CAPÍTULO 070

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Ariana Cardoso


Acordei e olhei pro lado, vendo que Richard ainda dormia.
Levantei com cuidado para não acordar ele e fui para a cozinha.

Comecei a preparar o café da manhã, mais por hábito do que por fome. Fiz o café, torrei algumas fatias de pão e fritei ovos. Mas a cada movimento, minha mente voltava à discussão, ao ciúmes besta do Richard.

Quando estava colocando a mesa, senti sua presença na porta da cozinha. Não precisei me virar para saber que ele estava ali, observando. Fiquei na expectativa de um "bom dia", alguma outra coisa, mas ele não disse nada. Eu também permaneci em silêncio.

Peguei minha xícara junto com o prato e fui para a sala, tentando me concentrar em qualquer outra coisa. Liguei a TV, mas nem prestei atenção no que estava passando.

Depois de um tempo, ouvi os passos dele se aproximando. Ele parou na porta da sala, me encarou por um instante e disse:

Richard: Tô indo pro CT. - eu assenti com a cabeça e ele saiu sem dizer mais nada.

Fiquei ali, olhando para a TV, sem realmente ver nada. A mágoa foi crescendo, e eu comecei a me perguntar como a nossa relação tinha chegado a esse ponto. Ele estava me tratando como se eu tivesse feito algo horrível, quando, na verdade, eu não tinha culpa de nada.

De repente, uma sensação estranha tomou conta do meu corpo. Meu estômago deu uma volta inesperada, e senti uma onda de náusea me invadir. Tentei ignorar, pensando que talvez fosse apenas o nervosismo, mas a sensação só piorou.

Levantei rápido e corri para o banheiro, mal conseguindo chegar a tempo de vomitar tudo o que havia comido no café.

Eu achei que esses mal estar tinham passado, pensei que não voltaria mais. Agora, com tudo isso voltando, uma preocupação ainda maior começou a se formar em minha mente. E a única coisa que vem na mente é gravidez.

Escovei os dentes, tomei um banho e vestir um vestido de alcinha.
Peguei minha bolsa e fui na farmácia mais perto aqui da casa do Ríos.

Saí de casa com a cabeça cheia de pensamentos, tentando não me deixar levar pelo nervosismo enquanto andava até a farmácia.
Meu coração tava disparado, e parecia que a cada passo que eu dava, o peso da incerteza ficava maior.

Entrei na farmácia e caminhei diretamente até a prateleira de testes de gravidez. Meus olhos correram rapidamente pelas marcas, e sem pensar muito, peguei três de uma vez e passei pelo caixa.

Cheguei em casa com as mãos trêmulas, segurando o saquinho da farmácia como se ele fosse uma bomba prestes a explodir. Fechei a porta atrás de mim e fui direto para o quarto. Coloquei os testes em cima da cama e fiquei parada por um tempo, encarando eles.
Parecia até surreal que eu estivesse nessa situação. Richard e eu estávamos brigados, e agora, diante dessa possibilidade, eu não fazia ideia de como lidar.

Respirei fundo e peguei o primeiro teste. Fiz o que tinha que fazer, sem conseguir controlar o tremor nas mãos. Coloquei o teste em cima da pia e voltei para a cama, sentindo meu estômago revirar de nervosismo. O tempo parecia se arrastar.
O silêncio da casa era quase ensurdecedor.

Fiz o segundo teste, na esperança de que estivesse sendo apenas paranóica, que tudo fosse só uma coincidência.Quando os minutos finalmente passaram e levantei devagar. Fui até o banheiro e olhei para o primeiro teste.

Dois tracinhos rosas.

DOIS!

Meu coração quase parou. Peguei o segundo.

Caralho.

A mesma coisa do primeiro. Dois traços rosas.

Minha mente ficou em branco por um momento, como se o choque fosse forte demais para ser processado. Eu tô... grávida?

Isso realmente estava acontecendo comigo?

Ainda assim, com a esperança absurda de que os dois primeiros estivessem errados, peguei o terceiro teste. Fiz o último, voltei para a cama e me encolhi, abraçando meus joelhos.
Mais alguns minutos de espera, os mais longos da minha vida. Quando o tempo passou, levantei, tentando me preparar para o que quer que viesse.

Peguei o último teste e li: "Grávida, 7 semanas."

PUTA QUE PARIU.

Foi como se o mundo tivesse parado por um momento. Tudo se tornou uma confusão de emoções: medo, choque, alegria que eu não queria admitir e, acima de tudo, uma sensação de que eu não estava pronta.

Eu não sei o que fazer.

Eu não sei como contar isso pro Richard. Especialmente agora, com ele todo chateado comigo.

Sentei no chão do banheiro, abraçando os joelhos e comecei a chorar. As lágrimas vinham com força, como se todo o estresse, a incerteza e o medo das últimas semanas estivessem explodindo de uma vez.
Eu soluçava, incapaz de controlar a torrente de emoções que tomou conta de mim.

Depois de uns 30 minutos sentada no chão do banheiro me desmanchando em lágrimas, me forcei a levantar. Sequei o rosto, olhei para os três testes e, sem saber direito o que fazer, decidi guardar eles. Não quero contar ao Richard agora, tenho que digeri primeiro.

Não quero que essa notícia fosse ofuscada por nossa discussão. Ele merecia saber de um jeito especial. Então decidi que vou contar a ele no dia do aniversário dele, que tá perto por sinal.
Até lá, vou esconder e lidar com essa novidade sozinha.

Passei a mão na barriga de forma instintiva e suspirei. Tudo estava prestes a mudar, e eu só esperava que estivesse pronta para o que viria a seguir.

Nossa conexão // Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora