Pôr do Sol - A Maldição (Livro I)

12 - Noite Fria e Sombria

     A notícia de que a professora Lúcia havia morrido agitou os alunos que começaram a falar, todos ao mesmo tempo, formando assim um burburinho. Shane tentou acalma-los, o que pareceu impossível, tão impossível quanto acreditar que a professora de português havia sido encontrada morta. Meus olhos caminharam pela sala a procura de alguém, um garoto estranho e atraente chamado Tyler Parker. Eu não o encontrei, assim como da última vez ele não havia voltado para assistir a última aula.

- Olha lá, a professora - Gritou alguém apontando para a porta que estava aberta.

     Os alunos correram para a porta criando assim um tumulto. Entre uma pessoa e outra pude ver alguns homens carregarem a senhorita Lúcia em cima de uma maca. Por um momento pude vê-la. Ela estava cheia de cortes nos braços, no rosto, aquilo... Aquilo me fez lembrar de Lidia, lembrar de sua morte. Shane até tentou controla-los mas não conseguiu. Os alunos observaram os homens passarem e saírem da escola com o corpo da senhorita Lúcia e depois voltaram para seus cantos.

- Bem, agora que estão mais calmos vamos começar... - Shane tentou continuar a aula.

     Os alunos começaram a falar todos ao mesmo tempo, outra vez, criando assim outro burburinho. Esse chegava a incomodar. Aquela era a segunda morte desde que eu havia chegado em Sunset Town e eu me perguntava se aquilo seria apenas coincidência. Eu olhei para Mason e vi que ele também me olhava, diria que preocupado.

- Está bem? - Ele perguntou.

- Sim... Eu acho que sim... - Respondi.

- Chega! - Gritou Shane - Eu quero dar minha aula! O próximo que abrir a boca para falar irá conversar com o senhor Harry!

     Os alunos temeram o Shane e enfim se calaram. O professor conseguiu começar sua aula. Ele deu continuidade e concluiu a sua aula sem mais interrupções. O sinal tocou um pouco mais cedo devido ao ocorrido mas não fui para casa naquela hora, precisa conversar com Isaac, conversar sobre como ele havia previsto a morte de Lidia. Sai da sala e vi que ele conversava com o mesmo garoto com que formou dupla na aula da falecida professora de português. Era um garoto moreno e musculoso. Depois de alguns minutos o garoto saiu e eu achei o momento propício para conversar com Isaac.

- Oi... Quem era? - Perguntei me aproximando.

- Ah... Alex... Ele também é novato... - Respondeu Isaac com seu jeito estranho.

- Ah, Legal. Bem Isaac... - Tentei ser direta - Eu quero falar sobre sábado... Sobre a morte de Lidia...

- Eu não tenho nada para falar... - O garoto respondeu assustado.

- Você a conhecia? - Insisti.

- Não... Não a conhecia e não quero falar... Preciso ir... - Ele respondeu me dando as costa. Eu o peguei pelo braço e disse:

- Volta aqui! Você desenhou a senhora morta e em seguida nós a encontramos... Morta! Se você não a conhecia e não sabia que aquilo iria acontecer, então você previu... Você previu que ela iria morrer Isaac!

- Não... Não foi eu... Foram as Vozes... A vozes me mandaram desenhar e eu desenhei - Aquilo me assustou - E elas me mandaram te dizer que ainda não acabou, que terá mais mortes! E terá mais, e mais, e mais, e mais! Até que eles lhe peguem. Até que eles lhe matem! - Isso me assustou mais ainda.

- Eles...? Eles quem...? - Perguntei assustada.

- Os lobos!

     Isaac disse aquilo, me deu as costas e foi embora. As palavras do garoto ecoavam em minha mente, "Até que eles lhe peguem. Até que eles lhe matem...", "Os lobos...". Meus pensamentos foram interrompidos quando Mason me chamou para ir embora. Já estávamos deixando a escola quando Tia Vic parou seu carro um pouco a nossa frente. Entramos e ela logo o ligou, estava pronta para partir. Havia um carro parado na nossa frente então tia Vic deu de ré, o que ela não esperava era bater o carro em algo, melhor, alguém. Para ser mais precisa nosso professor de história. Tia Vic pulou do carro e correu para ajudá-lo. Mason também foi socorre-lo. Eu fiquei no carro, não tinha o que fazer lá fora.