Finish Line pt:2

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CAPÍTULO QUINZE

XIAO ZHAN

Às vezes, a vida te surpreende.

De maneiras ruins, mas também boas.

A maioria das pessoas provavelmente diria que o bom e o mal se equilibram, mas não eu. Na verdade não sei qual o equilíbrio da morte – exceto, é claro, a vida.

Mas a vida e a morte estão tão entrelaçadas que é difícil mantê-las separadas.

Inferno, é fácil escolher as palavras: Vida: morte. Felicidade: tristeza. Pequeno: grande.

Mas escolher palavras que são opostas uma a outra é muito mais fácil do que desenhar uma linha entre os sentimentos.

Tudo o que eu realmente sabia era clichê.

Uma vez eu estava perdido, mas agora fui encontrado.

Encontrado pelo amor. Pela morte. Pela vida. Ser encontrado é profundamente melhor do que estar perdido.

Minha família estava de volta na minha vida, e embora nós estivéssemos diferentes, minha mãe estava certa. Nosso amor ainda era o mesmo. Já não tinha medo do amor.

Sim, eu estava com medo de perder. Sempre estaria. No entanto, eu tinha mais medo de não amar.

Jantamos no quarto, eu,  Yibo e meus pais. Às vezes, o silêncio era um pouco estranho, mas era de se esperar. Nós conversamos um pouco sobre Matt, sobre o que aconteceu e sobre como eu corri. Como eles queriam que eu não o tivesse feito.

Eu não pedi desculpas, porque a verdade é que eu não estava arrependido. Fiz o que eu tinha que fazer. Se não tivesse corrido, poderia nunca ter encontrado Yibo. Se eu não tivesse me perdido, ele nunca teria me encontrado.

Principalmente, falamos sobre meu trabalho, Gamble e a corrida. Nós conversamos sobre o nosso casamento, e  Yibo sentou-se secretamente encantado com os meus pais que o aceitaram no segundo em que entraram em nossa sala.

Bem, não era um segredo para mim. Obviamente. Mas com certeza não o chamei.

Quando estávamos terminando o jantar, Mian e Haiukan bateram na porta.

Acontece que eles sabiam que meus pais estavam na cidade. Eles já se conheceram. Mian disse que estava ansiosa para ver como as coisas estavam acontecendo, mas eu sabia apenas pelo olhar que era Haiukan que queria realmente fazer algumas verificações.

Ele precisava ver por si mesmo, se os meus pais estavam tratando Yibo do jeito que ele merecia. Eu respeitava isso.

Mamãe chorou quando papai a tirou do quarto. Eles brigaram todo o caminho até o elevador sobre como eu precisava dormir desde que eu me casaria amanhã.

Eles não mudaram em nada. Exceto por algumas rugas e alguns cabelos grisalhos.

Foi um pouco inquietante porque me sentia tão diferente.

“Vamos,  Yibo.” Mian disse no segundo em que me deixei voltar para a sala.”

Fiquei instantaneamente alerta. “Ir aonde?”

Ela fez um som grosseiro. “Vocês não podem ficar no mesmo quarto esta noite,”

Anunciou. “Vocês não podem ver um ao outro até o casamento.”

“Não,” Yibo e eu declaramos ao mesmo tempo.

Haiukan latiu uma risada. “Eu te disse,” ele falou para Mian.

Ela deu um olhar malicioso, então virou-se para nós. “É tradição.”

“Olhe para nós,” brincou  Yibo. “Alguma coisa sobre nós é tradicional?”

O queixo de Mian caiu. “É má sorte.”

“É estúpido,” argumentei.

Ela cruzou os braços sobre o peito, virando os olhos tristes para Yibo. “Você negaria isso para a sua única irmã?”

Eu gritei. Essa merda não funcionaria.

 Yibo suspirou.

“Ei!” Protestei. Essa merda não deveria funcionar! “De jeito nenhum.”

 Yibo olhou para mim com um olhar entristecido.

Bem, merda. Eu não estava prestes a colocá-lo nesta posição. Apanhado entre mim e Mian. Ela era importante para ele. A família que o levou quando não tinha nenhuma.

“Tudo bem.” Suspirei.

Mian sorriu triunfante, virando-se para  Yibo. “Você pode ficar em nossa suíte esta noite. O sofá é grande.”

 Yibo se moveu em minha direção, mas Mian o interceptou. “Guarde para amanhã.”

Ao levá-lo da sala, eu os assisti ir com partes iguais de horror e resignação. Esta iria ser uma longa e fodida noite.

“Vejo você de manhã,” Haiukan falou pausadamente.

Parecia estúpido, mas quando eles entraram no elevador, um sentimento de vazio apertou meu estômago.

Tomei um banho, coloquei o serviço de quarto no corredor, passei pelos canais da TV e depois finalmente desisti e fui para o quarto.

Fiquei pensando.

Dizer que hoje tinha sido sobrecarregado era um eufemismo. A entrevista, a sessão de fotos, tatuagens, e meus pais... Parecia um ano inteiro amontoado em várias horas.

Agora que eu estava sozinho, o quarto estava escuro e silencioso, e tudo meio que me atingiu de uma vez.

Tirando os cobertores, saio da cama e vago até a janela.

A pista estava toda iluminada, as pessoas estavam trabalhando.

Havia uma pedra no meu estômago, um sentimento inesgotável batendo ao redor da minha pele. Minha mão bateu contra a janela, um flash de branco pegando meus olhos.

Olhando por cima, vi o curativo ainda enrolado em torno da minha nova tatuagem.

Uma aliança de casamento. Um nome.

A minha vida inteira.

Girando para longe da janela, praticamente segui até a porta. Ela bate contra a parede quando eu abri, saindo da sala. Focado em minha missão, levou um segundo para registrar alguém movendo-se no corredor para mim.

Nós dois paramos. Olhando fixamente.

Yibo estava descalço, sem camisa. Seu cabelo estava amassado como se ele tivesse corrido as mãos, um gesto que ele faz quando está inquieto.

Lembrei-me da primeira noite que passamos no nosso apartamento, de volta quando era apenas dele. Tentei ficar na minha casa naquela noite... e nós dois acabamos no corredor, procurando pelo outro.

Estendi a mão.  Yibo retornou para casa.

Sem dizer nada, voltamos para o nosso quarto, fechando a porta atrás de nós.

“Você está bem?” Perguntou. Ele estava preocupado comigo.

“Estou muito melhor agora.”

Com um sorriso mal-humorado, ele confessou, “eu escapei.”

“Eu estava prestes a sequestrar você,” eu disse, retornando o sorriso dele.

“Eu vou ter que voltar pela manhã.”

“Você está aqui agora.” Levantando o braço, beijei a palma da mão dele.

“Vamos para a cama, Zhan,” murmurou, me puxando com ele enquanto caminhava.

“Vou a qualquer lugar com você, baby.”

 Todas as coisas sobre se amarrar:

Tanto os romanos antigos como os egípcios acreditavam que uma veia – chamada vena amoris em latim – corria diretamente do dedo para o coração.

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