Capítulo 32

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PETE

— Eu disse que podia vir sozinho. — Ralhei, assim que estacionei o carro à frente da clínica. Nina bufou ao meu lado, claramente não concordando. Era uma briga sem fim.

— E eu já disse que sou sua irmã, cacete! — rebateu e foi impossível não sorrir. Nina não conseguia disfarçar seu desconforto por algo. Ainda mais, a minha negação de tê-la comigo ali. — E mais, nossa mãe só não veio junto porque surgiu um imprevisto de última hora.

— É apenas um ultrassom de rotina. — falei, tentando convencer a mim mesmo.

No fundo, ainda sentia um medo incalculável toda vez que vinha ao médico. Acabava de completar quatro meses e mesmo assim, o medo de que algo pudesse estar errado, me assombrava. Alguns dos vários livros que li, destacavam que mães de primeira viagem tem o medo como aliado constante.

Quem dera eu, encarar aquilo como aliado.

— Pela sua cara de fantasma, sei bem o que está pensando. — falou e notei seu tom mais sério. — Vegas também está preocupado e até me ligou para falar sobre. Tem que ficar calmo. O bebê está bem, já fizeram infinitos exames. E mais... Vamos descer logo desse carro que eu estou assando! E, quero nem saber da baboseira de descobrir o sexo apenas no nascimento.

Gargalhei alto e neguei com a cabeça.

— Vegas acha que sim, mas pelo que li e conversei com a médica por telefone, talvez hoje, possamos descobrir. — comentei e Nina arregalou os olhos. — Quero que seja uma surpresa para ele.

— Esse é o meu irmão! Ou melhor, uma parte dele. — Nina era realmente impossível. — Mas te ver mais sensível, só comprova que sempre foi o romântico entre nós.

— E duvidava disso? — debochei e ela deu de ombros.

— Está na lista infinita de defeitos que Thankhun apontou sobre mim. — comentou e soltou o ar com força. Abri a boca para questionar e ela levantou a mão no segundo seguinte. — Não, não vamos falar sobre isso! Só torço para que chova e todo o casamento seja destruído.

— Eles ainda nem tem uma data! — falei, e Nina desviou o olhar, como se soubesse muito mais. — Tem?

— Tem sido uma merda, isso sim. —Confessou e notei o quanto era difícil para ela falar sobre. Todos os dias, tentava adentrar aquele assunto e ela fugia. Queria ser para ela, nem que fosse um por cento, do que sempre fora para mim. Um porto seguro. — É como se procurasse saber mais, e pior, fiquei amiga do seu cunhado, o que não facilita muito.

— Macau não é de esconder o que sabe.

— Na verdade, ele faz questão de me contar, como se para que eu faça algo. — Suspirou profundamente e seu olhar mudou. — Mas foda-se isso! — bateu as mãos no rosto e me encarou. — Vamos descobrir o sexo dessa criança, para que eu possa começar a fazer o bolão com nomes.

— Nina! — reclamei e ela gargalhou alto.

Saímos do carro e seguimos em direção a clínica. Nina passou um braço sobre meu pescoço e sorri, sentindo-me cuidado. Era algo que vinha acontecendo de todos os lados.

Mais do que o normal. De alguma forma, as pessoas pareciam querer estar perto de grávidas, ou no caso de minha família, queriam me proteger até de mim mesma. Era fato que tudo mudava quando se descobria uma gravidez, mas nunca imaginei que seria tão real.

Já completava uma semana que Vegas estava fora e a saudade apertava em meu peito. Mais cedo, conversamos brevemente pelo celular e ele me fez prometer que narraria toda a consulta após sair da mesma. Poderia até ser um áudio imenso para que ele pudesse ouvir assim que saísse das reuniões. Sorri, sabendo o quanto ele gostaria de estar ali. Se soubesse o que pediria a médica então, era capaz de se teletransportar no mesmo instante.

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