Capítulo 21

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PETE


Eu tinha surtado!

Encarei-o tão surpresa que sequer consegui assimilar tais palavras. Enquanto estava afogado nelas e temendo com sua reação, Vegas parecia implorar com aquela imensidão azul para que abrisse a boca e confirmasse o que parecia certo para ele.

— É nosso. — falei de uma vez, baixo e controlado.

Um sorriso gigante se abriu em seu rosto, e notei que o olhar carinhoso permanecera em seu semblante.

Entretanto, ele não deu passo algum em minha direção, como se entendendo que precisava de espaço. A realidade, não sabia o que precisava.

Em um segundo queria gritar e no outro apenas chorar.

Nunca fui bom em lidar com surpresas. Um bebê era a maior de todas elas, ainda mais, o meu próprio.

— Está feliz com isso? — indaguei de repente, e ele assentiu, dando alguns passos à frente, logo ficando bem próximo. Levantei o olhar, e tentei encontrar alguma dúvida nele. Nada. Nada além de um sorriso e olhos com brilho. Apenas eu tinha surtado! — Parece tão simples para você, enquanto eu... Estou pirando com isso. — Confessei.

— Percebi, Pete. — Tocou meu rosto com uma das mãos, e tentei me apegar aquilo para me reerguer. O problema era que não conseguia encontrar em qualquer outro alguém tal coisa.

Aprendi e desenvolvi apenas uma forma de ser – me bastar.

— ​Na verdade não é simples, mas ter um filho sempre foi um sonho meu. — Confessou e arregalei os olhos. Aquele era um assunto, no qual, nunca chegamos. Sequer existia razão para o fazer. — Vem cá! — pediu, e tocou minha cintura.

Logo, sentou-se no sofá, e me puxou para seu colo, como se tentando me proteger. O problema era que não sabia lidar com aquilo.

— Ser pai era algo certo em minha vida. — falou e sorriu levemente. — Tinha planos para isso, mas o faria sozinho... Digo, pagaria uma barriga de aluguel. Não me via em um relacionamento nem em um futuro longínquo, então...

— Mas eu me declarei e mudei os planos. — Senti como se minha garganta trancasse. As paranoias rondando minha mente, como se deixando claro que Vegas mal sabia o que fazia comigo, muito menos o que sentia. Desde quando fiquei tão inseguro?

— Suas palavras e ações apenas me fizeram enxergar o quanto te quero na minha vida, Pete. Nunca pense que me forçou a algo ou que estou confuso sobre nós. — Suspirei, vendo que ele parecia me ler por completo. — E tudo bem não saber lidar com uma notícia assim, nenhum de nós esperava. — Seus dedos encontraram meus cabelos, em uma leve carícia. — Sou mais calmo por fora, mas por dentro, mal sei por onde começar a ser pai.

— Me sinto tão culpado e... — Suspirei profundamente. — Estou com medo de ir ao médico, Vegas. Bebi mais que o normal nos últimos tempos, não me alimentei bem e... E se tiver algo errado com ele? Se for culpado pelo nosso filho estar com algum problema?

— Ei! — cortou-me rapidamente, levando dois dedos a minha boca. — Vamos ao médico assim que sairmos daqui e vai ficar tudo bem. Ou melhor, está tudo bem! — sua voz determinada, fez-me buscar tal força dentro de mim.

Era tanto para absorver. O fato de mal estar em um relacionamento e o pior, a forma como me comportei nos últimos tempos. De repente, vi-me culpando por não ter sido mais atento e descoberto a gravidez antes. Não me perdoaria caso tivesse feito algo para o bebê. Não mesmo.

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