Run Away

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Anil passou o resto da festa evitando Pin Kasidit, mas não conseguiu esquecê-la. Ninguém jamais a olhara como Pin, com uma fome sexual crua que lhe despertara um anseio desesperado e a deixara com desejo de que a tivesse tomado nos braços e feito amor apaixonadamente com ela na mesa de banquete.

Constrangida demais com a fantasia, pedira a uma das criadas que a servisse. Depois se escondera atrás de uma coluna e a  observara dançar com diversas mulheres. Se não fosse pela sua mentira estúpida, poderia ter pedido a Anan que as apresentasse e talvez a outra dançasse com ela.

Mas não saberia o que dissera ela. Era tímida demais com pessoas e os poucos romances que vivera na universidade foram desastrosos. Angustiada com a sensação de completo fracasso, desejou que o baile terminasse logo para ficar sozinha na biblioteca com seus livros.

O rei partilhara sua fascinação pela história de Adamas e ela guardava como um tesouro as lembranças das noites que haviam passado juntos pesquisando seus ancestrais.

Nada era igual sem o pai, sentia uma falta desesperada do rei.

Cansada da festa, saiu para o terraço e inspirou o ar quente e pesado com o perfume de jasmim e madressilva.

O silêncio era uma bênção depois do barulho de vozes e música, mas essa paz não durou muito.

— Bem, bem, Anil Sawetwarit! Não percebi que era você. Vi uma mulher se afastar furtivamente do salão e presumi que viera se encontrar com um amante, mas, a menos que o gelo tenha derretido, isto não é provável, é?
— Kirk! Não vou mentir e dizer que estou contente por vê-lo, mas acredito piamente que você é capaz de espionar amantes.

Replicou Anil com desdém. Sentiu a familiar onda de repulsa ao olhar para Kirk Sarondakos, então lhe deu as costas na esperança de que entendesse a mensagem e a deixasse sozinha.

Mas Kirk era famoso por sua falta de sensibilidade.

A família Sarondakos era uma das mais importantes da aristocracia de Aristo e o pai de Kirk, Constantine, fora um grande amigo do falecido rei.

Aos 18 anos, Anil  era extremamente ingênua e jamais tivera um namorado. Com oencorajamento do pai, saíra com Vasilis, mas ficara profundamente traumatizada quando, bêbado, ele a atacara. Alegara que o corpo luxurioso de Anil era sexy e que ela o provocara.

Acreditara nele e, envergonhada, não contara à família o acontecido.

A lembrança do hálito com cheiro de álcool e das mãos úmidas lhe rasgando o vestido e apertando os seios ainda a perseguia e, dois anos antes, quando o pai sugerira que se casasse com o filho do grande amigo, ficara impressionado com sua recusa veemente.

— Então, ainda sem sinais de um marido no horizonte, Anil?

Provocou Vasilis, parando tão perto que ela ficou presa entre o corpo dele e a balaustrada baixa do terraço.

— Devia ter se casado comigo quando teve oportunidade.
— Prefiro tomar veneno.

Anil tentou se afastar e ficou mais tensa quando ele se debruçou e descansou as mãos nas laterais do corpo dela, prendendo-a. Não o temia ali, tão perto dos convidados e do irmão, mas detestava seu sorriso sem pudor e a maneira como a olhava, como se a despisse mentalmente.

— É assim? Talvez não deva ser tão apressada, minha pudica princesinha. Anan me disse outro dia que temia que você ficasse solteirona e solitária, com apenas seus livros por companhia.
— Não acredito que Anan tenha discutido meus assuntos particulares com você.
— Ele teria dificuldade, você não tem assuntos particulares.

Vasilis riu de novo, orgulhoso pela saída espirituosa.

— Aposto que ainda é virgem, não é? Muita gente acha que é lésbica e talvez seja por isto que Anan queira que se case. Com os boatos de que o diamante Stefani é falso e Anan adiando a coroação, há rumores de que seu primo Zakari, de Calista, poderá reivindicar o trono. O povo de Aristo já está inquieto e a família Sawetwarit não precisa de mais um escândalo.
— Não há escândalo! Anan é o rei legítimo e será coroado o mais breve possível. Zakari Al’Farisi é o rei de Calista, mas não tem direito ao trono de Aristo ou de ser o único governante das ilhas Adamas.

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