CAPÍTULO 053

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Ariana Cardoso

Hoje é mais um clássico entre Palmeiras e Corinthians, e a tensão no ar era quase palpável.
Os meninos treinaram pra caraca esses dias e eu tô confiante, assim como eles.

A minha vida tá bem corrida.

Indo pra faculdade fazer prova, vindo pra estágio, tenho minha vida pessoal também...Tá uma loucura total, mas tô amando essa correria.
Falta pouco para minha formatura e eu desespero com o TCC.

Os jogadores agora estão se arrumando pro jogo que começa as 16h e hoje eu nem vi meu colombiano lindo.
Saiu cedo e daí não vi mais ele, cheguei no Allianz mas a gente não se bateu.

Organizei uma coisas com Clara e Taís, depois fomos pro nosso devido lugar.

Jogo começou tem 13 minutos e tá tudo fluindo muito bem, nada aconteceu e o Palmeiras tá com 70% de posse de bola.
E como fisioterapeuta do time, eu estou na beira do campo, atenta a cada movimento. Meu colombiano tá todo na marra de jogador dele, um gostoso.
Ele estar super focado, concentrado, e eu sabia o quanto ele queria dar o melhor de si nesse jogo.

O jogo tá intenso, como esperado, mas Richard estava se saindo bem, controlando o meio-campo com maestria. Eu não conseguia tirar os olhos dele, tô orgulhosa de ver ele jogar com tanta paixão. Mas em um lance rápido, ele cometeu uma falta. Foi leve, na minha opinião, mas o jogador do Corinthians não gostou nem um pouco.

Em questão de segundos o jogador rival foi para cima de Richard, encarando ele com uma expressão de raiva. Meu coração pulou na garganta quando vi Richard não recuar nem um centímetro, ele também foi para cima, a postura firme e desafiadora. A troca de palavras acaloradas não demorou a virar um empurra-empurra. A situação rapidamente escalou, com os dois se encarando de forma ameaçadora e se empurrando.

Eu sabia que Richard não era do tipo de se deixar intimidar, mas ver a cena de tão perto me deixou desesperada. Eu queria correr até lá e puxar ele pra longe da briga. Os outros jogadores, tanto do Palmeiras quanto do Corinthians, chegaram para separar os dois, antes que algo pior acontecesse. O árbitro não hesitou em mostrar o cartão amarelo para ambos.
Eu vi o olhar de frustração nos olhos de Richard quando ele se afastou do outro jogador, resmungando para si mesmo enquanto caminhava para longe da confusão.

Fica mais gostoso ainda todo bravo assim!

Tá, parei. Desculpas.

[...]

O jogo seguiu, mas a leveza do primeiro tempo tinha desaparecido. O jogo acabou 1x1, eu sabia que o empate era um resultado aceitável, mas quando o apito final soou, não havia alegria em Richard.
Ele saiu de campo de cabeça baixa, claramente irritado, tanto pelo cartão quanto pelo resultado. Eu sabia o quanto ele queria vencer, e aquele empate não era o suficiente para ele.

Quando ele passou por mim na saída, sua expressão dizia tudo. Ele estava puto, os punhos ainda cerrados, o rosto tenso.

Ariana: Relaxa vida! - dei um passo para frente, tocando seu braço suavemente.

Ele olhou para mim, e eu vi uma mistura de frustração e cansaço em seus olhos. Richard só deu um beijo na minha testa e passou pro vestuário.

Veiga: Fica de boa, doutora, ele sempre fica assim em empate, principalmente que levou cartão. - me abraça de lado e eu concordo com a cabeça.

Conversei com Abel e outros profissionais ali e fui esperar o Richard no estacionamento.

Ele apareceu e eu percebi pelo seu semblante que ele não tá nada bem.

Sem dizer uma palavra, ele destrancou o carro e entrou no lado do motorista. Suspirei abrindo a porta do passageiro e entrei também. O silêncio dentro do carro era ensurdecedor, o que ouvimos é apenas o barulho distante dos torcedores que ainda deixavam o estádio.

Ariana: Amor, quer que eu dirija?

Richard: Não, tô bem - respondeu seco, sem me olhar.

Ariana: Você jogou bem, tá? Esse empate não foi culpa sua...

Richard: Ariana, não começa. Não tô afim de falar disso. - ele aperta o volante e sua voz sai mais dura do que o normal

Olhei para ele, surpresa e irritada com o tom que ele usou.

Ariana: Não tô “começando” nada, só tô tentando te ajudar! - rebati, o tom de voz aumentando também.

Richard: Eu não preciso de ajuda, tá bom? Eu sei muito bem o que aconteceu em campo!

Ariana: Mas falar alto comigo vai resolver tudo, né? Não sou eu que tô lá me culpando por um empate que foi culpa do time todo, não só sua!

Richard: Porra Ariana, cala a boca meo. - grita e passa a mão no cabelo.

Ariana: Fala baixo comigo. - digo no mesmo tom que ele e ele me olha. - Nunca te dei liberdade de gritar comigo. Sei que tá chateado mas a culpa não é só sua, tinha outros caras em campo, além do mais não foi um jogo de decisão, então tenta relaxar.

O silêncio se instalou no carro novamente, mas dessa vez era carregado de tensão. Olhei para fora da janela, mordendo o lábio para segurar a raiva e não matar ele dentro desse carro.

Nossa conexão // Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora