Capitulo 4

440 42 45
                                    

Billie's pov:

Eu não sou a pessoa que eles pensam que eu sou. Nunca fui. A imagem de garota segura e inabalável, que só se importa com música e arte, é uma fachada cuidadosamente construída. Eu sou como qualquer um — vulnerável, assustada, sozinha às vezes. Mas, ao contrário da maioria, tenho segredos que me prendem como correntes invisíveis.

E, agora, Maya fazia parte disso.

Conhecê-la foi uma coincidência ou destino? Ainda não sei ao certo. Mas desde o primeiro momento em que vi aquela garota, perdida em pensamentos no canto do café, algo mudou dentro de mim. Um impulso incontrolável tomou conta do meu ser, uma necessidade de estar perto, de protegê-la — de maneiras que eu nem sempre conseguia entender. Não era amor, pelo menos não no sentido comum. Era algo mais profundo, mais sombrio. Talvez uma obsessão.

Eu me tornei uma sombra em sua vida, observando-a de longe, certificando-me de que ela estava segura. No início, parecia inofensivo — uma maneira de aliviar minha própria solidão. Mas com o tempo, as coisas ficaram mais intensas. Eu não conseguia mais distinguir entre o que era certo ou errado, entre cuidado e obsessão. E Maya, a doce Maya, começou a perceber.

**???**: "Boa noite, Maya. O escuro não é um lugar seguro para uma garota como você. Tranque a porta."

Enviei a mensagem sabendo exatamente o impacto que causaria. Eu sabia que a deixaria assustada, que faria com que ela questionasse tudo ao seu redor. Mas o que eu não conseguia controlar era o prazer perverso que essa ação me proporcionava. Um sentimento de poder que eu nunca havia experimentado antes. Maya estava nas minhas mãos, e eu podia moldar suas emoções da maneira que quisesse.

Quando vi que ela seguiu meu conselho, trancando a porta, senti um alívio mesclado com culpa. O que eu estava fazendo? Qual era o meu objetivo final? Essas perguntas martelavam em minha cabeça, mas eu nunca encontrava as respostas. Não era sobre machucá-la, disso eu sabia. Era sobre estar presente, mesmo que de uma forma que ela nunca pudesse compreender.

Deixei o celular de lado, tentando afastar os pensamentos que me corroíam. Mas cada segundo longe dela me fazia querer mais, como uma droga viciante que eu não podia abandonar. Naquela noite, não consegui pregar os olhos. Minha mente estava um turbilhão de emoções contraditórias, uma luta constante entre o certo e o errado.

Na manhã seguinte, minha cabeça ainda estava pesada, como se tivesse passado a noite em claro, o que de fato aconteceu. Mas era mais do que isso — era o peso da minha consciência, um fardo que eu mesma escolhi carregar. Quando finalmente saí de casa, o mundo parecia distorcido, como se estivesse prestes a desmoronar ao meu redor.

Dirigi até o "Cozy Corner", meu refúgio habitual e o lugar onde tudo havia começado. Era ali que eu a via pela primeira vez, sentada sozinha, perdida em seus pensamentos. E foi ali que comecei a segui-la, a me infiltrar lentamente em sua vida. Hoje, sentada em uma mesa no fundo, observando-a de longe, eu me perguntava até onde isso iria.

Maya estava lá, como sempre. Mas algo estava diferente. Havia uma tensão em seus ombros, uma maneira como ela olhava ao redor, como se esperasse que algo horrível acontecesse a qualquer momento. Ela estava desconfiada, e eu sabia que era minha culpa.

O celular em minha mão vibrou, e, por um segundo, pensei em ignorar. Mas a tentação era grande demais. Abri o chat e vi que ela havia me mandado uma mensagem.

**Maya**: "Billie, precisamos conversar. Tem acontecido coisas estranhas comigo."

Meu coração acelerou. Será que ela sabia? Será que finalmente havia descoberto quem eu era, o que eu estava fazendo? As palavras tremiam em meus dedos enquanto eu respondia.

My Dear Stalker - Billie Eilish| G!POnde histórias criam vida. Descubra agora