Capítulo 4

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PETE


Tinha me esquecido de como redecorar era um porre, ao menos, quando não se tem tempo para a mesma.

Passei a mão por meu macacão de cor preta, em uma malha social, que o tornava formal e bem apresentável. Prendi os cabelos no alto da cabeça e optei por uma maquiagem leve, já habitual, completada com um gloss rosado. Sempre gostei de me vestir daquela forma, e trabalhando diretamente com o CEO da empresa, era algo essencial. Estar apresentável e com um belo sorriso. Palavras que Macau me dera como ensinamento em meu primeiro dia a seis anos atrás.

Suspirei profundamente, lembrando-me de como tudo tinha se transformado. Parecia surreal, e se alguém me falasse que me encontraria em tal situação, rejeitado por Vegas, jamais acreditaria.

Afinal, como poderia ser rejeitado por alguém que não ia me envolver? Os dois anos recorrentes, se encarregaram para que me envolvesse além do que deveria.

Peguei a bolsa sobre a cama, e não resisti em abaixar e dar um leve beijo na cabecinha de Omen, que dormia enrolado sobre o travesseiro que não usava. Tão meu menino, que era realizou aquele sonho de futuro perfeito – um fidedigno pai de gato.

Sempre odiei o trânsito e por tal motivo, mudei-me para o mais perto da empresa quando o salário aumentou e consegui estabilidade. Andar dois quarteirões de eram o céu, ao em vez de passar no mínimo meia hora dentro do carro, enquanto pensava em quão cedo deveria sair no dia seguinte para não atrasar. Cerca de cinco minutos depois de sair de casa, estou à frente da recepção da empresa. Dou bom dia a todos que parecem solícitos e me dirijo ao elevador privativo. O qual, apenas os funcionários com ligação direta ao último andar, poderiam utilizar. Usei o cartão que me permitia chamá-lo e em poucos segundos as portas se abriram.

Dei um passo à frente, guardando o cartão na bolsa e me aprumei. Levantei o olhar apenas o suficiente para desejar bom dia a pessoa ali dentro, sendo recebido por um sorriso de Pol. Ele tinha uma aura leve, diferente da maioria das pessoas que trabalhavam ali. Como o novo assistente pessoal e executivo de Macau, que voltou para o Brasil a cerca de cinco meses, todos disseram que ele não daria conta por uma semana.

Até mesmo, cheguei a pensar que seria remanejado para o cargo antigo, entretanto, contrariando todos, ele ainda estava ali e apenas ouvi elogios a respeito.

— Bom dia, Pol.

— Bom dia, Pete. Preparado para a semana? — indagou, e respirei profundamente, dando-lhe meu olhar austero.

Seria uma semana infernal e decisiva. Ao mesmo tempo que contratos e decisões de suma importância seriam tomadas, o que era um grande marco para a empresa, seria a semana de ficar praticamente afundada em documentos e reuniões sem fim.

Todavia, era o meu trabalho, e amava ser criterioso, a ponto de chegar a sexta-feira e poder voltar para a casa com apenas uma certeza: fui foda.

— Sempre. — Pisquei e ele sorriu, dando-me alusão a uma covinha em sua bochecha.

O elevador parou, e saímos. Dei-lhe um leve aceno e me dirigi até ao lado esquerdo do andar, onde se localizava a sala de Vegas, e consequentemente, a minha. Parei à frente de minha mesa, e já peguei o Planner exclusivo para empresa, no qual repassaria todos os compromissos, e conseguinte, teria que encarar meu chefe. Minha mente virou, e pela primeira vez, em todo aquele tempo trabalhando com ele, sabia que seria difícil agir normalmente.

Nunca foi. Nem mesmo depois da primeira vez que ficamos juntos. Um encontro casual em um bar qualquer, e de repente, acabamos em uma cama, longe de qualquer ambiente de trabalho. Foi uma escolha mútua e sem qualquer alusão a romance. Gostava daquilo, tinha que admitir. E por um longo tempo, foi apenas aquilo. Sexo depravado com meu chefe, que além de tudo, eram um homem sexy como o inferno. Porém, os últimos dois meses mostraram-me uma nova face, e até mesmo, aquele sentimento que sequer sabia dizer quando nasceu.

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