Wishes

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— Então é sorte minha ter deixado de acreditar em contos de fadas há muito tempo. Não tenho ilusões sobre o tipo de pessoa que você é, Pin, mas ainda estou curiosa para ouvir sua confissão.

A tensão desapareceu e Pin sorriu.

— Também não tinha permissão para vir à praia.
— Então, como sabia do caminho pelo portão do jardim?
— Minha mãe me contou quando eu era criança. Estava caminhando pelo jardim e de repente me lembrei e pensei em procurá-lo, sem saber se era verdade ou apenas um boato que ouvira quando vivia em Aristo.

Não havia motivo para não contar a Laphat que sua mãe tinha sido uma criada no palácio, pensou Pin.

Parecia irônico que tivesse se sentido atraída por uma criada e não por uma das convidadas sofisticadas do baile. Talvez tivesse um desejo secreto de voltar às suas raízes, pensou com ironia. Mas sua vida privada por tudo o que sabia, seria ameaçada se Laphat vendesse uma história de como a conhecera aos tablóides. MINHA SESSÃO DE SEXO NA AREIA COM A MAGNATA GREGA poderia ser uma das manchetes, mas a revelação de que Pinlanthita Kasidit era filha ilegítima de uma criada do palácio venderia ainda mais e se recusava a ter a reputação de sua mãe enlameada.

— Pensei que você fosse grega.
— Minha mãe nasceu e foi criada em Aristo, numa aldeia chamada Varna.

Anil conhecia cada pedaço de Aristo e se lembrava da pequena aldeia de pescadores. Havia algumas propriedades grandes nas colinas acima de Varna e talvez a família dela fosse proprietária de uma delas.

— E você visita a família dela com frequência?
— Não.

O queixo de Pin endureceu quando pensou nos parentes que jamais conhecera na família da mãe que a expulsara quando ficara grávida dela. Não havia mais nenhum vivo, de acordo com o investigador que contratara. Os avós morreram sem saber que tinham uma neta e levaram a identidade de seu pai ao túmulo.

A mãe de Pin se recusara com firmeza e lhe dizer o nome do homem que a engravidara e abandonara revelando apenas que era um pescador grego. Realista, aceitou que jamais saberia quem era seu pai, mas isto não a impediu de pensar em quem seria.

— Toda a família de minha mãe já morreu.

O tom advertia que não pretendia continuar a conversa.

Virou-se de costas de novo e de repente se sentiu exausta, as pálpebras pesadas.
Não dormiria, prometeu a si mesma.

Apenas fecharia os olhos por uns dois minutos. Anil ouviu o ressonar calmo de Pin e cuidadosamente se afastou.

Parecia curiosamente vulnerável no sono e ela ansiava por tirar o cacho de cabelos caído na testa dela.

Era tão bela, poderia olhá-la para sempre. Mas o que aconteceria quando acordasse?

O rosto queimou quando as imaginou se vestindo descuidadamente e voltando juntas para o palácio. Supunha que ela diria boa noite, talvez até a beijasse de novo?

Fora treinada para as regras da etiqueta, mas não conhecia as normas entre amantes. Pin pediria para vê-la novamente ou perguntaria o seu número de telefone? Em que momento lhe contaria que era a princesa Aninlaphat, irmã de seu melhor amigo e não uma garçonete chamada Laphat?

Não devia ter mentido para ela, pensou, desesperada. Mas, quando a conhecera e ela a confundira com uma criada, não tinha ideia de que seriam amantes antes que a noite acabasse.

A enormidade do que fizera a atingiu com a força de um terremoto e levou a mão à boca para sufocar um grito desesperado. Tinha que ir agora, antes que Pin acordasse.

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