Entre o amor e a vingança • JM + JK

Capítulo cinco

JUNGKOOK JEON DE LUCA
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Algo não estava certo. Desde o momento em que o encontrei naquele beco, algo nele lhe parecera... fora do lugar. A história que ele contou, a maneira como se comportava, como seus olhos me encaravam com medo e depois sem era o que não esperava ver. Havia algo mais ali, algo que Jimin não estava contando. E eu sabia que precisava descobrir o que era.

Eu precisava de um momento para clarear a mente e tirar esse suor do corpo. O som da água caindo no chão de mármore ecoava suavemente pelas paredes, proporcionando um alívio momentâneo para o peso dos meus pensamentos. Enquanto a água fria escorria, tentei organizar as peças do quebra-cabeça que era Jimin Park.

Por que aquele jovem, que aparentava ter sido tão cruelmente arrastado para meu mundo, não demonstrava o terror que seria esperado? E por que eu, que raramente me deixava envolver pelos problemas alheios, não conseguia simplesmente afastá-lo e seguir em frente? Era como se um fio invisível me puxasse em direção a ele, um fio que eu não sabia se deveria cortar ou seguir. Cortar seria a opção mais sensata, sem dúvidas.

Após o banho, me senti um pouco mais centrado, mas as dúvidas continuavam presentes. Me vesti rapidamente, sabia que tinha que tomar uma decisão em breve. Jimin era uma variável desconhecida, e em meu mundo, isso era inaceitável. Precisava de informações concretas, algo que Namjoon estava trabalhando para obter.

Quando entrei na sala onde Namjoon esperava, o clima era pesado com uma tensão silenciosa. Namjoon, sempre pontual e meticuloso, já estava com uma pasta em mãos, esperando para entregar o relatório que havia conseguido até o momento.

— Jungkook — começou Namjoon, levantando-se para me cumprimentar antes de entregar a pasta. — Pesquisei tudo o que pude sobre Jimin, mas ainda há muitas lacunas. Ele não parece ter antecedentes ou qualquer ligação direta com o submundo. Entretanto, consegui encontrar algumas coisas sobre os pais dele que você precisa saber.

Peguei a pasta, mas não abri imediatamente. Em vez disso, cruzei os braços, esperando que Namjoon continuasse.

— Os pais dele são Jon e Jenna Park — disse Namjoon, sua voz calma, mas carregada de significado.

— Jon e Jenna?

— Sim.

— E tem mais uma coisa — os lábios dele formaram uma linha, e eu sabia que isso não era coisa boa.

— E eles foram assassinados ontem.

— Assassinados? Sabe quem fez isso?

Eles eram mafiosos, sim, mas não do tipo que faz inimigos à toa. Eram pessoas respeitadas, que sabiam equilibrar o negócio e o lado pessoal. Inclusive, já fizeram negócios conosco no passado. Tinham muito carinho por mim, e eu ainda mais por eles. Essa notícia sem dúvidas me abalou muito.

Não consegui me mover, a revelação de que Jimin Park eram filhos de Jon e Jenna também foi uma surpresa pela qual eu não esperava. Namjoon pôde perceber a leve mudança na minha postura.

— Não consegui descobrir nenhum envolvimento em algo que justificasse um fim tão trágico. E parece que Jimin... não sabia de nada. Pelo que pude apurar, ele era mantido fora desse mundo, talvez para protegê-lo. Até agora, não encontrei indícios de que ele tenha qualquer conhecimento do passado dos pais. Tudo indica que ele é... inocente.

A palavra pairou no ar, pesada. Inocente. No nosso mundo, essa palavra raramente tinha significado. E mesmo assim, aqui estava um jovem rapaz, arremessado em minha vida, que poderia ser exatamente isso. Inocente.

Senti uma pontada inesperada de compaixão, um sentimento que me esforçava para manter enterrado. Mas eu sabia que se permitisse que esse sentimento crescesse, poderia comprometer tudo pelo que havia trabalhado. Provavelmente porque tenho carinhos pelos pais dele. Eu tinha certeza disso. O coração mole não tinha lugar nesse mundo. Afastei a sensação, endurecendo meu semblante, antes que outras partes de mim pudessem amolecer.

— E o que sugere que façamos, Namjoon? — perguntei, minha voz fria como sempre.

Ele não é minha responsabilidade.

Namjoon hesitou por um momento, como se ponderasse a melhor maneira de expressar sua opinião.

— Talvez seja prudente deixá-lo sob nossos cuidados por enquanto. Ele pode ser útil, e se realmente é inocente, então precisamos protegê-lo. Mas... não acho que seja sábio revelar a ele quem realmente eram seus pais. Pelo menos, não ainda. Se Jon e Jenna não o fizeram, provavelmente eles tinham um motivo pra isso.

Minhas mãos apertaram o braço da poltrona em que estava sentado. A decisão de mantê-lo era perigosa, mas também era a mais estratégica. Eu precisava de mais tempo para descobrir o que realmente se passava por trás daqueles olhos que me encaravam sem medo. E se Jimin Park era, de fato, tão ignorante sobre o mundo dos pais quanto Namjoon acreditava, então talvez pudesse usá-lo de alguma forma. Mas confiar nele cegamente estava fora de questão.

— Concordo — disse finalmente, voz firme. — Ele fica. Mas ninguém, repito, ninguém fala nada sobre os pais dele. Nem para ele, nem para qualquer outra pessoa. E Namjoon... mantenha um olho nele. Quero saber de cada movimento que ele fizer, de cada palavra que disser. Se houver qualquer sinal de que ele não é quem aparenta ser, quero saber imediatamente.

Namjoon assentiu, a expressão séria.

— Entendido, Jungkook. Vou garantir que tudo seja monitorado de perto.

Com isso, a decisão estava tomada. Jimin ficaria, mas com restrições. Ele não seria informado sobre o verdadeiro legado que carregava. Não enquanto não tivesse certeza do que ele poderia significar para meu império, para minha vida.

Enquanto Namjoon se retirava para executar as ordens, fiquei sozinho, pensamentos voltando para Jimin. Eu sabia que estava jogando com fogo, mas não podia evitar. Havia algo em Jimin que me intrigava, algo que eu precisava desvendar. E até que descobrisse o que era, Jimin permaneceria sob minha vigilância, uma presença silenciosa e misteriosa em minha casa, que eu não estava pronto para deixar ir.

Ainda.