29 - vida adulta

428 53 16
                                    

PAMELA RODRIGUES

Rodrigues: eu não pedi sua ajuda em momento algum - tento me afastar dela.

Amanda: qual é, vai me falar mesmo que não quer? - se aproxima ainda mais de mim e força o meu corpo contra a parede segura o meu pescoço e aproxima seu rosto do meu aprofundando em um beijo.

Escuto algum tipo de estrondo e só aí percebo que tem gente em casa. Logo em seguida, escuta um outro barulho como se algo tivesse caído no chão, grito por Ayla mas ela não responde, corra até o quarto dela e tento abrir a porta que está emperrada, assim que eu consigo abrir a porta, vejo o seu corpo desmaiado no chão.

Rodrigues: AYLA! - me sento no chão ao lado dela.

Amanda: o que que aconteceu? - aparece na porta do quarto com uma cara de assustada.

Rodrigues: VAI EMBORA DAQUI AGORA! - grito tentando afastar ela.

Dantas: iih caralho - entra no quarto junto com may.

Mayara: o que que aconteceu aqui? - vem para o meu lado - Rodrigues, precisamos levar ela ao hospital, provavelmente ela teve outra crise de ansiedade.

Dantas: relaxa aí que eu vou atrás do carro, já chego aqui - sai do quarto correndo e vai em direção a saída da casa para pegar o carro.

Mayara: O que é essa piranha tá fazendo aqui? - olha para a Amanda com a maior cara de raiva possível.

Amanda: eu só tô tentando ajudar Rodrigues - ajudar em que?

Rodrigues: garota sai daqui, adianta - digo irritada - já mandei você ir embora.

Mayara: Ah, ela não quer sair não, né? - se levanta do chão e começa a caminhar em direção a Amanda - pode deixar comigo.

Vejo Mayara pegar pelos cabelos da Amanda e arrastar ela escada abaixa, Amanda sai gritando por alguma coisa, mas eu não consigo entender bem, até porque sinto ayla se mexer um pouco sinalizando o que ela está acordando.

Ayla: Pâmela - ela nunca me chama assim - Acho que vou vomitar!

Rodrigues: consegue se levantar um pouco e caminhar até o banheiro? - balança a cabeça negando - ok, tenta virar a cabeça um pouco para o lado e pode vomitar no chão mesmo, depois eu resolvo isso - olho em seus olhos de novo e vejo ele se fechando - Ayla, Ayla! - tento dar batidinhas em seu rosto, mas ela acaba desmaiando novamente.

[...]

Olha, se tem uma coisa que com certeza eu odeio é esse hospital aqui do morro, duas horas que eu trouxe a guria e tô sem informação dela. A minha cabeça dói, meu corpo tá cansado, trabalhei hoje o dia inteiro de novo fora que fui para a aula de manhã, eu só quero tirar essa roupa e tomar um banho.

E eu também só quero conversar com Ayla, entender todo esse motivo e todo esse rolo que aconteceu, mas até agora o que não tiro da minha cabeça é o que que a Amanda tava fazendo na porta da minha casa esperando eu chegar. Respiro fundo esperando qualquer tipo de noticias boa chegar.

Dantas: relaxa aí, ela tá bem - olho para Dantas que por um milagre divino não está noiado.

Rodrigues: como vocês sabiam que a gente precisava de ajuda?

Mayara: eu tava indo na casa de vocês mesmo tentar fazer a cabeça da Ayla para sair comigo hoje, mas assim que a gente chegou lá escutamos um estrondo e um monte de gritos - concordo com a cabeça e volto a ficar em silêncio.

- acompanhante da paciente Ayla Neves - um médico mauricinho entra na sala da recepção, imediatamente fico em pé - ok, essa é a quarta ou quinta vez que Ayla vem aqui em menos de dois meses exatamente com os mesmos sintomas.

Rodrigues: Oi, como assim? a gente só veio aqui, sei lá, uma vez, essa deve ser a segunda.

- bom, a segunda que você tá aqui, porque ela já veio aqui várias vezes sozinha - olho para Mayara que tá com os olhos abertos igualzinhos é o meu nesse momento, tenho certeza - a paciente Neves claramente precisa de ajuda psicológica e de tratamento, urgentemente. Ela está tendo constantemente crises silenciosas de ansiedade, a crise da Ayla não é coisas que ela revolta e tenta quebrar as coisas ou nada do tipo, a crise dela é mais entre pensamentos, ela sente dor no peito, falta de ar e constantes desmaio. O que é extremamente preocupante para uma garota que nem tem 18 anos ainda. É bastante comum que pacientes com crises de ansiedade venham ao médico, mas Ayla já veio cinco vezes e menos de dois meses, já encaminhei ela para um psicólogo, mas ela insiste em falar que não quer ir e não vai porque não tem necessidade, eu não posso oferecer medicamentos de ansiedade para uma pessoa que não foi diagnosticada ainda. O caso dela é obviamente ansiedade e provavelmente depressão, mas ela precisa passar por uma avaliação primeiro. Como ela não quer, essas crises de ansiedade precisam acabar, ela não pode ficar indo para o hospital direto sem resolver esse problema, se isso continuar acontecendo vamos precisar internar. Ayla precisa de um psicólogo, urgente!

Rodrigues: Ok - com certeza isso é muita informação para absorver - aqui no hospital tem algum tipo de psicólogo?

- tem sim - tira um cartão na bolsa - as consultas são gratuitos.

Rodrigues: obrigada - pego o cartão com o número do psicólogo - você sabe me dizer nomes de remédios que pessoas com ansiedade toma.

- nenhum desses remédios são vendidos sem receita, mas aqui tem um nome de alguns - a nota alguma coisa em um papel e me entrega - daqui a uns 15 minutos a paciente recebe alta e pode ir para casa, só preciso que ela tenha uma alimentação balanceada e durma direito, tenta evitar o maior tipo de desconforto para ela possível.

Rodrigues: obrigada, doutor - agradeço e volto a me sentar.

Dantas: o que vai fazer?

Rodrigues: apenas uma ligação - coloca o celular no ouvido - oi, Torres?!

---------------

Eita, eitaaaaa.

Feliz dia, amores!!

OPOSTAS - LÉSBICO Onde histórias criam vida. Descubra agora