Heartbeats

178 40 2
                                    

Às palavras dela, Anil sentiu a fisgada familiar de inveja e todas as suas inseguranças voltaram.

Não precisara que Kirk lhe dissesse que não era o tipo de Pin, sabia muito bem que não tinha o corpo de modelo como Nitta ou Kath Raywatt e não suportava a ideia de que ela comparava suas curvas generosas com o corpo tonificado e maravilhoso da amante americana. Pin tirara o paletó e a boca de Anil secou quando esta começou a desabotoar a camisa.

— Quero dormir sozinha esta noite.

Disse, ousada.

— Foi um longo dia e estou exausta.
— Neste caso, por que não dormiu na viagem? Seu fingimento infantil de que estava dormindo não me enganou nem por um segundo.

A nota de impaciência na voz dela despertou a raiva de Anil. Estava tudo bem para ela, tudo correra como queria. A sua vida fora virada do avesso, enquanto a dela pouco mudara.

— Você está certa, eu fingi que estava dormindo  para não ter que conversar com você. E só a ideia de ir para a cama com você me deixa doente.

O maxilar de Pin endureceu.

— Não foi esta a impressão que me deu quando a beijei na igreja. O que causou esta mudança tão súbita?

Anil ruborizou quando se lembrou da maneira como reagira a ela. Mas, então, não sabia que passara os dias anteriores ao casamento com a amante americana. A ideia de se despir diante dela e expor o corpo a fez se encolher.

— Qual é o problema, Anil?

Sentia-se frustrada por sua incapacidade de compreendê-la.

Anil hesitou.

— Durante a recepção, quando fui mudar a roupa, encontrei alguém, um amigo da família...

A voz desapareceu ao chamar o odioso Kirk Sarondakos de amigo.

— e soube de coisas sobre você, seu passado,  que cresceu na pobreza e teve problemas com a lei. Soube também dos rumores de que deve seu sucesso nos negócios a uma rica herdeira, Larissa Petridis, que deixou para você, em testamento, a empresa de comércio marítimo que herdara do pai porque você foi amante dela.
— Quem é este amigo? Pelo menos tenha a decência de dizer quem foi o indivíduo que teve tanto trabalho para me apunhalar pelas costas.
— Foi um amigo de Anan, Kirk Sarondakos.

Pin riu.

— Sarondakos não é amigo de seu irmão, Anan só o incluiu na lista de convidados por que o rei Apinan era muito amigo do pai dele.
— Os boatos são verdadeiros?
— Os detalhes do meu passado não são segredo. Cresci nos cortiços, em condições que você nem pode imaginar. Como poderia, uma princesa que passou a vida inteira num palácio real, cercada de luxo e riqueza? Minha mãe trabalhou incansavelmente para me vestir e me alimentar, mas era jovem e sem instrução, obrigada a lutar sozinha depois que o homem que a seduziu, meu pai abandonou minha mãe e a família a expulsou quando descobriu que estava grávida.

O rosto de Pin enrijeceu.

— Você não sabe o que é ter fome, andar pelas ruas como um cão sem dono, atrás de comida para sobreviver. Não tenho vergonha do meu passado e a fome alimentou minha determinação de criar uma vida melhor para mim e minha mãe. Mas é verdade que, no fim da adolescência, fui atraída pelas gangues de rua e, se não fosse por Larissa Petridis, poderia estar na prisão agora, em vez de ser a presidente de uma empresa bilionária.

Anil olhou para Pin com uma expressão atribulada.

— Então você seduziu uma mulher mais velha e se tornou amante dela na esperança de herdar sua empresa?
— Meu relacionamento com Larissa não está aberto a discussões.

My Alchemy Onde histórias criam vida. Descubra agora