Fearless

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Anil, elegante num conjunto de linho creme, repassou suas notas pela última vez. O salão de banquete do hotel estava cheio de convidados para o almoço em benefício do centro da juventude de irmão Thornaso e, no papel de presidente da fundação, estava prestes a fazer o discurso sobre os objetivos do centro e a necessidade de doações. Ao lado dela, Pin sorriu.

― Esta nervosa, ágape? Há centenas de pessoas aqui.
— Estou bem.

Sabia que quando chegasse ao palco e começasse a falar sobre o centro e as vidas das crianças que a instituição ajudava, ficaria calma.

― Tem certeza? Está um pouco ruborizada.

Murmurou Pin, os olhos brilhando maliciosamente enquanto a mão lhe subia pela coxa.

― Quer se comportar pelo menos até mais tarde, quando estivermos sozinhas? Você tem um apetite insaciável, Pinlanthita.
— Só por você, Anil mou.

A promessa sensual nos olhos dela causou a fraqueza familiar nas pernas de Anil. Mas tinha que fazer seu discurso e depois iriam ao hospital para fazer o seu primeiro ultrassom.
A organizadora do evento anunciou o nome de Anil.

— Deseje-me sorte.

Arquejou quando Pin se debruçou e lhe reclamou a boca num beijo lento e suave.

— Você não precisa de sorte, é uma oradora brilhante. Tenho muito orgulho de você, ágape.

Ela ruborizou e lhe deu um daqueles sorrisos gentis que faziam o coração de Pin se apertar. Quando subiu ao palco, ela se juntou aos convidados que a aplaudiam, sentindo um misto de orgulho e frustração, recentemente, ela parecia lhe dominar os pensamentos com exclusão de tudo mais e se sentia estranha por isto.

Desde o dia em que Anil fora ao centro pela primeira vez, um laço frágil se desenvolvera entre elas. Pin admitiu que as últimas semanas tinham sido... felizes. Diminuíra significativamente suas horas de trabalho para passar mais tempo com ela e estava surpresa e ligeiramente assombrada com o quanto apreciava a companhia da esposa.

Anil não era mais uma pessoa cautelosa e reservada e, desde que se tornara presidente da Larissa Petridis Foundation, sua confiança em si mesma crescera. Levava muito a sério seu trabalho e a imprensa a chamava de Princesa Protetora. Tornara-se uma celebridade em Atenas e até Pin se assombrava com sua transformação em uma princesa graciosa e bela.

Encorajava-a a falar sobre as questões que ainda a assombravam e, graças a ela, começava a aceitar seu passado e a ter esperanças no futuro.

Mas percebia que Anil escondia alguma coisa, especialmente quando faziam amor e isto a tornava relutante em baixar a guarda. A imprensa lhes esperava quando saíram do hotel.

Anil lidava com os jornalistas com uma dignidade tranquila, sorrindo e ficando parada com o braço de Pin em sua cintura enquanto os fotógrafos tiravam fotos. Anil estava satisfeita por terem conseguido despistar os paparazzi na chegada ao hospital.

O ultrassom era um assunto privado e não queria partilhar essa experiência com o resto do mundo. O obstetra, dr. Antoniadis, era considerado o melhor da Grécia e, depois de fazer alguns exames em Anil, perguntou que tipo de parto ela preferia.

— Se possível, sem dor.

Brincou, um pouco nervosa ao pensar no nascimento do bebê.

Pin estendeu a mão e tomou a dela.

— Estarei com você a cada minuto.

E, por algum motivo, a força da voz e sua mão presente, fez Anil ter vontade de chorar. Uma enfermeira surgiu e a levou para trocar a roupa e se preparar para o ultrassom. Deitou-a no leito especial e passou gel sobre o ventre.

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