Todos os olhos em mim | Dark

2. Elas

*CUIDADO, CENAS DE VIOLÊNCIA E ABUSO!*

A casa dos Winters era repleta de segredos, costumes antigos passados de geração em geração e cômodos reformados, e com isso, atualizados de tempos em tempos. Cada um com seus fetiches e gostos diferentes, se deleitavam escondidos do mundo como bem entendiam, embaixo de todos, embaixo da máscara que o dinheiro e uma reputação notória construíram.

Sob a enorme casa, existia uma construção, como um cativeiro mais requintado, assim por dizer. Até então dividida entre Elizabeth e James, antes dos pais de Eliz, seus avós, bisavós... agora seus. Igualmente divididas, um não tinha acesso ao conteúdo do outro. Os guardas, presentes há gerações na família, mantinham o lugar seguro.

Em um porão muito bem escondido, as duas grandes portas vermelhas anunciavam a entrada do lugar preferido do casal, atrás de uma porta discreta e comum da casa. Do lado de Eliz, o primeiro cômodo era o refeitório com paredes brancas, nele havia mesas coloridas no centro, na lateral uma espécie de cozinha, mas sem coisas perigosas. Pratos, copos e talheres de plásticos também coloridos arrumados em prateleiras não muito altas, uma pia e uma bancada.

Logo depois, uma bifurcação com mais quatro portas. Do lado direito, na porta rosa-claro, havia uma sala de recreação, jogos, livros, material para desenho... Ambas as suas presas tinham suas individualidades em seus quartos, mas a sala era importante para socializarem. As mesas também eram coloridas, o marrom escuro das estantes de madeira que revestiam as paredes deixava o lugar mais aconchegante, junto aos milhares de almofadas pelo chão de carpete. Mas isso tudo só para quem a obedecia e era uma boa menina.

Na parede da frente de quem entra no lugar, havia mais duas portas, uma azul e outra verde. A azul dava para um lugar que se exercitavam, algumas eram bailarinas, era importante terem o lugar para ensaiarem e manterem a forma como Eliz gosta. De qualquer modo, todas tinham que fazer ao menos uma hora de alguma atividade física.

A porta verde, dava para uma espécie de cinema improvisado, havia uma TV e uma tela branca para a projeção, não era muito grande, o pai de Eliz havia ganhado uma máquina teste em um de seus trabalhos, então resolveu deixá-la ali, pois funcionava bem. Mas esse lugar era restrito, só entravam com autorização.

Do lado esquerdo, na porta laranja, ficavam as celas. Eliz, lá embaixo, chamava apenas de quartos, com o tempo era decorado conforme a personalidade da menina que o ocupava. No corredor, havia cinco quartos de cada lado, lá dentro todos eram compostos de uma cama de casal, escrivaninha com uma cadeira, armário, que ficava sempre trancado e um banheiro, sem portas. A depender do gosto de cada menina, podia haver objetos que gostavam e Eliz admirava.

No final do corredor, uma grande porta escura dava para uma espécie de quarto do sexo, ou masmorra, como apelidou. Onde os seus mais sombrios desejos eram realizados, no fim, punições também. Lá também ficavam expostos utensílios encomendados sob medida, herdados ou presentes de amigos que compartilhavam os mesmos gostos, que mais pareciam objetos de tortura, na verdade.

Mas antes de uma garota chegar lá embaixo, ela era levada para um cômodo na parte de cima da casa. Igualmente escondido, mas um pouco antes das portas vermelhas. Lá, era bem escuro, havia ganchos no teto e chicotes expostos. Lá, as suas presas passavam dias, sem roupas e sem a menor piedade ou dignidade, eram apresentadas as regras de seu futuro, quanto mais cedo aceitassem, mais cedo desciam, caso contrário, sofriam amargamente até Eliz desistir.

...

Elizabeth caminhava pelo corredor olhando para as três portas dos quartos de suas três meninas, por enquanto ao menos. Quem irá querer hoje? Tem orgulho de ter seres tão diferentes, gosta muito disso, é como um álbum, ninguém quer uma figura repetida.