Ganhando espaço

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💙🚬

Eu nunca fui pra casa de um amigo. Não sem fins alcoólicos, ilícitos ou só jogar videogame. Namjoon e Hoseok me chamaram alguma vezes pra conversar e ficar de bobeira juntos, mas eu sempre mantive uma distância segura. Meu instinto de autopreservação sempre optou por interações mais rasas ainda que eles tentassem muito derrubar meus muros.

Eu era só um esquisito com franja emo quicando uma bola de basquete sozinho na quadra da faculdade. Eles por algum motivo me acharam legal o bastante pra andar com eles e desde então a gente não faz quase nada separado. Quase.

É como se eu tivesse uma vida dupla: uma perfeita, com notas perfeitas, amigos perfeitos, futuro perfeito, sorrisos e conversas amenas. E uma feia, triste, fria e solitária.

Eu faria qualquer coisa por eles, os caras literalmente fazem a minha vida melhor e mais leve, mas eu sei que eles também fariam qualquer coisa por mim e é por isso que eu não compartilho minhas merdas com eles. Eu não suportaria perder eles por causa do caos que é a minha vida.

Park Jimin tem efeitos diferentes sobre mim, ele faz eu me comportar de um jeito completamente diferente sem que eu sequer note. Desde que ele me pediu um isqueiro naquele meio-fio, é como se todas as barreiras que eu levantei a minha vida toda não fizessem mais sentido. A razão dizia pra que eu não deixasse ele ganhar tanto espaço, ela dizia que ele iria embora logo e que ia doer se eu não me protegesse.

A minha razão sempre regia tudo, até que a emoção começou a levantar a voz. Uma parte de mim não queria que Jimin fosse embora e, essa mesma parte, buscava ser boa o suficiente pra ele ficar ao invés de só fingir que não se importa ou esperar que o pior aconteça sem que eu tenha feito nada a respeito. Eu não me condenava pelas minhas atitudes até então, eu sei o que eu passei, mas se eu queria tanto que Jimin ficasse na minha vida, eu deveria ceder.

Seria mais fácil não fazer nada e ele simplesmente ir embora como eu esperava que ele fizesse, mas pensando bem, não tornaria a partida menos dolorosa. Talvez eu me arrependesse de não ter sido bom pra ele como ele tem sido pra mim. Eu não queria perdê-lo e acho que assumir isso é um bom começo.

E é por esse motivo que agora estou aqui parado em frente à porta de Park Jimin sem saber muito bem como essa coisa de amizade funciona de verdade, sem saber o que fazer ou como agir, mas querendo muito tentar.

Toco a campainha e a Sra. Park não demora a atender vestindo um avental e seu sorriso gentil.

- Você chegou! Entra, entra, entra que o bolo tá quentinho.

- Obrigado por me receber. - me curvo em respeito e ela me conduz me abrançando pelo ombro.

- Pode subir e chamar o Minnie, por favor? - assinto e subo a escadaria imponente de mármore.

- Jimin... - bato de leve na porta e aguardo.

- Ah! Você chegou! Pode me ajudar? - ele me recebe eufórico e eu entro no cômodo. - Me ajuda a levar esses jogos lá pra baixo, por favor? - ele me passa uma pilha de jogos de tabuleiro e volta a procurar mais alguma coisa.

- O que...?

- Vou só pegar umas canetas e papel pra caso a gente jogue adedanha e... - ele pega os itens que precisa e balança de forma animada. - prontinho! Vamos?

Na sala, Sra. Park havia montado uma mesinha com lanches gostosos e arrastado os móveis para o canto, deixando um bom espaço vazio no centro.

- O que acha de uma noite de jogos com a família Park? - Jimin pergunta com um sorriso que faz seus olhos virarem dois risquinhos.

FOOLS [ JJK PJM ]Onde histórias criam vida. Descubra agora