A Ana atravessou o corredor correndo, dando tudo de si, as lágrimas desciam pelo rosto e o coração doía dentro do peito. Passou pelo refeitório e na porta, fazendo a guarda, encontrou três homens.
— Dona Elizabeth já está desocupada?
Um deles perguntou e ela gelou, seu corpo inteiro tremia.
— Nã-não, foi ficar co-com a Helena, di-disse que não quer... quer ser atrapalhada.
Quase não saiu nada de sua boca.
— Mas agora? Conseguiram pegar o sujeito, o tal namorado da menina.
— Ela deve querer saber disso.
Os homens desconfiavam, mas a mulher confia muito nela, sabem que é melhor esperar pela mulher.
— Daqui a uma hora vão à procura dela.
Franziram o rosto.
— Está tudo bem, Ana?
Suava frio, tremia, o ar faltava.
— Sim, cla-claro... tudo certo. Tenho que ir, licença.
Saiu andando.
— Ela está no quarto da Helena?
Perguntaram vendo ela sair.
— É...
Disse já distante. Logo mais, correu como se sua vida dependesse disso, infelizmente dependia, sim. Pela copa, saiu da grande casa para entrar nos cômodos dos fundos onde os serviçais moravam. Entrou em seu quarto, e Margarida já se preparava para se deitar.
— O que foi mãe? Está tudo bem?
Perguntou, preocupada, a mãe estava ofegante.
— Faça suas malas, precisamos ir!
Não entendia aquilo, não tinham para onde ir, não tinham como sair dali.
— Para onde? E por quê, mãe?!
Ana já perdia sua paciência, Margarida ainda não tinham nem se movido.
— Não dá tempo de explicar! Faça a malas, pegue só necessário, vamos!
Disse firmemente.
— Está me assustando, mãe...
— Vai, minha filha! Se mova!
— Tá-tá...
A menina se levantou rápido, pôs o pouco que tinha em uma mala de mão que a mãe entregou a ela. Ana fez o mesmo, junto ao pequeno bolo de dinheiro que juntou durante anos pegando escondido trocados deixados pelo casal pela casa.
— Vamos!
— Mãe, para onde?! Eu não estou entendendo!
Estava tudo tão estranho.
— Qualquer lugar longe daqui!
A menina tinha uma angústia no peito, mas deixou ser puxada pela mãe, andavam rápido demais, ela estava estranha demais. Passando pelo jardim e contornando todo o lugar para não serem pegas, chegaram a uma parte onde o muro era mais baixo, poucos tinham acesso àquele lugar, mas como hoje os seguranças estavam preocupados com outro assunto, estava mais fácil.
— Vamos ter que pular.
Margarida não podia acreditar, ainda era alto, e não sabem o que tem do outro lado.
— Mãe, não tem como!
Ainda era maior que os dois.
— Fale baixo, menina. Tem, sim, vamos jogar as malas primeiro, você vai e depois eu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todos os olhos em mim | Dark
ChickLitDARK!!! 18+ Na década de 60, os Winters, um prestigiado casal, dominam o mundo artístico, ajudando jovens talentos a ingressarem nesse mundo com um preço alto a se pagar por seus sonhos. Há séculos, a família esconde segredos sombrios sob a enorme m...