Capítulo 14

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VEGAS

— Oi, Pete! — minha voz saiu empurrada e notei que elw apenas me encarou, sem demonstrar qualquer outra coisa com o olhar. — É bom te ver.

O que diabos eu estava falando?

— Olá, Vegas. — Sua voz doce me atingiu, e queria apenas dar um passo e puxá-lo com força para meus braços. Nunca me sentira daquela forma por alguém e não sabia como deveria agir. Porém, não podia simplesmente me aproximar. Não depois de tudo. — Como vai?

Pelo jeito, não era bom me ver.

— Confesso que confuso, até minutos atrás. — comentei e ele abriu um sorriso sem dentes, claramente, não interessado em me ouvir. — Mas sei bem o que...

— Olha, sei que é meio complicado me encarar, depois de tudo e tal, mas... Fica tranquilo. O que passou, passou. — Fiquei paralisado diante de suas palavras, e tentei buscar algum resquício de dúvida em seu semblante. Não conseguia ver nada. Ou ele me confundia ou estava fodido o suficiente para não entender nada. — Somos adultos e agimos feito crianças em alguns momentos. Então, acho melhor deixar tudo às claras.

— Só quero dizer que sinto muito e demorei para entender o que...

— Ei! — olhou-me decidido, interrompendo-me novamente. — Apenas me escuta, ? — assenti e ele abriu um leve sorriso. Porém, temi pelo que viria a seguir. — Acho que a primeira pessoa a ficar confuso fui eu, sabe? — indagou e neguei com a cabeça, sem entender. — Vi em você, algo que não existe. Esse tempo fora me fez refletir e ver que na verdade, queria um relacionamento sério com alguém. E no fundo, acabei confundindo o que tínhamos com amor. - Suas palavras me jogaram na lona e fiquei perplexo a sua frente. — Não me leve a mal, eu só... Podia ter evitado tudo isso, se conseguisse me entender melhor. Mas como você mesmo disse alguns momentos antes, a gente fica confuso, né?

— Confundiu amor com vontade de um relacionamento? — indaguei, as palavras saindo carregadas de minha garganta. Ele assentiu, claramente despreocupado. Ali, não estava o mesmo Pete que se declarou tão abertamente semanas atrás. Sequer o reconheci. — Por que está mentindo? — perguntei, e ele simplesmente levou a taça a boca, bebendo o resto de seu champanhe.

— Sei que deve ter sido uma pressão do seu irmão, primo e até mesmo, sobre a empresa. Não que me considere muito importante, mas, conheço essa parte da sua família há seis anos, e sei como são insistentes. Então, já imagino que ia me dizer que quando me viu agora, percebeu que não tinha mais confusão, e eu era resposta. E até mesmo, que está apaixonado. — Suas palavras soaram em tom de deboche, e o encarei, sem conseguir decifrá-lo. — Estou certo ou errado?

— Está certo, mas... - Ele então deu um passo à frente e levou a mão livre até meu ombro.

— Acredite, logo acordará desse falso sentimento. — Piscou e sorriu de lado. — Só dar tempo ao tempo e não ceder à pressão.

Ele então me deu as costas, como se aquilo fosse o suficiente. Como se fosse engolir aquela sua leitura barata sobre o que eu sentia, e mais, sobre o que ela dizia não sentir. Pete não era daquela maneira, tinha plena certeza em meu âmago. Não o deixaria ir daquela forma. Nem mesmo, sair sem saber realmente ouvir o que precisava ser dito.




PETE

Só precisava dar mais alguns passos, adentrar a imponente casa e me esconder por alguns segundos. A visão de Vegas e sua proximidade, me desestabilizaram. Agir por impulso e simplesmente, jogar-lhe em meio a uma teoria absurda que acabei de criar, poderia ser o suficiente para que me deixasse ir sem querer se desculpar pela milésima vez.

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