Capítulo 31

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— E agora? Faço uma oração? — perguntou ela rindo.
— Muito engraçado. Sua subclasse devia ser comediante. Pare de enrolar e transfira sua energia para mim, como se estivesse me invocando outra vez. Eu acho que deve funcionar.
Hannah fez o que Guru pediu e segundos depois todo o corpo peludo da criatura começou a crescer a ponto de ficar do mesmo tamanho que ela.
— Gigante e peludo — Hannah o olhou de cima a baixo — se você não fosse um cuzão, seria um ótimo bichinho de estimação.
— Agora me abrace e segure firme.
— E por que eu faria isso?
— Você já vai descobrir — Guru deu uma risada maléfica e em seguida abraçou Hannah com firmeza e a ergueu do chão — se eu fosse você eu abraçaria de volta — Guru se jogou no buraco fazendo Hannah gritar e o apertar, ela segurou firme em seus pelos enquanto ambos caíam na imensidão escura.

Instantes depois ela se encontrava sobre ele enquanto ambos deslizavam por um túnel de terra repleto de buracos e raízes de árvores. Uma das patas de Guru se enroscou em uma destas raízes e ele rolou por cima de Hannah enquanto eles caíam em uma área aberta.
— Nossa que grande plano. Você quase me espremeu — reclamou a garota levantando-se e limpando toda a terra da roupa.
— Eu levei todo o dano da queda — Guru voltou ao seu tamanho normal.
— Obrigada por isso.
— Não agradeça, talvez nem saia viva deste lugar. Eu sinto a presença de outros como eu aqui dentro — Guru olhou para todas as direções possíveis.

— Outros? Tipo outros Gurus?
— Não, outros retornados. Monstros que morreram e foram invocados por um necromante. Tem dezenas, não... centenas deles por todos os lados. Atrás das paredes de terra, dentro dos túneis, mas eles estão imóveis apenas observando. Se precisarmos enfrentar eles estaremos perdidos e em desvantagem.
— Então vamos sair logo daqui — Hannah se concentrou na adaga para saber em qual daqueles túneis devia entrar. Pelo caminho passaram por raízes luminosas, pequenos insetos e ossadas distintas espalhadas pelo caminho que escolheram.
— O que pretende fazer? — quis saber Guru.
— Eu sei lá.
— Você não disse que precisava de um plano?

— Sim, eu disse que precisava e não que tinha um em mente. A única coisa que sei é que devo cravar a adaga no coração do necromante, não vejo outra escolha se não enfrenta-lo. Se ele pegar essa coisa irá recuperar seus poderes e irá criar uma nova guerra.
— Se bem entendi ele está com a sua amiga, o que vai fazer quando ele te obrigar a entregar a adaga enquanto ameaça mata-la?
— Vou fingir que irei entregar e quando eu chegar bem perto irei meter a lamina nele. Simples.
— Acha que seu inimigo é burro igual a você? Ele vai te pedir para jogar a adaga. E nesse momento ele terá a arma e a vida dela.
— Então...
— Você não tem outros ataques? armas? Nada?

— Eu aprendi a lutar corpo a corpo. Mas tirando isso é só.
— Ou seja, você é inútil sem essa faquinha e estamos fodidos. Você vai morrer, sua amiga vai morrer, todos vão morrer.
Hannah parou de andar.
— Você está certo, eu ainda sou bem inútil e não tenho nenhum ataque incrível como o das minhas amigas. Mas eu tenho algo incrível.
— E o que seria?
— Você, claro. Minha primeira invocação tagarela mas com uma mente incrível.
— Verdade, eu tenho uma mente acima do normal mesmo. Acho até que tenho um plano que pode funcionar.
— Está vendo, você é inteligente e por isso adora ser paparicado. Me conte o que tem em mente e juntos vamos derrotar aquela coisa.

Melissa se debatia no chão tentando se soltar das raízes que prendiam suas mãos para trás. Ela havia sido imobilizada pelo necromante após varias tentativas de fuga. Seu último encontro com a criatura gelada havia despertado nela um pavor que superava o medo.
— Eu vou acabar com você! — ela gritou rolando de um lado para o outro.
— Que ótimo, a nossa convidada chegou — o Necromante saiu das sombras e flutuou até Melissa. A entidade maligna usava uma espécie de batina negra esfarrapada, possuía  mais de dois metros de altura e seu rosto era da mesma textura que uma casca de árvore seca cheia de rachaduras. Sobre a sua cabeça haviam chifres uniformes que davam a impressão de ser um coroa real de quatro pontas.
Hannah surgiu de um dos túneis e aquilo deixou Melissa mais tranquila.

— Hannah, mate esse filho da puta.
— Hannah — o necromante repetiu — a criança amaldiçoada — ele riu — tão macabra quanto a minha própria existência.
— Não me compare a você, vamos resolver isso logo — Hannah segurou e apertou a adaga.
— Me entregue a arma e eu deixo a sua amiga viver.
— É mentira. Ele disse que mataria nós duas quando pegasse a adaga — Melissa consegui se sentar. O necromante estava bem próximo a ela e um de seus dedos esguios se alongou e se enroscou em seu pescoço, a deixando sem ar.
— Não é como se vocês tivessem alguma escolha.
— Tudo bem, eu entrego — Hannah levantou as mãos em rendição enquanto fitava a amiga com dificuldades para respirar.
— Então seja rápida, sua amiga não tem muito tempo.
— Não a machuque — Hannah começou a dar passos lentos.
— Paradinha aí. Jogue a adaga para mim.

O necromante não queria que Hannah se aproximasse dele com a arma em mãos, assim como Guru havia lhe alertado.
— Certo — ela colocou a arma no chão.
— Agora se afaste — pediu o necromante.
Hannah deu passos para trás enquanto a entidade retirava seu dedo do pescoço de Melissa e flutuava lentamente até a adaga com os olhos brilhando intensamente, ele estava a poucos centímetros se reestabelecer todo o seu poder colossal de centenas de anos atrás.
— Eu sei porque você está com medo — Hannah tentou provoca-lo.
— Eu não temo a nada.
— Você é um ser imortal mas existe uma maneira de te matar. Se uma arma forjada a partir da sua energia for cravada no seu coração, você já era.
— Isso não importa mais — o necromante ergueu a adaga na mão direita — agora eu estou completo e todos vocês serão massacrados.

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