Desde muito pequena lembro de me sentir deslocada, nunca me encaixava nos grupos, e eu não entendia o motivo.
As pessoas acham que crianças em geral são fofinhas, bem em sua maioria são mesmo, mas crianças também podem ser cruéis.Eu fui uma criança gordinha, e parece que esse era um motivo aceitável para ser excluída das atividades em grupo, das festinhas, das apresentações de dança da escola, etc. Por muitas vezes fui dormir chorando por não entender o motivo de ser tão ruim para eles, não sabia porque não queriam minha companhia.
Depois de um tempo eu desisti de tentar fazer amigos naquela escola, era um desgaste para uma cabeça infantil entender tanta indiferença.
Pedi várias vezes para meus pais me trocarem de escola, mas eles achavam que estavam fazendo o melhor por mim, e hoje eu entendo que na visão deles realmente estavam.
Éramos uma família comum classe média, minha mãe trabalhava em uma loja e ficava o dia todo fora e meu pai era representante de uma marca de auto peças, e também quase nunca estava em casa, pois passava a semana viajando para poder fechar as metas semanais. Então, ter a filha em um dos colégios mais caros da cidade era sinônimo de amor e cuidado.Mas foi naquele colégio que eu comecei a entender que para ser aceita não bastava ser gentil, educada e divertida. Eu precisava ser magra e ter um status social elevado .
São tantas lembranças ruins , que não consigo lembrar de nenhuma boa para contar desse lugar. Ali não consegui fazer nenhum amigo de verdade, conversava com os meus colegas de sala porque tinha que conviver com eles.
Lembro-me até hoje de um episódio ocorrido durante os jogos internos, ficávamos sem aulas por quase duas semanas, todas as turmas se enfrentavam em diversas modalidades.
Nesse dia o jogo da vez era o baleado, e eu era muito boa nesse jogo modéstia parte. O meu número de camisa era o 11, um uniforme lindo vermelho e branco que era composto por um short saia e uma blusa com mangas enfeitadas por fitas.
O jogo corria bem, estávamos na frente, quando de repente escuto um coro da torcida, especificamente dos meus colegas de sala, e o coro dizia :– baleia 11, baleia 11, baleia 11...
O trocadilho fazendo todos rirem! Minha vontade era sair correndo, mas aí a vergonha seria maior, e com os olhos ardendo pelas lágrimas me deixei ser baleada pelo time adversário, e saí o mais rápido que pude da quadra .
Entendi alí que a maldade é inerente ao ser humano, não dependendo da idade para ser revelada .
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Caminho dos Sonhos- A Terra Secreta
FantasíaOlá querido leitor... Eu me chamo Tália, e estou aqui para contar a minha história. Você encontrará nas linhas a seguir muito drama, aventura, suspense , um pouco de terror e ódio e também amor . Afinal de contas é assim que se desenrola a vida . ...