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DULCE MARIA SAVIÑON

Dias atuais

Ter Christopher em minha vida é algo constante desde o dia em que nos conhecemos, afinal, em menos de uma semana, morávamos sob o mesmo teto.

Nunca imaginei que algum dia fosse ficar longe do homem que me salvou quando eu nem mesmo entendia que precisava ser salva, a pessoa que me deu algo com o que sonhar, o cara que sempre esteve ao meu lado, me apoiando e protegendo minhas costas.

Definitivamente, imaginar minha vida sem Christopher é algo que nunca chegou a passar por minha mente.

Mas, exceto pelos dias em que me escondi em minha mente para fugir da tortura, nunca pensei que minha vida fosse se tornar... bom, isso.

Faz alguns meses desde que tudo aconteceu e, nesses meses, muita coisa mudou.

A começar: somos um casal. Oficialmente, um casal. Um pouco disfuncional, é claro, afinal, não são todos os casais que lutam, se perseguem e se provocam com ameaças como nós dois fazemos, mas ainda assim, somos um casal.

Nas ruas, andamos de mãos dadas, vamos a encontros, moramos em um único apartamento e transamos como loucos, mesmo que isso sempre tenha sido constante.

O ciúme e a possessividade, mesmo que agora sejamos eternamente exclusivos, continua. Inclusive, uma das primeiras coisas que eu vi assim que fui liberada a voltar pra sede, foi Christopher apoiando a mão sobre a Glock, olhando para Collin e dizendo em um tom ameaçadoramente calmo:

– Uma olhada na direção dela, e garanto que minha mulher vai ser a última coisa que verá antes que eu te mate.

É, como eu disse, um pouco disfuncional.

A segunda coisa que se tornou diferente foi nossa decisão de deixarmos a Companhia, o que acarretou a um fato histórico: Dominic apareceu.

Nossa decisão de abandonar a agência veio depois que refletimos sobre como seria criar uma criança enquanto nos colocamos em risco da forma como fazíamos. Eu nunca tive pais e Christopher sentiu a dor de perder os dele. Não faríamos isso com nosso bebê, mesmo que ainda não houvesse a possibilidade de termos um, considerando que meu coração não estava forte o suficiente para que eu passasse por uma cirurgia de reversão de laqueadura.

– Não vai sentir falta da adrenalina do campo? – questionei, montada sobre a moto enquanto mantinha o capacete apoiado sobre o tanque e o olhava, encarando-o na mesma posição que a minha.

– Gosto da adrenalina do campo, Maria, mas prefiro nunca mais sentir medo de perder você.

Entendia o que ele queria dizer e foi assim que após corrermos de volta para o nosso apartamento, que eu disse ao tirar meu capacete:

– Acho que devemos sair da agência.

Comunicamos nossa decisão a Carl e, no final da tarde do mesmo dia, enquanto nós dois estávamos no estande de tiro, Zade e Bruce invadiram o espaço, pedindo a todos os agentes operacionais que se retirassem, sem dar quaisquer explicações, apenas acenando na nossa direção.

Segundos depois, Carl e Link entraram, acompanhados de um homem baixo, de cabelos grisalhos e olhos frios.

– Finalmente, estou conhecendo as lendas... – disse e a voz pareceu ainda mais gelada do que a maneira como nos olhava. – Dulce Maria Saviñon e Christopher Luís Von Uckermann.

– E você é? – Luís questionou, espelhando a tensão que sentia vir de mim.

– Dominic Walker.

AmnésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora