Capítulo 11

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 PETE

Semanas depois...

— Por que vai se sujeitar a isso? — Nina perguntou pelamilésima vez e revirei os olhos, jogando a pequena mochila nas costas.

— Porque sou um covarde seletivo. — Pisquei em sua direção. — E outra, já faz quase um mês que não piso em casa, preciso começar a enviar currículos e mais, terminar a decoração. E não quer dizer que vou esbarrar em Vegas em alguma esquina.

— Mas com certeza vai esbarrar com ele no aniversário do irmão. — Revidou e dei de ombros, sem querer discutir sobre. — ​ Você chegou aqui parecendo um bichinho do mato, e curamos com muito amor, vodca e tequila. — Sorri, lembrando-me de nossas noitadas. — Tem certeza de que quer voltar já? Ainda mais, ir nesse aniversário?

— Por que não? — indaguei, como se para mim mesmo. — Preciso superar Vegas, e estar frente a frente, pode me dar a chance de não o ver como antes.

— Ou te fazer sofrer. — Toquei seu braço, tentando acalmá-lo.

— Sei me cuidar. E além disso, já te convidei para passar um tempo comigo. — Seu semblante mudou, e sabia que não entraria no assunto, caso não insistisse. — Por que não vai a festa de Macau comigo? — indaguei, pela milésima vez, e ela negou no mesmo segundo. — Ok, mas se mudar de ideia, lembre-se que tenho direito a acompanhante.

Deixei o seu convite no criado-mudo.

— Pete! — ralhou.

— O que? Não posso querer minha irmã numa festança como a de Macau? Qual é, comida e bebida boa de graça! Além de que, se eu sofrer pode socar a cara de Vegas. De toda forma, eu passo próximo final de semana aqui. Não vai ser o fim do mundo.

— Você joga baixo. — Reclamou, e gargalhei.

— O convite continua em pé. — Pisquei, e ela assentiu. — Agora, deixa eu tentar separar Omen da nossa mãe. Nunca vi tanto amor pelo neto.

— Ela sabe que não terá netos humanos, então... — reclamou e no mesmo instante gargalhei. Porém, no segundo seguinte, senti-me paralisar. Desfiz o sorriso e engoli em seco. Não, não poderia ser aquela semana.

— O que foi? Ficou pálida de repente!

— Eu só... Que dia é hoje? — indaguei, sentindo quase perder o ar de repente.

— Dia 27. Mas por que parece que viu um fantasma? — perguntou e soltei o ar com força.

— Sou regular desde que comecei a tomar o anticoncepcional, imaginei que já fosse começo do mês e...

— Não está grávida daquele traste, Pete. — Refutou, finalmente entendendo o que se passou por um milésimo de segundo em minha mente. — Ou pode estar? — indagou e abri a boca para responder. — Diz que sempre usou camisinha!

— Sim, eu... Teve uma vez no chuveiro e... Duas ou três...

— Puta que pariu, Pete! — olhou-me incrédula. — Você e ele não estavam envolvidos com outras pessoas?

— Fazemos exames frequentemente e... Sei lá, confiávamos um no outro.

— Você é maluco! — acusou-me e tive que rir, mais aliviado.

— Agora, vai fazer o que? Contar os dias até a menstruação?

— Com toda certeza! E ainda festejar quando descer. — Pisquei e ela me fuzilou com os olhos. — Só me confundi nos dias, e tomo anticoncepcional há muito tempo... A chance é quase inexistente.

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