tô te esperando, Ariel."

Senti meu coração acelerar, igualzinho quando ouvi ele me chamar assim da primeira vez. Soltei um sorriso mas tratei de relembrar de tudo, parecia um botão automático.

Do jeito que eu estava, somente sai do quarto e passei direto pela minha mãe  que tava na sala, ontem só saí do quarto quando o Carlão foi embora daqui, aproveitei e comi a pizza que ele trouxe, sobrou bastante e o desgraçado comprou bem a minha favorita.

Caminhei do jeito mais lento que eu poderia, mas mesmo assim, cheguei rapidinho. Parei de frente ao portão e senti meu corpo suar. A coragem foi pra puta que pariu, e eu virei as costas pronta pra voltar para a minha casa, mas o portão abriu e ele me olhou com as duas sobrancelhas levantadas.

— Tava indo embora? — ele cruzou os braços e eu senti minha garganta travar junto com as minhas pernas. — Arielly?

Soltei o pigarro da garganta e tentei a todo custo disfarçar. — Eu só ia olhar que carro que tava passando. — meti a pior desculpa do mundo e ele riu.

— Entra. — respirei fundo mais uma vez, e entrei, não esperei ele me mandar entrar dentro da casa, porque eu já fui entrando.

Me sentei no sofá, porque se eu continuasse em pé, eu juro que eu caia pra trás de tão nervosa.

— Tudo bem? — ele fechou a porta da sala e se sentou ao meu lado, somente concordei com a cabeça e ele me olhou sério. — Você é péssima mentindo, amor.

— Eu tô bem, mesmo com todas as mentiram ao meu redor, eu não tô mal, pela primeira vez em anos, eu não sinto a necessidade de acabar com a dor, talvez seja porque eu já me acostumei com ela.— dei de ombros encarando o piso branco e bem limpo. Cláudia faz um ótimo trabalho por aqui.

— Nunca quis te causar dor.

— Ninguém nunca quer. — senti meu estômago embrulhar quando meus olhos se encontraram com os dele.

— É diferente, saber que você ao invés de me amar, me odeia, acaba comigo, Ariel. — ele abaixou a cabeça. — to certo, não tô?

Ele me olhou novamente e eu senti meus olhos arderem.

— Eu odeio quando você me faz rir, e muito mais quando me faz chorar. — funguei passando as mãos no rosto. — odeio quando você está longe, mas eu odeio ainda mais não odiar você, Renato, nem perto disso, nem um pouco. — deixei duas lágrimas rolarem, e me levantei imediatamente, não me permitindo chorar na frente dele, dei as costas mordendo meus lábios e reprimindo o choro.

Eu sou apaixonado por você, Ariel. — Não segurei, soltei um soluço, e limpei meu rosto. — Olha pra mim. — Senti suas mãos tocarem suavemente meu ombro, me virei vendo os olhos dele vermelho. — me perdoa, por favor.

Não pensei duas vezes em envolver meus braços por volta do pescoço dele, Rw abraçou meu corpo e eu inalei o cheiro bom dele.

— Que ódio. — dei um tapa fraco nas costas dele e ele riu pegando no meu cabelo e me fazendo olhar pra ele.

— Me perdoa, de verdade. Minha intenção não é e nunca foi te machucar, tô te dando o papo, Arielly. Prometo nunca mais fazer nada de errado em relação à tu não parceira. — eu ri e deixei um selinho na boca dele. — Tá maluca? Tanto tempo longe de tu e eu só ganho um selinho?

Soltei um gritinho pelo susto quando ele me pegou no colo ja beijando a minha boca.

(...)

Cheguei em casa sorrindo para as paredes, mulher quando sai do celibato, fica assim.

Fechei a porta e vi a minha mãe sentada no sofá com o Carlos ao lado, os dois assistindo novela. Coloquei a chave em cima da bancada e tirei a simpatia do fundo do poço.

— Boa noite. — Falei com os dois e eles me olharam.

— Oi Ary, boa noite. — Carlão acenou com a cabeça dando um sorriso e eu forcei um falso.

Já tava indo pro meu quarto quando a minha mãe me chamou. — A onde você estava? — o tom de voz dela era completamente diferente do qual eu conhecia.

— Fui dar uma volta. — respondi simples.

— Uma volta de três horas na casa do Rw, tá me taxando de otaria, Arielly? — ela se levantou e eu fiquei completamente confusa, Carlão sussurrou um "calma" e ela nem se quer ligou.

— Oxe, tá assim por que? — eu sabia, que ela não gostava dele. Mas a reação dela era completamente sem lógica alguma.

— Depois de tudo que ele te fez, você ainda vai atrás? Minha filha, cria juízo.

— Não esquece que ele só fez isso a mando de vocês dois. — deixei bem claro. — e se você querer falar das coisas que ele fez, ótimo, a gente fala, mas vamos falar também das suas coisas!

— Tudo que eu fiz, foi pelo seu bem, porque eu amo você, quero te oferecer um futuro lindo. — justificativa mais idiota do mundo. — E ele, o que pode te oferecer Arielly?

Eu amo ele. — justifiquei completamente indignada com a forma como ela tava falando.

— Você tem somente 19 anos, Arielly! não sabe o que é amor! — ela gritou e eu soltei uma risada irônica, fazendo o Carlos abaixar a cabeça e ela me olhar brava.

— E você sabe? — me aproximei. —
você nunca olhou pra ninguém da forma como eu olho para o Renato, nunca riu, tocou, brincou, teve reciprocidade, você não sabe nada sobre o amor, até porque você não ama ninguém, nem mesmo você. — joguei na cara dela, sentindo sua mão acertar meu rosto fortemente.

Passei a mão pela minha bochecha, tentando raciocinar o tapa que eu tinha acabado de levar, ela nunca, em dezenove anos, levantou a mão pra mim, mas agora, por conta de pura arrogância, ela me bateu.

Eu não sentia raiva, eu sentia nojo pela pessoa que ela estava se tornando, e não coloco a culpa no Carlos, talvez ela sempre foi assim e só tá se revelando agora.

— Vanessa, para. — Ele entrou no meio e eu encarei os dois sérios. — Ary, tudo bem? — concordei sem desviar o olhar.

— Fica tranquila, que aqui com você eu não moro mais. — afirmei e ela não expressou absolutamente nada, nem um pingo de reação, me fazendo ter certeza do que eu acabei de dizer.

×××

Eita bbssss

M.

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