12- cadê você

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PAMELA RODRIGUES

Dantas: olha só quem chegou cedo de novo, parece até que tá fugindo de casa - Dantas chega ao meu lado assim que entro na escola - enquanto você faz de tudo pra chegar cedo, eu faço de tudo pra chegar tarde - fala em um tom de humor.

Mayara: deixa ela, garoto - dá um tapa no braço do seu namorado indo para o outro lado do meu corpo entrelaçando nossos braços - a Neves não deu as caras ainda? - nego com a cabeça respirando fundo - relaxa, tomara que ela apareça hoje, mas que está estranha o sumiço, tá.

Quase uma semana que Ayla Neves não aparece na escola, não responde as mensagens, não retorna as ligações... Um sumiço real.

Já até pensei em passar na casa dela algumas vezes, bom, fui na sua casa umas duas vezes, mas sempre está tudo trancado ou com as luzes apagadas, Ayla também não responde, então fica difícil de saber.

Não é nada normal uma pessoa sumir de um dia para o outro, parecia tá tudo tão normal e agora isso? Será que aconteceu alguma coisa grave?

Não que eu me importe com a insuportável da Ayla Neves, mas porque esse sumiço. Nem na escola Ayla apareceu, coisa que eu sei que ela não faria por vários dias seguidos, mas o que eu realmente me questiono é... Por que estou tão interessada no sumiço de Ayla Neves?

Entro na sala de aula mais uma vez essa semana, olho para a sua carteira que ainda continua vazia. Respiro fundo pela milésima vez no dia e sento no lugar onde Ayla costuma sentar. Dantas e Mayara sentam na minha frente, ao olhar para trás tendo o desprazer em ver Amanda e Geovanna bem atrás de mim... Hoje o dia vai ser longo.

[...]

Rodrigues: Graças - agradeço em um tô de voz baixo assim que escuto o sinal da última aula tocar, parece que a aula não acabava por nada na vida.

Giovanna: vai no jogo hoje - olho para o lado escutando a voz da Geovanna - ouvir que vai ter jogo hoje, Torres até vai jogar - ignoro sua fala voltando a arrumar minha mochila - qual é, vai me ignorar mesmo?

Rodrigues: o que você quer, Geovanna? - pergunto de vez - fala logo.

Giovanna: olha - caminha até a minha mesa apoiando as duas mãos - eu realmente fiquei brava com você depois de tudo aqui que  te falei sobre Ayla e você mesmo assim ficou com ela, mas até então você era a minha amiga e do dia para a noite viramos... Isso - aponta para nós duas - porra, Rodrigues. Eu só quero que você fique sabendo que eu não fiz aquilo com Amanda, eu não tava ao lado dela, mas você como minha melhor amiga ao menos deveria ter me procurado para uma conversa, mas não, nem isso você tem coragem de fazer. Agora eu estou aqui pedindo desculpas por algo que eu não fiz, mas sim que você fez!

Rodrigues: desde quando somos melhores amigas? - pergunto em um tom baixo e frio.

Giovanna: pensei que fossemos - diz desviando o olhar para os lados - bom, sempre fomos próximas.

Rodrigues: Giovanna, se diz que somos tão amigas assim, acho que você me conhecia bem e me ouviria antes de me ignorar como se eu fosse uma cachorra de rua, então não venha me dizer que eu não fui atrás de você, não me diga que eu fui uma péssima amiga ou algo do tipo, porque se você fosse mesmo minha amiga, já saberia da verdade antes das fofocas, se fosse mesmo minha amiga saberia que o beijo foi uma mentira. Como que Ayla e eu estaríamos se pegando e principalmente em público se a gente nem se dava bem a dias atrás? Você mais do que ninguém sabe que Ayla e eu nem respiravamos o mesmo ambiente sem que acabasse em uma briga, mas mesmo assim você preferiu acreditar em uma fofoca do que na sua própria amiga. Então não, não se faça de vítima - para do falar assim que percebo que tem gente demais olhando para a nossa direção - então desculpa, Geovanna. Desculpas por algo que eu não fiz. Se isso vai fazer você se sentir melhor.

Pego minha mochila pronta para sair da sala quando escuto sua voz me chamar novamente.

Geovanna: a gente pode sair para conversar qualquer dia? - diz tão baixo que eu não consegui ouvir - acha que podemos voltar a sermos amigas algum dia?

Rodrigues: quem sabe se você mudar um pouco suas opiniões sobre mim, e começar a ter mais confiança nas suas próprias amizades que são escolhas totalmente suas - finalizo saindo da sala.

[...]

Minha conversa com Geovanna ainda martela em minha cabeça enquanto faço o caminho de volta para casa.

Eu realmente considerava Geovanna uma amiga próxima, bem próxima, mas não entendo o motivo pelo qual ela ter agindo assim, beleza que ela tem uma leve queda na Ayla, mas a paixonite dela é tão forte assim ao ponto de ficar com raiva da própria amiga? E outra, ela não tinha uma pessoa pior para se apaixonar? Olha para Ayla, a garota é toda estranha, vai de saia para a escola por conta da religião dela, anda com umas roupas toda florida que é horrível, umas coisas parecendo ser de freira. Ainda bem que o esquadrão da moda não passou nesse morro, se passasse eles chorariam com tanto mal gosto.

Caminho pela calçada quando escuto uma voz conhecida, na verdade um grito, essa criança só vive gritando.

Gustavo: EU NÃO QUERO TOMAR BANHO, MÃE! - Escuto a voz do Gustavo de longe, sem nem ter chegado na porta dele.

É isso...

Como não pensei nisso antes, Ayla trabalha na rua da minha casa e eu nem cogitei a ideia de ir na casa da chefe dela ainda. Hoje Ayla não me escapa.

[...]

Joyce: oi, ah, oi - minha vizinha, mãe do Gustavo fala assim que abre a porta - tá tudo bem, vizinha?

Rodrigues: Claro, e... - tento formular uma frase - Ayla tá aí?

Joyce: CALMA AI GUS, TÔ FALANDO COM A VIZINHA, CARAMBA - grita fechando um pouco a porta, mas logo em seguida aparece - desculpa, o que disse?

Rodrigues: quer saber, deixa para outra hora - forço um sorriso, quando vou dar as costas escuto a voz desse serzinho tão esperto.

Gustavo: oi, moça bonita - olho para a grade e vejo um branquinho do cabelo preto só de frauda balançando a bunda de um lado para o outro - vai almoçar aqui hoje? - meu corpo estremece com sua pergunta.

Joyce: oi? - pergunta ao filho - tá chamando a vizinha para almoçar, Gus? Que educado.

Gustavo: tô nada, só tô perguntando, tem alguns dias que ela não vem, agora eu fico almoçando só com a tia Ayla - Deus, me leva agora, por favor.

Joyce: não tô entendendo, filho - pega ele no colo.

Rodrigues: olha, eu preciso ir agora, tá - digo rápido já caminhando - depois a gente se fala, tchau vizinha.

Meu senhor, eu vou matar aquele pestinha, como que ele faz isso comigo? Ayla pode até perder o emprego se a Joyce sonhar com isso. Tomara que ela não acredite nele... Mas crianças só falam a verdade. Que droga.

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Capítulo três dias seguidos, fala sério, estou sendo maravilhosa com vocês. Até quinta-feira, amores 💋.

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