Last Call

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Anil olhou para Pin, atordoada pela tristeza que via nos olhos dela. Parecia devastada pela notícia de que estava esperando um filho dela. O queixo estava rijo, a pele tão esticada sobre os malares que parecia que suas feições tinham sido talhadas em mármore frio, duro e totalmente impiedoso.

A ideia de ser màe definitivamente não lhe agradava, pensou  amargamente.

A pequena chama de esperança que existia em seu inconsciente se apagou e apenas o orgulho tornou sua voz forte.

— Não fique tão preocupada, Pin, não quero nada de você. Este problema é meu e lidarei com ele, não precisa se envolver.

Alguma coisa brilhou nos olhos dela, uma emoção que Anil não identificou mas que lhe tornou as pernas bambas, deixou-se cair no sofá.

— Lidar com ele? Você está falando de uma vida humana, de que maneira está pensando em lidar com isto?
— Quero dizer que cuidarei do bebê de todas as maneiras, inclusive a financeira. O que acha que eu quis dizer?

Os olhos se arregalaram à implicação dessas palavras.

— Você não pode pensar...

Respirou, trêmula, e, quando falou, a voz era firme.

― Vou ter este bebê e, no que me diz respeito, não há outra alternativa que consideraria. Mas, como já disse, você não precisa se envolver, Pin.

Pin sentiu a enorme tensão diminuir. Ela parecia convincente, mas Laphat, ou Aninlaphat, como agora a conhecia, era uma excelente atriz, já era experiente nisso.

— Mas estou envolvida.

Disse implacável, os olhos presos aos dela.

— Você está grávida de um filho meu e tenho uma responsabilidade em relação a vocês dois, que pretendo honrar plenamente.

Pensou novamente em como ela a enganara e sentiu outra onda de raiva.

— Quando pretendia me contar, ou nem se importaria?
— Não soube o que fazer nestas últimas semanas.
— Enquanto estava tentando decidir, eu fazia o possível para encontrá-la. Fiz uma investigação no palácio e me disseram que não havia nenhuma criada aqui chamada Laphat. Então entrei em contato com todas as empresas de fornecimento de jantares em Aristo. Não se surpreenderá ao saber que ninguém ouviu falar sobre você. Então, me diga, Laphat, você sempre se disfarça de criada, ou tentou deliberadamente me fazer de idiota?
— Eu não...

Anil mordeu os lábios quando viu a raiva nos olhos dela.

— Você tem todo o direito de ficar zangada.
— Bem, é bom saber.

A voz era cheia de sarcasmo.

— porque estou furiosa. Já estava arrependida... já estava arrependida, Vossa Alteza. Inferno!

Passou uma das mãos pelos cabelos.

— Nem mesmo sei seu nome, Laphat ou Aninlaphat.
— É Anil, o apelido que meu pai me deu quando era pequena.

Arriscou um olhar de relance para ela e seu estômago deu um nó.

Era ainda mais bonita do que se lembrava, num terno cinza e camisa azul. Parecia distante e inacessível, em cada centímetro, a magnata sofisticada e educada.

— Não a enganei intencionalmente. Você me confundiu com uma criada e achei mais fácil continuar assim. E sei que não teria acreditado em mim se tivesse revelado quem sou. Todos no baile me comparavam desfavoravelmente com minha irmã Nitta e tinham razão: eu não parecia uma princesa glamorosa, aparentava ser uma garçonete mal vestida, como você me confundiu. Quando nos encontramos na praia, fiquei impressionada quando me achou atraente. Você me fez me sentir linda, embora não seja, e quis continuar a ser a sexy Laphat, não a feia Anil.
— E, tendo me convencido de que era a garçonete Laphat, decidiu que era uma boa oportunidade para perder a virgindade com uma mulher experiente e não com uma criança
desajeitada?

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