25. Conhecendo Druvinya

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Os primeiros dias em Druvinya foram de descanso forçado. Com o corte no pé ainda cicatrizando, minha mobilidade estava limitada, e meu único contato era com Ysolde, uma mulher enigmática e reservada. Ela parecia saber muito sobre a vila, e aproveitei sua presença para tirar algumas dúvidas sobre o lugar onde eu me encontrava.

Ysolde explicou que Druvinya seguia uma estrutura hierárquica rígida. No topo, estava Zaalthos, líder do clã e descendente de uma linhagem especial que, segundo ela, sempre governou os habitantes da vila. Abaixo dele, havia conselheiros e mestres, responsáveis por ensinar e supervisionar os mais jovens.

– Nós somos uma sociedade que busca conhecimento. – disse Ysolde, com um brilho quase reverente nos olhos.– E essa busca, não se limita ao mundo material.

Ela explicou  que havia um interesse profundo tanto no conhecimento físico quanto no extrafísico, uma compreensão que permeava desde a natureza até o sobrenatural.

Cada palavra dela despertava em mim uma curiosidade crescente. A ideia de uma sociedade dedicada a explorar todas as dimensões do saber era fascinante. Quando minha perna permitiu, pedi que Ysolde me acompanhasse em um pequeno passeio pela vila. Queria ver Druvinya com meus próprios olhos.

As ruas eram de pedra rústica, lembrando cenários de contos medievais que eu tinha lido. As casas eram feitas de madeira e pedra, com telhados de palha, e o movimento nas vielas era intenso. Homens e mulheres, todos vestidos com roupas simples, trabalhavam, carregavam mercadorias e cuidavam de animais. As crianças corriam entre os adultos, e tudo parecia fluir em harmonia, mas com uma ordem bem marcada. Ysolde comentou sobre o estilo de vida deles:

– Vivemos da caça e da agricultura. Tentamos ser autossuficientes, porque os clãs externos são violentos e cheios de ganância. Zaalthos e seus soldados fazem rondas constantes para manter o território protegido.

Perguntei sobre esses outros clãs, mas Ysolde apenas sugeriu que Zaalthos poderia explicar melhor em outra ocasião. Sentindo que o assunto era delicado, não insisti.

No caminho de volta ao castelo, uma mulher nos interceptou. Ela me olhou de uma forma estranha, como se estivesse me analisando. Senti um desconforto imediato, mas permaneci em silêncio. Quando nos afastamos, perguntei quem era ela.

–Alyndra. – respondeu Ysolde, com um tom casual.

– Ela é… digamos, uma ‘companheira’ de Zaalthos, sempre disponível para servi-lo quando ele deseja.

A explicação direta me deixou sem jeito, e um incômodo inexplicável tomou conta de mim. Por que essa sensação, afinal? Eu mal tinha visto Zaalthos uma vez. Sacudi a cabeça, tentando afastar esses pensamentos.

Quando chegamos ao castelo, Ysolde preparou um banho para mim. Não havia chuveiro, apenas uma tina de madeira cheia de água. Ela adicionou óleos e ervas que exalavam um perfume relaxante, e a sensação de imersão foi maravilhosa. À medida que o calor da água me envolvia, comecei a relaxar, a ponto de fechar os olhos. De repente, imagens surgiram na minha mente. Os olhos intensos de Zaalthos, sua voz grave e envolvente… meu corpo reagiu ao pensamento, sentindo uma urgência inesperada. Tentando aplacar aquele desejo,minha mão desceu de forma involuntária, mas um ruído me despertou bruscamente, me afastanyando daqueles pensamentos quase que irresistíveis.

Que loucura é essa Tália? Pensei e senti meu rosto arder de vergonha, quando abri os olhos, Ysolde estava parada me observando da porta.

Disfarcei o embaraço dizendo que o banho já estava terminado. Ela me ofereceu uma toalha e um vestido novo, já que minhas roupas estavam rasgadas. Agradeci, e ela saiu. Ao me vestir, notei que o vestido era simples, mas bonito. De tecido grosso e corte modesto, tinha uma saia longa e mangas que cobriam até os punhos, me dando a sensação de estar em um filme de época.

Ao retornar ao quarto, encontrei uma bandeja com um assado suculento e legumes. O aroma era irresistível, e quando terminei a refeição, Ysolde voltou para recolher os pratos.

– Era carne de javali. – explicou ela.

Imaginei as longas horas de cozimento e temperos rústicos que davam aquele sabor único, lembrando-me dos banquetes medievais que já lera sobre.

Aproveitei a oportunidade para perguntar se poderia falar com Zaalthos no dia seguinte. Ysolde respondeu que não sabia se ele estaria no castelo, mas que, quando fosse a hora certa, ele me procuraria.

Pouco antes de sair, outra mulher entrou no quarto e deixou uma jarra sobre a mesa. Ysolde explicou que era uma bebida refrescante, ideal para recuperar as forças. Curiosa, provei um pouco. O sabor era peculiar, uma mistura de morango e algum cítrico que não consegui identificar. Senti um calor agradável me invadir e, logo depois, uma leve sonolência tomou conta de mim.

Adormeci profundamente e:

Estou quente , corpo pegando fogo, os olhos verdes como esmeralda me encaravam, e palavras devassas ecoavam em meu ouvido.
São muitos flashes na minha cabeça.. a mão dele deslizando por meu corpo, ele mordendo o meu pescoço,  sua respiração quente em minha pele.. sinto umidade crescendo, meu corpo respondendo em chamas. Seus dedos acariciando de leve por cima da minha calcinha , em movimentos de vai e vem, me causando arrepios..  ele me beijava enquanto murmurava para eu me entregar.
Quando estava prestes a responder, um grito distante me despertou.

《— Taliaaaa… Taliaaaa…!! A voz parecia vir de um lugar distante, e meu coração acelerou. Quem estava me chamando? Alexis? 》

Acordei em um sobressalto, ainda sentindo as sensações do sonho, meu corpo quente e inquieto.  Sem entender porque estava desejando em sonhos uma pessoa que mal havia visto. Os pensamentos confusos. Caminhei até a janela, tentando encontrar ar fresco e acalmar. Mas a imagem de Zaalthos e a intensidade daquele sonho continuavam vivos em minha mente.

E a voz de Alexis,  de onde veio? Eu me sinto impotente, sem saber o que fazer.

Que mistério todo é esse?

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⏰ Última atualização: a day ago ⏰

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