A manhã seguinte começou com a típica rotina de preparação. As jogadoras acordaram cedo, ajustando seus uniformes e amarrando seus cadarços com a precisão de quem já fez aquilo milhares de vezes. Carol seguia a mesma rotina, mas sentia um peso adicional na alma. Embora se esforçasse para manter a mente no presente, Anne ainda ocupava um espaço significativo em seus pensamentos.O treino daquela manhã foi particularmente exigente, com o treinador Zé Roberto focando em aperfeiçoar a defesa. Carol estava no centro da ação, comandando a equipe com sua voz firme e movimentos ágeis. No entanto, a tensão em seus ombros não passava despercebida pelas colegas.
Gabi, sempre atenta, notou a expressão mais tensa de Carol durante uma pausa. Elas se aproximaram para uma rápida troca de olhares antes de Gabi romper o silêncio.
— Carol, você tá conseguindo segurar essa pressão toda? — perguntou Gabi, com uma preocupação sincera em sua voz.
Carol suspirou, passando a mão pela testa para secar o suor.
— Tá difícil, Gabi. Eu sabia que seria assim, mas sentir a distância agora... parece mais real, sabe?
Gabi assentiu, tocando o braço de Carol em apoio.
— É, eu consigo imaginar. Mas olha, você não tá sozinha nisso.
Carol sorriu de canto, agradecendo internamente pela amizade de Gabi. A lembrança de Anne torcendo por ela do outro lado do mundo trouxe um calor reconfortante ao seu peito.
O treino seguiu intenso, mas Carol, agora renovada pela breve conversa com Gabi, estava mais focada. Cada lance, cada passe era executado com precisão. A equipe inteira parecia funcionar como uma máquina bem ajustada, algo que enchia Carol de orgulho.
Quando o treino finalmente chegou ao fim, todas as jogadoras estavam exaustas, mas o sentimento de dever cumprido era palpável. Carol e Gabi decidiram ficar na quadra um pouco mais, praticando alguns saques e passes.
— Sabe, Carol — começou Gabi, enquanto se posicionava para mais um saque —, eu acho que esse vai ser um dos anos mais difíceis, mas também um dos mais gratificantes. A gente tá numa fase muito especial da carreira, e temos que aproveitar cada momento.
Carol concordou, pegando a bola e preparando-se para um saque.
— Eu sei, Gabi. E você tem razão, a gente precisa aproveitar. Esses momentos que a gente compartilha aqui, mesmo com todas as dificuldades, são os que vão ficar pra sempre.
Elas continuaram a jogar, rindo e competindo amigavelmente até o sol começar a descer no horizonte, lançando sombras longas sobre a quadra. Era um lembrete de que, apesar das dificuldades, havia beleza na jornada.
Naquela noite, o cansaço finalmente começou a vencer Carol. De volta ao quarto, após o jantar, ela se deitou na cama, pegando o celular para ver as mensagens antes de dormir. Havia uma nova mensagem de Anne, mas desta vez, Carol hesitou antes de abrir.
Finalmente, clicou para ler.
— Hoje foi um dia puxado, mas tô pensando em você. Sei que estamos meio longe tem tempo, mas só queria que soubesse que eu acredito em você. Sempre. Te amo.
As palavras de Anne aqueceram o coração de Carol, mas também trouxeram uma onda de saudade tão forte que quase doeu. Ela respondeu com o coração na ponta dos dedos.
— Eu também te amo. Boa noite, meu amor.
Fechando os olhos, Carol sentiu o sono começar a tomá-la. O dia seguinte seria mais um passo nessa longa jornada, e ela sabia que, apesar de tudo, não estava sozinha.
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Court Lights | Buijrol
RomanceSinopse: Quando a promissora jogadora de vôlei Anne Buijs é transferida para o Sesc Rio, ela imediatamente desafia Carolana, a estrela da equipe, tanto em quadra quanto fora dela. A tensão entre as duas é palpável, e o que começa como uma rivalidad...