Court Lights | Buijrol

19. Copacabana e Semifinal

CAROL POV

Eu não conseguia tirar o beijo de Anne da minha cabeça. Cada vez que fechava os olhos, era como se sentisse novamente o calor dos seus lábios contra os meus. A noite passada parecia um sonho, e mesmo agora, enquanto eu me preparava para a semifinal contra o Brasília, a lembrança me envolvia em uma onda de emoções conflitantes.

Mas eu sabia que precisava me concentrar. O jogo era crucial, e todas no time contavam comigo para liderar. Enquanto eu amarrava meus tênis, respirei fundo, tentando afastar qualquer distração. Precisávamos ganhar esse jogo para chegar à final, e nada poderia interferir nisso.

Anne entrou no vestiário logo em seguida, seu olhar encontrando o meu instantaneamente. Havia um entendimento silencioso entre nós, um acordo tácito de que, apesar do que aconteceu na noite anterior, hoje seria sobre o jogo. Mas não pude deixar de notar o brilho em seus olhos, algo que só eu parecia enxergar.

As outras meninas estavam agitadas, falando sobre táticas e pontos fortes do Brasília, enquanto eu e Anne trocávamos olhares furtivos, cada um carregando uma promessa não dita. Quando finalmente nos reunimos para a última conversa antes de entrar em quadra, senti o peso da responsabilidade em meus ombros, mas também a força de ter Anne ao meu lado.

— Vamos mostrar para elas quem manda! — Gabi exclamou, levantando o punho em um gesto de motivação, e todas nós aplaudimos em resposta.

Eu assenti, tomando a dianteira. — É isso aí, meninas. Estamos a um passo da final. Não podemos deixar que nada nos distraia ou abale nossa confiança. Jogamos com o coração, mas também com a cabeça. Estamos unidas, e é isso que nos fará ganhar.

Anne, sempre reservada, apenas balançou a cabeça em aprovação, mas eu sabia que ela sentia o mesmo. Estávamos mais unidas do que nunca, e isso refletiria em nosso jogo.

Quando entramos em quadra, o ginásio estava lotado, os gritos da torcida ecoando pelas paredes. O Brasília tinha uma equipe forte, mas eu sentia que tínhamos uma vantagem. Nosso time estava em sintonia, e eu podia ver a determinação no rosto de cada uma.

O jogo começou com uma intensidade brutal. Cada ponto era disputado ferozmente, e o Brasília não nos dava um centímetro de vantagem. Eu sentia a pressão aumentar a cada saque, mas também sabia que estávamos preparadas para isso.

Anne estava jogando excepcionalmente bem, cada movimento seu era preciso e cheio de força. Quando ela subiu para um bloqueio, parando um ataque poderoso do Brasília, o ginásio explodiu em aplausos. Senti uma onda de orgulho percorrer meu corpo — ela estava em seu auge, e isso só me fazia admirá-la ainda mais.

O primeiro set foi uma batalha acirrada, com as duas equipes trocando pontos como se estivessem em um duelo de titãs. A tensão era palpável, e o placar refletia o equilíbrio entre os times. Cada jogada, cada decisão em quadra, era crucial. Sentíamos a pressão, mas também sabíamos que estávamos à altura do desafio.

Nos últimos minutos do set, o Brasília começou a pressionar mais forte. Suas jogadoras pareciam estar em perfeita harmonia, atacando com precisão e velocidade. Elas abriram uma pequena vantagem, e o treinador pediu tempo técnico. No vestiário improvisado, o silêncio era pesado, quebrado apenas pelo som das respirações ofegantes. Eu podia ver a determinação nos olhos de cada uma das meninas, mas também percebia o cansaço começando a pesar.

O técnico nos passou algumas instruções rápidas, ajustando nossa defesa e orientando ataques mais rápidos. Mas, no fundo, eu sabia que o que precisávamos era de uma faísca — algo que reacendesse a chama em nosso time.

— Meninas, — eu disse, levantando-me e chamando a atenção de todas. — Nós chegamos até aqui juntas. Cada uma de nós deu tudo de si para chegar a essa semifinal. E agora estamos tão perto... tão perto de alcançar o que sempre sonhamos. Precisamos lembrar o porquê de estarmos aqui. Não é só por nós mesmas, mas por cada uma que está ao nosso lado. Eu acredito em todas vocês. Acreditem em si mesmas também.