Nossa conexão // Richard Ríos

CAPÍTULO 108

Ariana Cardoso

Acordei com uma dor chata na barriga, nada forte, mas o suficiente para me tirar do sono. Mudei de posição na cama, na esperança de que fosse só o peso do bebê ou algo assim, mas a dor continuava ali, insistente.

Suspirei, tentando não acordar o Richard, que dormia tranquilo ao meu lado e com todo cuidado do mundo, levantei da cama e fui até a cozinha. Talvez um pouco de água me ajudasse a me sentir melhor.

Enquanto abria a geladeira, senti algo estranho.

Um líquido desceu pelas minhas pernas. No início, não entendi direito o que estava acontecendo, mas em questão de segundos, a ficha caiu: a bolsa tinha estourado.

Fiquei paralisada por uns instantes, o coração acelerado. Quando finalmente consegui reagir, chamei pelo Richard.

Ariana: Richard! - gritei, a voz um pouco trêmula. - Amor corre aqui! - gritei mais alto.

Não demorou para ele aparecer na cozinha, o cabelo bagunçado, com cara de quem ainda estava sonhando.

Richard: O que foi? - ele perguntou, claramente ainda meio perdido. - Você tá bem?

Ariana: A bolsa estourou! - falei, tentando controlar o nervosismo.

Ele me olhou confuso, coçando a cabeça e tentando abrir os olhos por completo.

Richard: Por que você tá me chamando desesperada por causa de bolsa? Você tem várias... uma a mais, uma a menos, não vai fazer falta...

Revirei os olhos, sem acreditar na situação. Apontei para o chão, onde o líquido tinha se espalhado.

Ariana: Richard. Você acha que isso é o que? Que eu me mijei? - perguntei, com uma pitada de irritação.

Ele olhou para o chão, depois para mim, ainda sem entender muito bem.

Richard: Sei lá, às vezes a gente não aguenta, né? - ele deu de ombros.

Porra. É difícil viu!

Respirei fundo, tentando manter a calma. Apontei para a minha barriga.

Ariana: Meu amor... a minha bolsa estourou. A bolsa que quer dizer que o Davi vai nascer! A gente precisa ir pro hospital agora!

Foi só aí que ele pareceu processar a informação. Os olhos dele se arregalaram, e num instante ele estava completamente acordado.

Richard: O Davi vai nascer?! - ele exclamou, a voz cheia de empolgação e nervosismo ao mesmo tempo.

Ariana: Sim! Agora. - falei, com uma mistura de riso e ansiedade.

Ele deu um pulo, mais desesperado do que eu, correndo pela casa como se tivesse esquecido como andar.
Eu observava tudo, sem saber se ria ou chorava, mas uma coisa era certa: o nosso filho estava a caminho, e essa noite seria inesquecível.

Depois do surto dele passar, ele me ajudou a ir pro banheiro.

Estava tentando me concentrar na água morna que escorria pelo meu corpo, mas a realidade me atingia de forma intensa: o Davi ia nascer.
A bolsa tinha estourado, e por mais que eu tentasse me manter calma, meu coração estava disparado, uma mistura de nervosismo e excitação.

Ouvi Richard do outro lado da porta, falando com alguém com a voz acelerada, e soube que ele já estava chamando todo mundo.

Richard: Sogra! Mae! Cunhado! Cunhadaaa! - ele berrava pelos corredores, sem nenhum traço da calma habitual. Era até engraçado ouvir o desespero na voz dele.

Acho que ele até esqueceu que são 03h47 da madrugada.

Richard: A bolsa da Ariana estourou! A gente precisa ir pro hospital agora!

Não demorou nem um minuto para eu escutar os passos apressados pela casa. Saí do banho, me enxugando rápido enquanto ouvia as vozes deles se aproximando, todas misturadas. Quando abri a porta do quarto, lá estavam os quatro: minha mãe, toda esbaforida; minha sogra, com os olhos arregalados; Kauã, parecendo um pouco perdido; e Alice, segurando o celular como se fosse o controle da situação.

Helena: Como você tá, minha filha? - perguntou já vindo na minha direção e me ajudando a sentar na cama. Ela olhou de cima a baixo, preocupada.

Ariana: Tô bem, mãe, mas acho que as contrações estão ficando mais fortes. - falei respirando fundo quando senti uma onda de dor atravessar minha barriga.

Sandra: Está na hora mesmo! - falou passando a mão no peito como se tentasse se acalmar. - Vamos nos arrumar logo!

Kauã e Alice ficaram ao lado, meio incertos do que fazer. Richard já tinha jogado a mochila de hospital na cama, correndo pelo quarto, pegando as últimas coisas que faltavam.

Ariana: Richard, tá tudo aí? - perguntei, tentando me manter tranquila no meio do caos.

Richard: Sim, sim, tô pegando... o carregador, a manta... Ah, e o documento! - ele balançava a cabeça freneticamente, como se quisesse garantir que nada fosse esquecido.

Enquanto ele corria de um lado para o outro, todos tentavam se organizar, cada um ajudando do seu jeito.
Minha mãe foi pegar o casaco que eu tinha deixado no sofá, minha sogra já estava pedindo um táxi, e Alice estava do meu lado alisando minhas costas.

Minhas contrações começaram a ficar mais fortes e mais frequentes. Respirei fundo, tentando me concentrar no que estava acontecendo ao meu redor. Richard voltou correndo para o quarto, vestindo a camisa ao contrário, visivelmente nervoso.

Ariana: Tá tudo pronto, amor? - perguntei, tentando esconder uma risada ao ver a camisa dele.

Richard: Sim, sim! Vamos logo. - ele me olhou, e pela primeira vez, consegui enxergar o nervosismo e a preocupação nos olhos dele. - Davi vai nascer, vida.

Ariana: Vai sim. - respondi me levantando com a ajuda dele e de Alice.

Em poucos minutos, todo mundo estava pronto. Descemos juntos até o carro. As dores já eram mais intensas, e eu tentava controlar a respiração, enquanto Richard mantinha uma das mãos na minha, apertando com carinho.

Eu estava no carro do Richard com Alice dirigindo e eu estava no banco de trás com meu macho que estava desesperado, enquanto minha mãe, minha sogra e meu irmão estavam no táxi logo atrás de nós.

No caminho para a maternidade, a sensação de que tudo estava prestes a mudar tomou conta de mim. O bebê estava quase chegando, e toda aquela confusão ao meu redor só deixava tudo ainda mais real. Davi estava prestes a nascer, e naquele momento, apesar de toda a dor, eu estava pronta.