Prologue

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Pin Kasidit parou à entrada do salão de baile e observou os quinhentos convidados que dançavam ou tomavam champanhe à luz dos candelabros.

Os homens de smoking negro, as mulheres vestiam modelos coloridos de alta costura e exibiam uma enorme variedade de joias. Olhou as horas e começou a atravessar o salão em direção ao lobby, consciente dos muitos olhares em sua direção. Aos 32 anos, não se importava com a atenção que sua aparência e sua riqueza despertavam. Era a primeira vez que participava de um baile da realeza ou visitava o palácio de Aristo e estava impressionada pela elegância e esplendor. A família real da Casa de Sawetwarit era uma das mais ricas da Europa e sua lista de convidados incluía membros da aristocracia e chefes de Estado, que não sabiam que a convidada de honra do príncipe regente crescera nos cortiços de Atenas. Pin se perguntou cinicamente se o mordomo que a levara para a sala de estar formal para cumprimentar o príncipe Anan teria sido tão obsequioso, se soubesse que a mãe de Pin trabalhara como criada da cozinha no palácio. Mas nunca revelara isto nem mesmo a Anan. Atravessou o hall e entrou no salão de banquete, ocupada apenas por uma garçonete que, ao contrário dos outros criados, dobrava tranquilamente os guardanapos.

Os convidados já haviam jantado, o voo atrasado fizera Pin  perder a refeição e o vazio no estômago lhe levava a olhar a seleção deliciosa de canapés. Negócios primeiro, pensou com firmeza. Era noite em Aristo, mas ainda era começo da tarde na costa leste dos Estados Unidos, e precisava contatar um cliente em Nova York. Andou em direção à garçonete que, de costas para ela, ainda não notara sua presença.

— Pode me dizer se há algum lugar onde não serei interrompida? Preciso fazer um telefonema urgente.

A voz profunda e rouca era tão sensual que os pelos finos no corpo de Anil se arrepiaram e ela virou a cabeça, o coração disparou, quando viu a mulher que entrara silenciosamente no salão. Reconheceu-a imediatamente...

Pinlanthita Kasidit, magnata bilionária da marinha mercante, solteirona e uma dos amigos mais chegados de seu irmão. As fotos que Anil vira dela nos tablóides despertaram seu interesse, mas nada a havia preparado para o impacto de Pin em carne e osso.

Era suave, sofisticada e extremamente sexy. Bem mais alta que a média, o vestido esperado era dado ao lugar de um smoking feminino impecável destacava as pernas longas, as coxas grossas, o busto pequeno e os ombros nada delicados como se fosse uma coisa bastante característica da biologia da bilionária. Mas foi o seu rosto que capturou sua atenção.

Bela era uma palavra inadequada para descrever a perfeição cinzelada de suas feições. Uma testa marcante, lábios sedutores, as sobrancelhas arqueadas sobre olhos da cor da meia-noite e uma boca sensual.

No silêncio que se estendeu, Anil sentiu sua arrogância e autoconfiança... e uma intensa e indesejada consciência sexual a fez estremecer. Percebeu que a estava encarando e ruborizou.

— Há uma pequena sala de estar por ali.

Indicou uma porta.

— Obrigado.

Os olhos dela percorreram o seu corpo, observando rapidamente o não muito elegante vestido preto de coquetel.

Anil desejou com fervor ter comprado um vestido novo para o baile... alguma peça sedosa e decotada que a faria olhar para ela com apreciação, não descartá-la sem um segundo olhar.

Mas jamais se interessara por roupas. Apenas quando repassara a lista dos preparativos para o baile e vira o item 'comprar vestido' percebera que não tinha nada adequado para usar no mais importante evento social do ano no palácio. De qualquer maneira, não tinha confiança suficiente para ousar vestir roupas sensuais. E certamente jamais teria chance com alguém como Pin. Ela não demonstrara tê-la reconhecido, mas o protocolo exigia que se apresentasse e se sentiu constrangida pela timidez de que sofria desde a infância. Não pela primeira vez desejou partilhar a autoconfiança e a personalidade exuberante de sua irmã, a princesa Nitta. Era a princesa Aninlaphat Sawetwarit, quarta na linha de sucessão ao trono de Aristo.

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