cap 10| socorro?

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O evento estava finalmente chegando ao fim. As luzes no salão começaram a diminuir de intensidade, sinalizando que as últimas conversas estavam acontecendo e que as pessoas começavam a se preparar para partir. O ar, antes cheio de risadas e vozes, agora estava mais calmo, com um leve toque de cansaço se espalhando pelas mesas.

Terry e eu estávamos sentados perto da saída quando ele se inclinou para falar comigo. Seu tom de voz era baixo e controlado, como sempre, mas havia uma leve urgência em suas palavras.

— Espere no carro — ele disse, olhando rapidamente para o grupo de homens que estava reunido próximo à entrada. — Preciso resolver algo com eles. Prometo que não vou demorar.

Assenti, ainda um pouco atordoada com a intensidade daquela noite. O caminho até o carro foi curto, mas a caminhada ao lado dele foi estranha, como se um fio invisível me prendesse ali, sem querer que ele se afastasse.

Quando chegamos ao estacionamento, Terry abriu a porta para mim.

— Entre e fique aqui. Eu volto logo.

Entrei no carro, me sentando no banco de couro macio, observando enquanto ele fechava a porta e caminhava de volta para o prédio. Por um momento, me permiti relaxar. O peso da noite parecia me atingir de uma só vez, e soltei um suspiro longo, tentando processar tudo o que havia acontecido até então.

A tensão entre Terry e eu, o jeito como ele havia me protegido, e até mesmo a maneira possessiva com que ele lidou com o homem que tentou se aproximar de mim. Tudo estava misturado, e eu não sabia ao certo como me sentir. Parte de mim se sentia segura, quase lisonjeada, por ele se importar tanto, mas outra parte estava nervosa, confusa. O que tudo aquilo significava?

Olhei pelo para-brisa e vi Terry de longe, gesticulando enquanto falava com os homens. Ele parecia sério, focado, e por mais que eu tentasse, não conseguia evitar a sensação de que havia algo mais acontecendo. Algo que ele não queria me contar.

Me mexi no banco, tentando encontrar uma posição confortável, mas minha mente estava inquieta. Minhas mãos, por reflexo, começaram a brincar com a barra do meu vestido enquanto eu olhava o relógio. Ele não devia demorar, certo?

O carro estava silencioso, e o som abafado do vento do lado de fora só aumentava a minha sensação de isolamento. Sentada ali sozinha, a ideia de estar sozinha no carro, à mercê dos meus pensamentos e inseguranças, começou a pesar.

Minutos se passaram, e a ansiedade começou a crescer. Eu não queria ser irracional, mas aquele silêncio, a escuridão do estacionamento, a sensação de que algo estava para acontecer... Tudo parecia amplificado. O vento sacudiu levemente as folhas das árvores próximas, criando sombras que dançavam ao redor do carro. Meus olhos se fixaram no vidro do retrovisor, e por um breve momento, senti um arrepio percorrer minha espinha.

O que estava demorando tanto?

O carro ainda estava parado no mesmo lugar, mas o tempo parecia estar se arrastando de forma estranha. Olhei de novo para o prédio, esperando ver Terry voltar a qualquer momento, mas não havia sinal dele. O grupo de homens continuava lá, e ele ainda estava falando com eles, mas algo me dizia que ele não estava tão focado quanto aparentava. Talvez fosse apenas paranoia, ou talvez fosse a maneira como meu coração batia rápido cada vez que ele olhava em minha direção.

Eu sabia que era irracional, mas estar ali sozinha, enquanto ele estava longe, me fazia sentir... vulnerável.

De repente, ouvi um som. Uma batida suave na janela. Virei a cabeça rápido demais, meu coração disparando, e vi uma figura do lado de fora. O reflexo no vidro distorcia o rosto, mas eu conseguia perceber que era um homem, e ele estava muito próximo.

— Ei, você está bem? — A voz veio baixa, abafada pela janela fechada.

Minha primeira reação foi recuar, meu corpo encolhendo instintivamente no assento. Meus olhos se arregalaram ao tentar identificar quem era, mas a luz fraca do estacionamento não ajudava muito.

— Você não deveria estar sozinha aqui — ele continuou, com um tom de voz que parecia amigável demais para a situação. — Esse não é o tipo de lugar seguro para uma garota.

Aquelas palavras me deixaram ainda mais desconfortável. Meu primeiro instinto foi olhar para o prédio novamente, procurando por Terry. Ele ainda estava lá dentro, alheio ao que estava acontecendo do lado de fora.

— Você está esperando alguém? — O homem insistiu, agora se inclinando um pouco mais para tentar ver melhor dentro do carro.

Eu não sabia o que fazer. Minha mente estava correndo com possíveis respostas, mas nenhuma parecia boa o suficiente. Minha garganta estava seca, e, por um momento, pensei em ligar para Terry, mas não queria parecer desesperada. Ele já tinha resolvido uma situação complicada antes, e eu sabia que ele não ficaria feliz se soubesse que outro homem estava se aproximando de mim.

— Eu estou bem — falei, minha voz um pouco trêmula, mas tentando soar firme. — Já vão voltar para me buscar.

O homem sorriu, mas não era um sorriso que me trazia alívio. Ele deu de ombros, como se não acreditasse na minha resposta.

— Claro, claro... Só estou tentando ajudar.

Eu queria que ele fosse embora. Queria que Terry aparecesse logo e encerrasse aquela situação.

Aluna e professor. (Terry Silver e sn)Onde histórias criam vida. Descubra agora