CAPÍTULO 086

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Ariana Cardoso

A ansiedade estava à flor da pele desde o momento em que o avião começou a descer no Rio. Eu não visitava minha família fazia um tempo, e agora, com tudo o que estava acontecendo — principalmente a gravidez —, parecia que cada reencontro teria um significado ainda mais especial.

Nem conseguir dormir no voo direito, a ansiedade que habita em mim é terrível.

Assim que pousei e saí do avião, fui direto pegar minha mala, e assim que cruzei as portas de desembarque, avistei Kauã.

Ele estava encostado em uma das colunas do saguão, com aquela pose de maconheiro dele, usando um boné que quase cobria os olhos, mas o sorriso denunciava o quanto ele estava feliz em me ver.

Corri até ele e o abracei forte, sentindo uma sensação de conforto que só o abraço do meu irmão conseguia trazer.

Kauã: Quanto tempo, maninha! - ele disse, apertando meu ombro antes de me soltar. - Olha só, toda mãe agora!

Dei uma risada, ainda me acostumando com a ideia.

Ariana: Nem me fala, acho que a ficha tá começando a cair agora. - respondi, levando a mão à barriga enquanto ele me olhava curioso.

Kauã: Quem diria né? Tu prenha do jogador que jurou que odiava.

Ariana: Cala a boca, vamo logo. - falo e ele rir.

Caminhamos juntos até onde a moto dele estava estacionada. Kauã tirou o capacete extra e me passou. Fomos conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo, atualizando as coisas, rindo das nossas piadas antigas. Sempre foi assim, como se o tempo nunca passasse quando estávamos juntos.

Montei na moto, e ele deu partida, o vento batendo no meu rosto enquanto seguíamos para casa. Cada curva parecia trazer de volta as memórias de quando a gente fazia esse mesmo caminho para ir pras farras tocar terror.

Chegamos em casa e o portão já estava aberto, e lá estava minha mãe parada na porta da sala.
Eu desci da moto e ela correu até mim, me envolvendo num abraço cheio de saudade. O cheiro dela, o calor do abraço, tudo me fez sentir que estava finalmente onde eu pertencia.

Helena: Filha, que saudade de você! - ela sussurrou, segurando meu rosto entre as mãos e me olhando de um jeito que só ela sabia fazer.

Então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, suas mãos deslizaram suavemente para minha barriga. Ela sorriu, os olhos marejados, enquanto sentia o pequeno volume que começava a se formar.

Helena: Não acredito que minha menina vai ser mãe. - sua voz tinha um tom de orgulho e amor.

Kauã se aproximou, cruzando os braços e observando a cena com um sorriso no rosto.

Kauã: E eu vou ser o tio mais legal do mundo, só pra constar. - ele disse tentando parecer sério, mas logo rindo.

Entramos para a sala, onde a conversa continuou fluindo. Falamos sobre o bebê, sobre como eu estava me sentindo, os planos para o futuro, e até sobre os detalhes da gravidez que eu ainda não tinha contado a eles por telefone. Minha mãe fazia perguntas a cada cinco segundos, super animada, enquanto Kauã, do jeito típico dele, ficava tentando dar conselhos, mesmo sem entender muito do assunto.

Eu me sentia tão leve ali, cercada pelos dois, compartilhando aquele momento tão importante da minha vida.

Helena: E o Richard, como ficou com você falando que vinha pra cá? - perguntou enquanto cortava o tempero.

Ariana: Ele ficou todo balançado, mas não me proibiu em momento nenhum. - lavo as mãos e pego a cebola pra picar.

Helena: Não, Ariana, vai sentar.

Ariana: Oxe, por que? - olho pra ela.

Helena: Você tá grávida.

Ariana: Ai meu Deus, tô grávida mãe, não doente. - Kauã rir. - Tá parecendo Richard, não me deixa fazer nada.

Kauã: Aproveita que tá sendo mimada, otária, senta e fica aí na vida da patroa.

Helena: É, aproveita porque isso é passageiro. - estreita os olhos e eu dou risada.

Kauã: É...Ariana perdeu o cabaço e pegou logo barriga.

Ariana: Ô rapaz, me respeita. - jogo a colher nele. - Ó as ideia.

Helena: Menino, pelo amor de Deus.

Kauã: Vai me dar o que de presente, Ari? - pergunta se referindo ao aniversário dele daqui cinco dias.

Ariana: Tem como comprar Juízo? - encaro ele que me mostra a língua. - Ó teu sobrinho aqui, pra que presente melhor?

Ficamos nós três ali conversando e depois fomos almoçar.
Lavei os pratos depois de quase brigar com minha mãe e fui deitar um pouco.

Minha mãe teve que ir no restaurante resolver umas coisas e Kauã disse que ia na rua rapidão mas logo voltava.

Nossa conexão // Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora