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DULCE MARIA SAVIÑON
Dias Atuais
Assim que um saco de ervilhas é jogado na poltrona ao meu lado, reviro meus olhos para Will.
– Dá pra parar? – reclamo, mas deixo que era meu queixo para avaliar mais uma vez o estrago que a mão de Samuel deixou em meu rosto.
– Isso tá feio pra caralho.
– Valeu, Will – debocho, empurrando seu toque para longe, antes de voltar a preencher os relatórios da missão.
Estou torcendo para que o tempo de voo até Boston passe mais rápido se eu me concentrar em escrever tudo isso, mas fica difícil pra caramba se concentrar em alguma coisa quando o saco de ervilhas é pressionado contra o meu rosto, bem acima do ponto dolorido.
– Wilson! – esbravejo e golpeio seu abdômen duro, tentando afastá-lo, mas a falta de força que uso para não machuca-lo impede que haja algum efeito.
Irritante pra cacete.
– Jay, dá pra botar uma coleira nele? – peço, olhando para Josh que continua focado no próprio relatório sobre a operação de extração.
– Se ela resolver te bater, eu não vou entrar no meio – avisa sem nem mesmo levantar os olhos.
Por um tempo, fiquei sem entender como duas pessoas tão diferentes poderiam ser parceiros, mas, hoje em dia, vejo que faz sentido. Se Joshua Gonzales não tivesse calma de um monge, Wilson Michaels com certeza já estaria morto.
– Olha, por mais que você seja perigosa e tal, Saviñon, eu tô mais preocupado com o que o Christopher vai fazer assim que ver seu queixo desse jeito.
– Acha que enfrentar Luís é mais perigoso do que continuar me irritando? – Ergo a sobrancelha e ele ri.
– Com certeza. Quando o assunto é você e sua segurança, nada é mais perigoso do que ele.
Sem qualquer tipo de argumento contrário, suspiro e substituo sua mão, apoiando o saco congelado contra o hematoma, me livrando de Will e sua alta capacidade de ser irritante, porque assim que se dá por vencido, volta a se sentar próximo a Josh.
Quase dois meses.
Cinquenta e oito dias para ser mais precisa.
Esse é o tempo que tenho estado longe de Christopher. Esse é o tempo que sinto que estou sem respirar.
A fim de seguir o protocolo da Companhia, que diz que os agentes em missão devem cortar comunicações com a sede de origem, no dia em que decolei para Paris, deixei meu celular em Boston, juntamente com os meus documentos e, bom, ele.
É a primeira vez que sou mandada para uma missão sem Christopher, e mesmo que não tenha sido nada complicado demais, sei que seria mais fácil se ele estivesse aqui comigo. Mas quando Carl precisou passar por uma cirurgia de urgência, Luís foi a única escolha para assumir a diretoria da sede, já que era o único agente supervisor disponível.
Então, enquanto ele assumia o papel de diretor interino da sede de Boston, eu embarquei junto com Wilson e Joshua para Paris.
De maneira sucinta, para que uma pessoa faça parte da Companhia, ela precisa ser um agente. Logo, qualquer um dos funcionários recebe esse título, entretanto nem todos cumprem a mesma função.
Por exemplo, Collin, o piloto da aeronave em que estamos, é um agente auxiliar, porque o trabalho que ele presta auxilia missões. É o mesmo com Sebastian, o comissário.
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Amnésia
RomanceDizem que o amor é tranquilo e sereno, mas o que sinto por Maria é o oposto. Existem amores suaves, mas o nosso jamais foi assim. Conheci Dulce Maria há oito anos, e desde o início, tudo foi caos. O caos mais envolvente que já vivi, ao lado dessa m...