9 - Pesadelo

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     O corpo de Lidia estava lá, estirado no chão, com marcas de cortes nos braços e no rosto, totalmente desfigurado. Ainda não acreditava no que via, Lidia estava morta, diante de mim. Minhas pernas fraquejaram e eu cai de joelhos ao lado do seu corpo. Achei que nunca mais sentiria aquela dor de novo, a dor da perda. Havia conhecido Lidia a pouco tempo mas, tivemos uma ligação, ele me entendia. Pessoas logo começaram a se aproxima, formando um pequeno motim ao redor do corpo.

- Vem Anna... Nós precisamos sair daqui... - Disse Mason me ajudando a levantar - Você está bem?

- Estou sim... É só que... Eu conhecia ela... - Respondi com a voz falha.

     Mason me envolveu em um abraço e me tirou dali. Nós estávamos voltando para casa e caminhávamos calados até que o toque de um telefone quebrou o silêncio. Era o celular de Rebeka. Ela tirou o celular, que tinha uma capa rosa, de sua bolsa rosa e depois que olhou no visor o nome de quem a ligava, o atendeu.

- Oi pai... Sim, já sei... Não, eu estava passando com meus amigos e escutei o pessoal comentando, eu não cheguei a ver... - Nessa hora ela piscou, deviam estar falando sobre Lidia. - Eu estou bem... Estou em frente ao Sunset Bar... Tá, vou esperar... - Por fim terminou, deligando o celular.

- Era seu pai? - Perguntei.

- Sim... Disse que vinha me... - Rebeka foi interrompida por um alto barulho de sirene.

     Passaram por nós dois carros da Polícia e logo atrás uma ambulância. Atrás vinha um outro carro também da policia, esse porém um pouco mais devagar. Ele parou próximo a nós e de dentro saiu um homem que usava uma blusa social branca e uma calça desgastada. Ele usava um chapéu de caubói e tinha uma estrelinha de ouro no seu peito.

- Xerife... - A irônica era evidente na voz da Rebeka.

- Para dentro do carro Rebeka, agora. - Ordenou o homem.

- Sim senhor, xerife! - Disse Rebeka entrando no carro.

- Xerife Gal James pai da Rebeka, eu vou leva-la para casa.

- O Isaac vai pegar uma carona xerife Gal James - Disse Rebeka - Vem Isaac.

     Isaac se despediu e entrou no carro, logo depois senhor Gal também entrou e deu partida. Rebeka bateu no vidro da janela chamando nossa atenção e quando olhamos ela deu um sorriso cínico e um "tchauzinho". Rebeka tinha todo um jeito de patricinha mas era legal, ela era engraçada. Mason e eu caminhamos calados até o caminho de casa. Não por muito tempo.

- Com raiva de mim...? - Perguntou Mason. Eu fiquei em silêncio por um instante antes de responder.

- Você e a tia Vic mentiram para mim, vocês poderiam ter me contado a verdade, poderiam ter me falado sobre toda essa história de bruxa mas não, vocês deixaram eu descobrir da pior forma possível, então se você quer saber, sim, eu estou com raiva de vocês!

- Anna... Eu queria contar... Queria ter falado mas não podia...

- Tá Mason, só... Só para de encher o saco! - Respondi pondo um fim no assunto.

     Chegamos em casa depois de alguns minutos. Mason pegou uma chave que carregava no bolso e abriu a porta. Tia Vic não estava, ela havia dito que quando chegássemos em casa provavelmente já teria ido para seu plantão no hospital. Mason tirou a blusa que usava e se jogou em cima do sofá. Ele parecia cantarolar algo. Eu tirei minhas botas e fui beber água, aproveitei para lavar o rosto, depois de enxuga-lo voltei para a sala e liguei a TV. Estava passando um noticiário, sobre... sobre a morte de Lidia. O jornalista dizia, "Parece que a senhora Lidia Shannon estava fazendo uma caminha e teve um infarto...", aquilo era mentira, eu havia visto com meus olhos os cortes no corpo da idosa e... Aquilo com certeza não tinha sido infarto. Porque... porque teriam mentido então?

Pôr do Sol - A Maldição (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora