24. Temporada de Seleções

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Carol respirava fundo enquanto caminhava pelo aeroporto, sentindo o peso do último mês em seus ombros. A despedida de Anne no mês anterior ainda estava fresca em sua memória. Com o pedido de casamento ainda reverberando em sua mente, era hora de retornar à realidade. A temporada de seleções já tinha começado, e a VNL a aguardava.

O aeroporto estava movimentado, como de costume, mas Carol se sentia alheia ao burburinho ao seu redor. Sua mente estava focada no que estava por vir. Ela mal havia saído de uma temporada intensa de clube com o Sesc Rio e já estava prestes a encarar mais uma série de desafios, dessa vez com a camisa da Seleção. A pressão era familiar, mas não menos intensa. Ela sabia o quanto esse período seria difícil, e já estava sendo, especialmente porque Anne estaria longe, jogando pela Holanda.

A seleção brasileira competiria a importante competição da VNL nos EUA, jogando contra China, Japão e Holanda, então certamente encontraria Anne por lá. No entanto, seleção holandesa estaria em outra cidade nos primeiros dias de competição,
enfrentando a Tailândia e Alemanha, para então no fim enfrentar Brasil.

Enquanto caminhava em direção ao portão de embarque, sentiu o celular vibrar em seu bolso. Era uma mensagem de Anne.

— Ei, amor. Já embarcando?

Carol sorriu ao ler a mensagem. Mesmo à distância, Anne fazia questão de se manter presente. Elas haviam prometido que não deixariam a distância atrapalhar o relacionamento. Mas promessas são fáceis de fazer; cumpri-las, em meio a competições acirradas e treinos intensos, seria o verdadeiro desafio.

— Sim, quase lá. E você? Chegou bem nos EUA?

Demorou apenas alguns segundos para Anne responder.

— Cheguei sim. Mas sinto sua falta. Não esquece que tô sempre aqui, mesmo longe.

Aquelas palavras aqueceram o coração de Carol, que digitou uma resposta rápida antes de colocar o celular no modo avião.

— Também sinto sua falta. Mas vamos fazer isso dar certo. Eu te amo.

Ao embarcar no avião, Carol encontrou seu assento e se acomodou. A viagem seria longa, mas ela estava acostumada. Enquanto o avião decolava, ela olhou pela janela, observando o Rio de Janeiro se afastar aos poucos. Seus pensamentos logo voltaram para o que a aguardava na concentração.

Carol sabia que o time estava em ótima forma, mas também que havia muito trabalho pela frente. Ela seria uma das principais jogadoras, carregando a responsabilidade de liderar dentro e fora de quadra. Era um papel que ela conhecia bem, mas que sempre vinha acompanhado de uma dose de nervosismo.

Enquanto o avião cortava o céu, Carol não conseguia evitar pensar em Anne. Sabia que a namorada estaria passando pelos mesmos desafios em uma cidade longe e diferente. Anne era uma das jogadoras mais talentosas de sua geração, e sua presença na seleção holandesa era crucial. Mas a distância... Ah, a distância seria uma adversária implacável. Ambas estavam acostumadas à vida de atleta, aos sacrifícios e às constantes mudanças de cidade, mas é tudo diferente após um pedido de casamento.

As semanas separadas treinando antes do campeonato, com Carol em Saquarema e Anne na Holanda já haviam sido um tanto quanto difíceis, apesar de que toda vez que Carol atendia o celular e via a o rostinho de Anne do outro lado da tela, tudo parecia valer a pena.

Carol fechou os olhos, tentando relaxar. Lembrou-se do pedido de casamento. Foi uma surpresa, um momento íntimo durante as férias, quando estavam finalmente livres das pressões dos jogos. Aquele anel em sua mão esquerda era mais do que uma joia; era uma promessa de um futuro juntas, uma promessa de que, não importa o quão difícil as coisas ficassem, elas sempre encontrariam o caminho de volta uma para a outra.

Court Lights | BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora