08 - um lugar

437 44 26
                                    

PÂMELA RODRIGUES

Volto para a minha realidade assim que escuto gritos e vários flash de celulares sendo apontados para o meu rosto. Não só o meu como o da Ayla também.

Ayla Neves acabou de me beijar na frente da escola inteira. Bom, não foi totalmente um beijo porque não envolveu a língua, mas foi um beijo. Não pensei que nosso primeiro beijo fosse assim, não que eu estivesse imaginando meu primeiro beijo com Ayla, mas também não imaginavam que seria na frente da metade do morro.

Olho para seu rosto ainda desacreditada. O que acabou de acontecer aqui? Escuto barulhos de pessoas gritando e chamando meu nome e o da Ayla, quando Ayla vira de costas para mim e vai em direção a saída do refeitório, olho para trás e vejo Dantas e Mayara fazendo um sinal com a cabeça, como se fosse para eu ir atrás dela. Para quer eu iria atrás dela agora? Não sei, mas eu fui.

Passo por meio das pessoas, que são muitas.

Vou atrás da Ayla chamando ela que nem faz questão de olhar para trás.

Rodrigues: Ayla - chamo com um tom mais alto - ei! Espera aí! - dou uma corridinha em sua direção que não estava tão longe - ei - viro seu rosto de frente para o meu, noto seu nariz avermelhado e seus olhos brilhando com lágrimas prestes a sair.

Ayla: o que foi que eu fiz? - começa a chorar na minha frente, confesso que não sei como reagir a isso - uma hora dessa o morro todo já tá sabendo, se me pai só sonhar com isso, eu...

Rodrigues: ou, relaxa um pouco - abraço seu corpo fazendo ela apoiar sua cabeça em meu ombro, não somos próximas, mas é conveniente para o momento - vem, vou te levar em um lugar.

Ayla: lugar? - seguro sua mão e vou em direção a quadra da escola.

Fomos o caminho todo até a quadra caladas e de mãos dadas, o que foi um pouco estranho, mas nada desconfortável.

Rodrigues: tem alguém vindo? - olho para os lados fazendo ela olhar também.

Ayla: acho que não - olha aí redor - pra onde vamos?

Rodrigues: relaxa, você vai gostar - ela me olha estranha - vem! - faço ela caminhar mais rápido em direção ao beco atrás da quadra.

Ayla: é aqui que pretende me matar? - tinha que ser Ayla Neves.

Rodrigues: chegamos - paro no fim de um corredor escuro.

Ayla: você só tá confirmando minha teoria - sussurrou baixo.

Rodrigues: não é exatamente aqui - olho para uma escola que tem no canto - aqui!

Coloco a escada em uma posição em direção a portinha que tem no teto, Ayla me olha sem entender nada, dou uma risada da cara que ela faz. Subo as escadas e abro a portinha que tem no teto. E dou impulso para subir ali.

Rodrigues: vem! - chamo ela estendendo a mão.

Ayla: tem rato aí? - nego - ok - se apoia na escada e sobe, seguro sua mão para ajudar a subir.

Rodrigues: bem-vinda ao paraíso, ao meu paraíso.

Ayla: caramba - olha tudo ao redor - como achou esse lugar?

Aqui eu tenho a vista do morro todo, como eu costumo vim aqui mais pela parte do dia, coloquei um teto improvisado por conta do sol e chuva.

Rodrigues: bom, pode se dizer que eu fugir de casa um dia e fiquei rodando a escola até achar ele esse lugar - sento em um pedaço de papelão que eu deixo no chão.

OPOSTAS - LÉSBICO Onde histórias criam vida. Descubra agora