14. Café

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No dia seguinte, Carol acordou com uma sensação estranha no peito. A noite de festa com as meninas ajudou a distraí-la por um tempo, mas a realidade voltou com força total assim que abriu os olhos. Ainda deitada na cama, ela sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Hoje, finalmente, enfrentaria Marcela.

Gabi já estava acordada e preparava um café da manhã simples na cozinha. Carol arrastou-se até a mesa, sentindo a cabeça latejando levemente, uma lembrança do vinho que tinha bebido na noite anterior.

— Como você está? — perguntou Gabi, enquanto servia uma xícara de café para Carol.

— Como alguém prestes a pular de um penhasco — respondeu Carol, pegando a xícara com ambas as mãos, sentindo o calor reconfortante.

— Vai dar tudo certo — disse Gabi com um sorriso encorajador. — Você só precisa ser honesta. A Marcela merece saber o que está acontecendo.

Carol assentiu, sabendo que Gabi estava certa, mas isso não tornava a situação menos assustadora. Tomou seu café da manhã em silêncio, preparando-se mentalmente para o que estava por vir.

Depois de comer, ela voltou para o quarto e se arrumou com calma, escolhendo uma roupa simples, mas confortável. Quando estava pronta, pegou o celular e viu que Marcela havia respondido.

Marcela
— Claro, Carol. Podemos nos encontrar às 14h no café de sempre?

Carol sentiu um frio na espinha ao ler a mensagem. Esse encontro seria definitivo, e ela não podia adiar mais. Com os nervos à flor da pele, respondeu rapidamente.

— Tudo bem, te vejo lá

Desligou o celular e respirou fundo, tentando manter a calma. Sentia-se como uma corda prestes a estourar, mas sabia que não podia recuar.

— Vou sair, Gabi — disse, ao passar pela sala. — Preciso resolver isso logo.

— Boa sorte, Carol — disse Gabi, com um olhar de apoio. — Estou aqui se precisar de qualquer coisa.

Carol sorriu levemente e saiu do apartamento. O caminho até o café parecia mais longo do que nunca, e a cada passo, sentia o coração bater mais forte. Quando chegou, Marcela já estava lá, sentada em uma mesa no canto, olhando distraída para a rua.

Carol aproximou-se lentamente, e Marcela sorriu ao vê-la, mas havia uma leve tensão no ar que Carol não podia ignorar.

— Oi, Carol — disse Marcela, quando ela se sentou à mesa. — Você parecia preocupada na mensagem. O que está acontecendo?

Carol engoliu em seco, tentando organizar seus pensamentos. Não sabia exatamente como começar, mas sabia que a honestidade era sua única opção.

— Marcela, eu... — começou, sentindo a voz vacilar. — Eu não sei como dizer isso, então vou direto ao ponto. As coisas entre nós estão complicadas. Nos afastamos nos últimos meses, e acho que ambos sabemos que algo mudou.

Marcela franziu a testa, claramente preocupada.

— O que você quer dizer com isso, Carol? — perguntou ela, a voz hesitante.

Carol fechou os olhos por um momento, reunindo coragem.

— Eu me envolvi com outra pessoa, Marcela. E isso me fez perceber que nossos sentimentos já não são os mesmos. Sei que te devo uma explicação, e estou aqui para ser sincera com você.

Houve um silêncio pesado entre elas. Marcela olhou para Carol, surpresa e magoada, mas se manteve calma.

— Com quem, Carol? — perguntou Marcela, com uma mistura de tristeza e curiosidade.

— Com a Anne — disse Carol, sem conseguir encarar Marcela nos olhos. — Mas isso não é o mais importante agora. Eu só quero que você saiba que nunca foi minha intenção te machucar. E sinto muito por tudo isso.

Marcela respirou fundo, processando a informação. Ficou em silêncio por alguns minutos, olhando para a mesa, antes de finalmente falar.

— Eu sabia que algo estava errado, mas não imaginei que fosse isso — disse ela, com a voz trêmula. — Isso dói, Carol. Dói muito. Eu me entreguei a você, você realmente significou muito pra minha vida por muito tempo. Mas parece que não signifiquei nada pra você.

Marcela ameaçou se levantar da mesa, porém foi impedida por Carolina, que segurou forte seu braço.

— Eu realmente sinto muito, Marcela — disse Carol, com sinceridade. — Você é uma pessoa incrível, e eu espero que um dia você possa me perdoar.

Marcela olhou para Carol, e apesar da dor em seus olhos, havia uma certa compreensão ali.

— Sinceramente? Não estou com cabeça pra ficar ouvindo mais disso hoje. Não queria prolongar as coisas, mas o certo é que esfriemos a cabeça. Podemos conversar de novo outro dia?

As duas ficaram em silêncio por um tempo, apenas processando o que havia sido dito.

Carol não queria de jeito nenhum prolongar a situação, mas a discussão de hoje não estava levando à nada.

Depois de mais alguns minutos, Carol se levantou e olhou para Marcela.

— Tá. Daqui 4 dias, mesmo horário e mesmo lugar. Se cuida.

— Você também, Carol — respondeu Marcela, com um leve aceno de cabeça.

Carol saiu do café, sentindo-se emocionalmente exausta, e ao mesmo tempo, incompleta. O dia estava ensolarado, mas ela sentia uma tristeza persistente em seu coração.

Quando chegou em casa, Gabi estava esperando por ela na sala, claramente ansiosa para saber como tinha sido o encontro.

— E aí? Como foi? — perguntou Gabi, enquanto Carol se jogava no sofá.

— Não deu para resolver tudo que eu queria. Não sei se vou conseguir, Gabriela — Carol falou, segurando as lágrimas. Depois disso, explicou para Gabi exatamente o que tinha acontecido, e a mesma consolou ela.

Sua mente estava cheia de pensamentos confusos. E entre eles, uma imagem se destacava: a de Anne, com seu sorriso tímido e os olhos cheios de emoção. Era difícil ignorar o impacto que Anne tinha sobre ela, e quanto mais pensava nisso, mais sentia que precisava resolver as coisas entre elas também.

O próximo passo seria ainda mais complicado, mas Carol estava decidida a enfrentar o que viesse pela frente. Mesmo que isso significasse colocar seu coração em risco mais uma vez.

Notas da autora: Oii gente, me deem um feedback ai pelos comentários. Está legal? Tá muito enrolado? Estão gostando? Enfim, me deixem saber o que vcs estão pensando sobre a fic para eu poder melhorá-la!
E deixem uma estrelinha✨⭐️

Court Lights | BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora